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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Sim, eles querem o chavismo!

Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca

6 minhá 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:29:57 PM


Valter Pomar Valter Pomar, secretário de assuntos internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT)
Valter Pomar, secretário de assuntos internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT).

A dualidade Lula X Chávez perpassou a política latino-americana nos últimos anos e foi, a meu ver, um dos “mitos” mais difundidos e, ao mesmo tempo, mais perniciosos para a avaliação política da região.

Muitos analistas, especialistas, etc. repetiram à saciedade que, na esquerda latino-americana, Luiz Inácio Lula da Silva representava o modelo do esquerdista convertido à economia de mercado, o democrata que renunciara a aspirações populistas ou totalitárias, respeitador do Estado de Direito; em contraposição a Chávez, símbolo de uma esquerda revolucionária, desrespeitadora das instituições e violadora das regras mais elementares da democracia representativa. Ainda de acordo com essa “mitologia”, Lula seria o homem que conteria os arroubos do caudilho venezuelano.

Sinceramente, nunca aceitei essa dicotomia. Escrevi textos que a desmascaravam, baseado sempre em fatos, e em inúmeras rodas de conversa insistia na falácia que a mesma continha.

Estilos diferentes; metas idênticas
Reconheço que Lula e Chávez têm estilos diferentes de fazer política. Antes de tudo pelo temperamento pessoal. A psicologia própria do público e circunstâncias inerentes à realidade política, social e cultural de cada país também condicionaram o lulismo e o chavismo. Mas estou convencido de que o lulo-petismo (ontem com Lula, hoje com Dilma) e o chavismo são duas etapas de um mesmo processo revolucionário, socialista e autoritário.

Os fatos falam por si: o papel “moderador” de Lula sobre Hugo Chávez em muito pouco se fez sentir, pois o caudilho prosseguiu seu rumo político tranqüilamente. Mais ainda, Lula tornou-se o verdadeiro fiador do radicalismo de Hugo Chávez, já que em todos os momentos de inconformidade interna com os rumos políticos na Venezuela, ou de pressões externas sobre os abusos e desmandos perpetrados pelo líder venezuelano, o Presidente Lula saiu invariavelmente em seu auxílio. Afinal não foi Lula quem proclamou que nenhum regime era mais democrático do que o chavista?

Notas “chavistas” de Lula
Na verdade, a política externa do governo Lula passou a servir os interesses geo-políticos do “chavismo”. Basta mencionar a triste aventura diplomática em Honduras ou a humilhação sofrida na Bolívia, com a invasão das instalações da Petrobras por militares do país, sob a inspiração de Hugo Chávez.

No campo interno, Lula tentou por diversas vezes violar as regras do regime democrático. Instigou movimentos sociais a desrespeitarem a lei e a propriedade e lhes deu abrigo no governo; procurou censurar a imprensa, com o “controle social da mídia”; flertou com a ideia de um terceiro mandato; promoveu o aparelhamento do Estado pelo PT; tornou a corrupção sistémica, como bem está assinalado no processo do Mensalão, para “garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores”. E com a tentativa de instaurar no País o PNDH-3, o lulo-petismo pretendeu subverter a organização do Estado e a autonomia de suas instituições, consagradas na Constituição, bem como impor uma “religião” laica, diametralmente oposta aos valores cristãos de nosso povo.

Estranho fascínio entre “conservadores”
Entre os que se deliciam em alimentar este “mito” da dualidade Lula X Chávez encontram-se estranhamente certos políticos ditos “conservadores”. Na América Latina, alguns deles, quando candidatos, para demonstrar repulsa a Chávez e a seu modelo autoritário, afirmam inspirar-se no modelo Lula.

É exatamente o que acaba de fazer o candidato único de oposição na Venezuela, Henrique Capriles Radonski, que deverá disputar as eleições presidenciais contra Chávez, em outubro deste ano. Escolhido em prévias da Mesa de la Unidad Democrática (coalizão de partidos de oposição ao chavismo), Capriles, atual governador do Estado de Miranda, afirmou inspirar-se no ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

“O que Lula fez no Brasil é o que Chávez faz na Venezuela”
A resposta a Capriles não tardou. Resposta direta, objetiva e dada por um alto dirigente petista, Valter Pomar, secretário de assuntos internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT): “É engraçado que a direita pretenda dizer que quer parecer-se a nós; o que Lula fez no Brasil é o mesmo que Chávez está fazendo na Venezuela”.

As declarações de Valter Pomar apareceram no canal oficial Venezolana de Televisión (8.mar.2012) e no próprio site do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), o partido criado por Chávez para consolidar na Venezuela seu regime socialista totalitário. Transcrevo a matéria:

  • Se me pergunta se o PT tem uma opinião acerca do que é melhor para a América Latina e o Caribe, eu não tenho dúvida: que vença Chávez. Uma vitória da direita na Venezuela causaria um enorme problema para os processos de integração. Seria negativo”, sentenciou o dirigente Valter Pomar, secretário de Assuntos Internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, ao anunciar que o partido governista brasileiro apoia a reeleição do presidente Hugo Chávez no pleito de 7 de outubro.Disse ainda que as tentativas da direita venezuelana de apropriar-se das marcas, das bandeiras e dos projetos da esquerda representam uma conduta generalizada, em escala continental.“Se não faz isso não tem a menor possibilidade eleitoral e em muitos países está acontecendo o mesmo. É engraçado que um candidato de direita diga aqui que deseja fazer o que a esquerda faz em outro país”, disse Pomar.Desta forma o PT do Brasil respondeu ao candidato da oposição da Venezuela, Henrique Capriles Radonski, o qual afirmou que sua “visão progressista” é similar à do ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, figura orgânica do Partido dos Trabalhadores.“Não creio que um Governo como o de Capriles Radonski tenha interesses reais na integração. Há uma parte da direita latino-americana que se interessa pela integração, mas eles não têm interesse na integração entre os povos. Essa é uma diferença fundamental”, asseverou Valter Pomar.Reafirmou que somente a esquerda latino-americana garante a integração entre os povos, com governos como o do presidente Hugo Chávez. Por isso, reafirmou que o mandatário venezuelano garante a marcha rumo à unidade latino-americana.

    Por último, sublinhou: “O que fazemos no Brasil, com o Governo de Lula que esteve oito anos na presidência, é o que Chávez fez aqui e está fazendo e queremos que continue fazendo. Por isso, para nós é engraçado ver que a direita pretenda dizer que quer parecer-se ao que estamos fazendo no Brasil (Reuters/Agencias/VTV).

As declarações de Valter Pomar não são apenas uma resposta a Capriles Radonski. São uma resposta a todos aqueles que alimentaram e alimentam esse “mito”, por má-fé, por comodismo ou por ingenuidade.

O PT quer o chavismo para a Venezuela!

Não é por acaso que, segundo revelou o jornal El Universal, de Caracas, José Dirceu viajou à Venezuela, acompanhado do embaixador do País em Brasília, para colaborar com a campanha de Hugo Chávez à Presidência.

O PT quer o chavismo também para o Brasil!

O lulo-petismo tem um projeto de hegemonia político-ideológico que utiliza as regras e as instituições do regime democrático para asfixiar a própria democracia.

Como um post-scriptum: por que motivo a mídia brasileira fez absoluto silêncio a respeito destas declarações de Valter Pomar?

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José Carlos Sepúlveda da Fonseca

José Carlos Sepúlveda da Fonseca

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Editor do blog Radar da Mídia.

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