Soa como boa música as palavras deste desbravador que se ufana de alimentar tanta gente. Ele não fala com orgulho, mas com altivez. Secundado pela família e pelos funcionários, atinge índices impressionantes de produtividade.
Na verdade, um amigo me informara que uns mega-caminhões – 18 de uma só vez – carregaram numa determinada fazenda cerca de mil toneladas de feijão.
Os motoristas – que tinham almoçado com os 1.300 funcionários do local – comentaram ter comido muito bem. A excelente qualidade do que é servido advém da supervisão de nutricionistas.
Em ano ruim, o agronegócio poderá salvar as contas externas do País. A exportação de cana trará us$ 12 bi, a de laranja, us$ 2 bi, a de carne bovina, us$ 5 bi, a de café, us$ 5 bi.
É provável que o agronegócio traga mais de us$ 70 bi ao país neste ano. Quero compartilhar com o leitor da Folha um incômodo.
Por interesses distintos e por falta de conhecimento, insiste-se em contrapor no Brasil três coisas que não são contrapostas e que atrapalham nosso planejamento e nosso desenvolvimento.
Com relação à segunda premissa, é equivocado afirmar que a pequena propriedade familiar produz a maioria dos alimentos consumidos pela população e emprega boa parte da mão-de-obra agrícola.
Consoante dados obtidos em recentíssimos estudos9, tem-se que cerca de 70% dos estabelecimentos familiares obtêm uma renda total mensal inferior a 2 (dois) salários mínimos, i.e., o valor da linha de pobreza, sendo que 80% de tais estabelecimentos encontra-se no Nordeste.
Uma vez por ano, geralmente na época da colheita de grãos entre janeiro e março, a mídia "descobre" e se espanta com a excelência do agronegócio brasileiro.
Imagens de produtores rurais pilotando suas colheitadeiras, filas de caminhões carregados de soja nos portos e silos lotados ganham as capas de revistas e as primeiras páginas dos grandes jornais do País.
Depois, as notícias sobre o campo ficam confinadas às páginas dos suplementos até a próxima grande safra, ou quando surge um assunto polêmico, como o Código Florestal.
Num balanço geral, convém lembrar ainda que “a agricultura e pecuária foram responsáveis por 42% das exportações brasileiras em 2009” (“Sobe e Desce da Semana”, 24-2-10). O balanço final da década deverá também cumprir as estimativas prognosticadas pelos analistas e atingir os 400 bilhões de superávit.
O presidente Lula costuma propagar que o Brasil pagou sua dívida com o FMI, e que tem mais de US$ 200 bilhões de reservas. Mas se esquece de dizer de onde veio o dinheiro para isso. Aí está a informação omitida: em boa parte, das sobras das exportações do agronegócio.
“Não se mata a galinha dos ovos de ouro”
Não sem razão, e com a fina capacidade de observação francesa, o insuspeito jornal de esquerda “Le Monde”, como que passando um recado ao governo brasileiro, comentou em meados de 2009: “Lula compreendeu rapidamente que cometeria um erro grosseiro dando as costas ao poderoso setor do agronegócio. Mesmo em nome da justiça social e do acesso à terra... Não se mata a galinha dos ovos de ouro”.
Nesses últimos meses, por todo o Brasil ouvi repetida a expressão “São Pedro ajudou bastante”. Na linguagem coloquial dos ruralistas, isto significa que as chuvas foram abundantes, o que quase sempre concorre para o bom desempenho das atividades agropecuárias. Como conseqüência, esta será a maior safra de grãos da nossa história, e a próxima deverá superá-la.
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