Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:29:57 PM
A dualidade Lula X Chávez perpassou a política latino-americana nos últimos anos e foi, a meu ver, um dos “mitos” mais difundidos e, ao mesmo tempo, mais perniciosos para a avaliação política da região.
Muitos analistas, especialistas, etc. repetiram à saciedade que, na esquerda latino-americana, Luiz Inácio Lula da Silva representava o modelo do esquerdista convertido à economia de mercado, o democrata que renunciara a aspirações populistas ou totalitárias, respeitador do Estado de Direito; em contraposição a Chávez, símbolo de uma esquerda revolucionária, desrespeitadora das instituições e violadora das regras mais elementares da democracia representativa. Ainda de acordo com essa “mitologia”, Lula seria o homem que conteria os arroubos do caudilho venezuelano.
Sinceramente, nunca aceitei essa dicotomia. Escrevi textos que a desmascaravam, baseado sempre em fatos, e em inúmeras rodas de conversa insistia na falácia que a mesma continha.
Estilos diferentes; metas idênticas
Reconheço que Lula e Chávez têm estilos diferentes de fazer política. Antes de tudo pelo temperamento pessoal. A psicologia própria do público e circunstâncias inerentes à realidade política, social e cultural de cada país também condicionaram o lulismo e o chavismo. Mas estou convencido de que o lulo-petismo (ontem com Lula, hoje com Dilma) e o chavismo são duas etapas de um mesmo processo revolucionário, socialista e autoritário.
Os fatos falam por si: o papel “moderador” de Lula sobre Hugo Chávez em muito pouco se fez sentir, pois o caudilho prosseguiu seu rumo político tranqüilamente. Mais ainda, Lula tornou-se o verdadeiro fiador do radicalismo de Hugo Chávez, já que em todos os momentos de inconformidade interna com os rumos políticos na Venezuela, ou de pressões externas sobre os abusos e desmandos perpetrados pelo líder venezuelano, o Presidente Lula saiu invariavelmente em seu auxílio. Afinal não foi Lula quem proclamou que nenhum regime era mais democrático do que o chavista?
Notas “chavistas” de Lula
Na verdade, a política externa do governo Lula passou a servir os interesses geo-políticos do “chavismo”. Basta mencionar a triste aventura diplomática em Honduras ou a humilhação sofrida na Bolívia, com a invasão das instalações da Petrobras por militares do país, sob a inspiração de Hugo Chávez.
No campo interno, Lula tentou por diversas vezes violar as regras do regime democrático. Instigou movimentos sociais a desrespeitarem a lei e a propriedade e lhes deu abrigo no governo; procurou censurar a imprensa, com o “controle social da mídia”; flertou com a ideia de um terceiro mandato; promoveu o aparelhamento do Estado pelo PT; tornou a corrupção sistémica, como bem está assinalado no processo do Mensalão, para “garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores”. E com a tentativa de instaurar no País o PNDH-3, o lulo-petismo pretendeu subverter a organização do Estado e a autonomia de suas instituições, consagradas na Constituição, bem como impor uma “religião” laica, diametralmente oposta aos valores cristãos de nosso povo.
Estranho fascínio entre “conservadores”
Entre os que se deliciam em alimentar este “mito” da dualidade Lula X Chávez encontram-se estranhamente certos políticos ditos “conservadores”. Na América Latina, alguns deles, quando candidatos, para demonstrar repulsa a Chávez e a seu modelo autoritário, afirmam inspirar-se no modelo Lula.
É exatamente o que acaba de fazer o candidato único de oposição na Venezuela, Henrique Capriles Radonski, que deverá disputar as eleições presidenciais contra Chávez, em outubro deste ano. Escolhido em prévias da Mesa de la Unidad Democrática (coalizão de partidos de oposição ao chavismo), Capriles, atual governador do Estado de Miranda, afirmou inspirar-se no ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
“O que Lula fez no Brasil é o que Chávez faz na Venezuela”
A resposta a Capriles não tardou. Resposta direta, objetiva e dada por um alto dirigente petista, Valter Pomar, secretário de assuntos internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT): “É engraçado que a direita pretenda dizer que quer parecer-se a nós; o que Lula fez no Brasil é o mesmo que Chávez está fazendo na Venezuela”.
As declarações de Valter Pomar apareceram no canal oficial Venezolana de Televisión (8.mar.2012) e no próprio site do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), o partido criado por Chávez para consolidar na Venezuela seu regime socialista totalitário. Transcrevo a matéria:
Por último, sublinhou: “O que fazemos no Brasil, com o Governo de Lula que esteve oito anos na presidência, é o que Chávez fez aqui e está fazendo e queremos que continue fazendo. Por isso, para nós é engraçado ver que a direita pretenda dizer que quer parecer-se ao que estamos fazendo no Brasil (Reuters/Agencias/VTV). ”
As declarações de Valter Pomar não são apenas uma resposta a Capriles Radonski. São uma resposta a todos aqueles que alimentaram e alimentam esse “mito”, por má-fé, por comodismo ou por ingenuidade.
O PT quer o chavismo para a Venezuela!
Não é por acaso que, segundo revelou o jornal El Universal, de Caracas, José Dirceu viajou à Venezuela, acompanhado do embaixador do País em Brasília, para colaborar com a campanha de Hugo Chávez à Presidência.
O PT quer o chavismo também para o Brasil!
O lulo-petismo tem um projeto de hegemonia político-ideológico que utiliza as regras e as instituições do regime democrático para asfixiar a própria democracia.
Como um post-scriptum: por que motivo a mídia brasileira fez absoluto silêncio a respeito destas declarações de Valter Pomar?
Seja o primeiro a comentar!