Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 2 anos — Atualizado em: 7/2/2022, 10:12:21 PM
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Disfarces arteiros. José Dirceu, mestre na camuflagem, desde cedo considerado bom político, está de volta; veio para ficar, influir de novo. De momento, atua nas sombras. Até quando permanecerá furtivo, esquivo na bruma Daniel, Pedro Caroço, Carlos Henrique Gouveia de Melo? Ninguém sabe. Primeira incursão da retomada, é dos articuladores da campanha lulista. Na esteira do estilo submerso, seu nome e foto não saem nos encontros de preparação da candidatura petista. Foi sincero com Fábio Zanini da Folha: “Se eu aparecer, atrapalho”. Surpreendeu, soou para alguns na esquerda mais que sinceridade, teve ares de sincericídio.
Se aparecer, atrapalha, vale para quase todo mundo na arremetida petista. Só Dirceu falou, mas o problema é generalizado. Atinge pessoas, intenções, promessas. O que vem sendo encoberto? Parte do que será executado (e já está combinado) nos quatro (talvez oito) anos, caso Lula vença em outubro. E chefões petistas que irão mandar nos próximos anos. Não é difícil conjeturar o futuro, basta olhar para trás e para os personagens em cena. E conjeturas objetivas não permitem ilusões. Medidas de esquerda radicalizada já estão combinadas na política externa (alinhamentos com China, Venezuela, Cuba, Nicarágua, Rússia, distanciamento dos Estados Unidos) e, na interna, por exemplo, INCRA, sempre entregue às alas de programa mais revolucionário do PT. Desta vez, não será diferente, o MST voltará triunfante, agitando, intranquilizando e torrando dinheiro público sem escrúpulos. Outras providências virão na mesa trilha, como escolha de extremistas para comandos na área educacional, indicação de ministros dos tribunais superiores. O conjunto configuraria quadro tétrico.
Economia e camuflagem. Analistas políticos observam, nesta eleição a economia assoma como tema principal: inflação, desemprego, preço do diesel, da gasolina, do gás de cozinha, dos alimentos de primeira necessidade, como feijão, arroz, carne, açúcar, tomate, cenoura, mamão. Parecem objetivos. “It’s the economy, stupid”, recordando James Carville. Contudo, permito-me notar, reflexão fundamental ficou de fora. A eleição pende igualmente do êxito do despiste.
Muita luz atrapalha. Postos à luz do dia, revelados programas, desígnios, medidas já combinadas, a rejeição pulará de patamar, cairá intenção de votos. Tudo está sendo para não aumentar o já inchado índice de rejeição. “Veritas vos liberabit” (Jo 8, 32) tem no caso aplicação oportuna. Alteia-se aqui, sob vários aspectos, ponto ápice do embate eleitoral. Camuflar versus revelar. Tirar o véu, desvelar, é a mais decisiva providência; não custa recordar, a mais ligada ao índice de rejeição.
Retrocesso totalitário. Se a camuflagem vencer, além do que está acima, as estatais, de novo inchadas eaparelhadas, serão outra vez saqueadas e entregues a sobas de partidos ávidos de poder e dinheiro. Festejarão os apparatchiki, festejarão dezenas de milhares de chefetes incompetentes e despóticos de alto a baixo da máquina pública, de norte a sul. Imperícia, roubalheira, obscurantismo. Sofrerá o Brasil deteriorado, sofrerão investimento, emprego e renda, sofrerão os pobres. De forma particular, estarão esfrangalhados interesses fundamentais da aliança ocidental. Minguarão as luzes das liberdades naturais, direitos populares serão aniquilados, nos distanciaremos de avanços civilizatórios, afundaremos em retrocessos totalitários. É o rumo, basta ver os modelos que atraem os olhares fascinados dos mais relevantes tubixabas petistas: Cuba, Venezuela, China, Rússia.
Todos prejudicam? Em termos, alguns ajudam. Se aparecerem, ajudam. Lula perdeu, quando não teve camuflagem forte (1989, 1994, 1998). Ganhou, quando as utilizou (as principais foram José Alencar em 2002 e 2006; Michel Temer em 2010 e 2014, com Dilma, a mais da “Carta ao povo brasileiro”). Sobre tal manobra, comentou o ex-senador Pedro Simon: “O seu nome [de José Alencar] colocado como vice deu um significado especial. As interrogações, as dúvidas com relação a Lula, desapareceram”. Hoje, cabe em especial a Geraldo Alckmin o papel de José Alencar, dissipando interrogações e dúvidas. Em curto, impedir que o vendaval das desconfianças derrube o arcabouço petista, de fato aterrador, montado para jugular o Brasil. Conseguirá? É cedo para dizer, depende de muitos fatores.
O receio da rejeição. De outro modo, rejeição alta impossibilita vitória. Aconteceu recentemente sintoma revelador, sobre ele direi rápidas palavras. Podem apostar, situações parecidas pipocarão daqui a pouco Brasil afora, por meios vários. Alexandre Kalil é pré-candidato a governador de Minas Gerais, chances boas (até agora) de levar. Político de raiz popular, o antigo burgomestre de Belo Horizonte fez sua carreira com base em eficiência, preocupação com medidas sociais, estadeando autoridade, senso prático, franqueza e desembaraço. Pouca ou nenhuma carga ideológica, ou seja, já que não despertava temores, em princípio teria potencial vasto para ampliar eleitorado. Não despertava temores, ponto essencial para crescer eleitoralmente.
Água na fervura. De repente, despertou receios. E ele receou a aversão. Agiu rápido. Logo depois do acordo PSD-PT que entregou a vice da chapa de Kalil para o PT e afiançou o apoio irrestrito a Lula na disputa nacional, o ex-alcaide terá visto cumulonimbus no horizonte político. Rápido, abriu guarda-chuvão em apressada entrevista ao jornal “O Globo”, amplamente divulgada, para ele oportuno e necessário fogo de barragem. Com efeito, com o acordo PSD-PT, Alexandre Kalil pela força dos fatos se tornou favorecedor da volta do petismo ao poder nacional. Avaliza e propaga Lula no segundo colégio eleitoral do Brasil. Hoje, companheiro de viagem camufla, oculta sua condição deprimente. Sabe bem se ela ficar clara, atrapalha. Contudo, a lógica comezinha comanda a conclusão, virou um dos grandes promotores do retrocesso petista. A mencionada entrevista a “O Globo” é toda orientada pelo saliente desejo de impedir o aumento da rejeição — rejeição alta é derrota certa, ele sabe bem. Se conseguirá dissolver a desconfiança, são outros quinhentos.
Favorecedor da ideologia e programa petistas. A primeira constatação, a recente posição de Kalil favorece ideologia e programa petistas, pois sua aliança facilita a tomada de poder por partido alentado por seita totalitária e coletivista, geradora de exclusão, atraso e pobreza em todos os lugares onde pôde aplicar suas teorias. Compreensivelmente, é o que o experiente político em primeiro lugar procura negar. Esbofeteando a evidência, tenta tirar o estigma da testa. Não quer se associar a disputas ideológicas, precata inutilmente — já está associado, brota necessariamente do cambalacho pactuado. A coisa é lisa, promete Kalil com argumentação tremelicante: “Na vida a gente tem que ter coerência. Eu tenho uma forma de pensar, o Ciro tem a mesma e o Lula também tem. É o lado que pensa e que cuida de gente”. Alexandre Kalil cavalga na argumentação. Em relambório espantoso, procura desesperadamente empilhar razões (desenxabidas e chochas), tentando descolar de si o ferrete, agora inevitável de linha auxiliar do PT: “Eles estão um pouco assustados que o cara que veio da iniciativa privada. Tentam tachar de foice, martelo, comunismo. Esse não é meu papo. Meu papo é cuidar de gente”.
Pobre é prejudicado com menos investimento, emprego e renda. O governo petista afugentará investidores; daí, em cascata, menos progresso, menos emprego, menos renda, menos impostos. Prossegue Kalil igualmente nevoento e xacoco, foi o máximo que encontrou para tentar limpar da face os respingos do contubérnio conspurcador: “Eu tive oportunidade, não sou pobre, não ando de ônibus. Tenho caneta, relógio de ouro, tudo isso. Mas no governo eu cuidei de pobre. Quem cuida de pobre é poderoso e rico. Porque não adianta, o pobre nunca vai poder cuidar do pobre, porque não aguenta nem cuidar de si”. Como qualquer um sabe, um gestor, quando no governo, rico ou pobre, pode agir a favor ou contra os interesses dos pobres, não aplica dinheiro seu. À vera, parece desespero de quem foi pego com a boca na botija; procura livrar-se do malfeito de qualquer jeito.
Clareza, a solução. A propaganda eleitoral petista, e de seus aliados de ocasião, via de regra companheiros de viagem, só terá êxito quando ambígua e esquiva. Com camuflagem. Se aparecer clara, atrapalha, avisou José Dirceu. A luz do sol é o melhor antisséptico, alhures e aqui. O Brasil reclama e merece clareza.
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