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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Ter “distância psíquica”


São cinco horas da manhã. Uma casa e um jardim. Dentro, um famoso homem público. Um soldado lhe traz a notícia de que ele… venceu a Grande Guerra! Alegria! Ele se veste, e… se dirige ao jardim para cuidar de umas plantas, e só depois vai para o Estado Maior onde tudo é movimentação e  júbilo.

Essa história é verdadeira. O personagem central é o formidável Georges Clemenceau, cognominado de “o Tigre”, um dos homens que venceram a Primeira Guerra Mundial, tão mortífera e tão cheia de consequências (algumas maléficas) até nossos dias.

Era o dia da vida dele! Comenta Dr. Plinio: “É notável a distância psíquica desse homem. Uma distância psíquica que pode chegar a pasmar, mas indica enorme domínio de si. Ele sabia que aquele dia ia ser uma jornada de glória, e de fato foi aplaudido pelas multidões”.[1]

Uma característica deste site é sem dúvida alguma a combatividade. Mas uma combatividade com conta, peso e medida, e não nervosa como a de Dom Quixote a investir contra moinhos de vento. A qualidade que tempera e ordena o furor, em língua inglesa se chama de “distância psíquica” (psychic distance). É o que Clemenceau mostrou neste caso.

Note-se desde logo: que a distância psíquica não é o contrário da combatividade, mas uma condição dela. Só acerta o alvo aquele que segura a arma com calma! A calma é uma condição para a boa pontaria.

Também não é o contrário da velocidade, pois é pensando que se fazem as coisas com maior rapidez e acerto.

Acrescenta Dr. Plinio: “É preciso aproximar-se das coisas que compõem a vida quotidiana com a majestade com que um grande couraçado atraca num cais, não como qualquer lanchinha. Como o grande couraçado, fazer um movimento lento e digno. Assim devemos nos acercar da realidade. Nada de corre-corre, nem de frenesi”.[2]

Bem o contrário é o genialmente retratado numa fábula por La Fontaine (1621-1691), “O coche e a mosca”. No caso da fábula, uma carruagem atolou e o cocheiro com os passageiros agitados puseram-se a empurrar o veículo… e também apareceu uma mosca, que se imaginou a salvadora da pátria. Pôs-se então a esvoaçar ruidosamente de um passageiro a outro, de um cavalo a outro, com aquele seu ruído antipático, zum, zum, zum e uma agitação infernal.

Por fim, o carro saiu do atoleiro. A mosca, cheia de si, se queixa de que agiu sozinha e de que ninguém a ajudou! Há pessoas que, por razões análogas, bem merecem ser apelidadas de a mosca do coche!

Quem age como a mosca do coche não dá mostras de distância psíquica, é claro! Mas do contrário.

É preciso pensar antes de agir, numa atmosfera calma, recolhida e tranquila. Dr. Plinio afirma que é necessário pensar de modo prático e concreto, para que, aquilo que se faz, saia bem feito. Mas, ao mesmo tempo, deve-se acompanhá-lo de um pensamento elevado. Porque toda coisa prática, vista no fundo, se relaciona com problemas gerais de ordem universal, que têm uma beleza própria incomparável.

O que se chama de distância psíquica, é o grau de distanciamento emocional mantido em relação a uma pessoa, grupo de pessoas. É uma distância interior, análoga mas diversa da distância física.  Assim, pode-se estar junto de um objeto, mas conservar a “distância psíquica” em relação a ele[3].

Um grande exemplo de distância psíquica foi Santo Antonio de Santana Galvão, que a Santa Igreja recentemente indicou aos brasileiros como modelo. Na lápide de seu túmulo, no Convento de Nossa Senhora da Luz, está tudo dito: “Conservando sempre sua alma entre suas mãos, adormeceu placidamente no Senhor”.

Sim, é isso! Conservar sempre nossa alma em nossas mãos!

A sabedoria prescreve que se faça o que for necessário sem excitação, com distância psíquica.[4] Numa atmosfera calma, recolhida e tranquila, onde se pensa antes de agir.

Na visão católica, sempre que se aprofunda alguma matéria, não se encontra um precipício, mas o Céu. No fundo de cada perspectiva está uma estrela e não um abismo, uma cobra ou um dragão. É questão de saber aprofundar bem.[5]

Há ocasiões em que toda a sensação de perigo se afasta, o homem se distende inteiro e nessa distensão as coisas retornam a sua verdadeira hierarquia.

É propriamente o que chamo de “remanso”. Na atividade febricitante, isso não acontece.

Imaginem, por exemplo, um comerciante que passou o dia inteiro posto no seu comércio. Ele chega à noite em casa, as atividades comerciais estão encerradas, e ele está posto num ambiente tão diferente de sua casa comercial que fica como que forçado a não pensar mais nos negócios.

O comércio cai e a hierarquia de valores se restabelece, e então ele é capaz de distância psíquica.

Aqui entra a famosa distância psíquica de que falamos tanto. Não tem distância psíquica quem não tem recolhimento, quem não tem “remansos”.[6]

Seria o modo ideal de agir em semelhantes circunstâncias? Não. É claro que o modo ideal é levantar-se, dar graças a Nossa Senhora, ficar bastante tempo em oração, ir comungar. Seria essa a posição religiosa correta, evidentemente. Mas quero mostrar a distância psíquica de que esse revolucionário deu prova. Como tal, é interessante.[7]

No Santo Sepulcro, São João dá precedência a São Pedro

E chegou primeiro ao sepulcro. Inclinando-se, viu os lençóis postos no chão, mas não entrou”.[8]

O amor levou São João a ir depressa e o mesmo amor levou-o a dar precedência àquele a quem Nosso Senhor tinha dado precedência.

Não entrou. Esperou que São Pedro entrasse. Os senhores vêem aqui o espírito hierárquico da Igreja.

Ele havia corrido para chegar ao sepulcro, mas não era um correr sem distância psíquica. Era um correr cheio de ordem, uma pressa cheia de falta de pressa.

Era tão equilibrado, tão santo – animam suam in manibus suis semper tenebat[9] segurando a própria alma na mãos, que na hora de chegar − quando se está mais embalado − ele parou. Parou e esperou São Pedro chegar. Quanto respeito, quanta reverência![10]

São Pio V e a batalha de Lepanto[11]

São Pio V está no Vaticano, a grande distância dos inimigos e dos acontecimentos, numa situação que as gerações mais novas facilmente reputariam aflitiva.

Para estes jovens, um Papa , envolvido numa batalha que está transcorrendo a certa distância, deve ficar excitado. Se não ficar, é porque é meio apalermado e não compreendeu a situação. Deveria estar mordendo os dedos, se excitando pelos corredores do Vaticano afora e mandando dois, cinco emissários atrás das notícias, tempestando porque estas não chegavam.

São Pio V, sumamente empenhado em que a batalha fosse ganha, mas sereno, que estava fazendo na mesma hora? Examinando a prestação de contas do Vaticano. Enquanto a luta se travava, lhes garanto que ele via com atenção as contas, porque era matéria de pecado mortal. Se, na presença dele, se roubasse a Igreja, ele seria conivente com o ladrão, e um santo nunca brinca com matéria de pecado mortal.

Dando, portanto, àquele assunto todo o interesse necessário, de repente, como que tocado por um anjo, ele tem noção de que Nossa Senhora lhe quer dizer algo. Vai para diante de uma janela, e tem um êxtase. Volta com a mesma simplicidade e dá a notícia: “Dom João[12] venceu em Lepanto”.[13]

Reunião do conselho da Ordem de Malta

Conselho_Ordem_de_Sao_Joao_1

Vejam a calma do Grão Mestre, sua distância psíquica e seu olhar meio oblíquo.

Não está olhando para ninguém, mas tem uma difusa desconfiança desse grupo que está aí. Difusa. É a desconfiança do chefe, que sabe que em qualquer lugar da muralha, de repente, vem o adversário.

A fisionomia dele está dizendo: “tu quoque?”[14] O domínio que ele exerce sobre todos é feito dessa distância psíquica.

É um tipo esplêndido! Há uma teoria do mando nesse velho, e do mando de uma ordem militar e sacral, que é magnífica.

Ele é inteiramente um militar, não tem duvida. Pode-se imaginá-lo combatendo a qualquer hora. O corpo dele é de militar, a fisionomia é de um general, mas não é verdade que o olhar é de um homem de pensamento, de de ação, de um diplomata? Nada descreve melhor um Grão Mestre da Ordem de Malta do que este quadro.[15]

O leão e a simbologia da serenidade

Não consegui encontrar uma definição da palavra serenidade que me agradasse inteiramente. Não vou dar uma definição, mas fazer uma descrição.

Uma imagem inteiramente adequada dessa qualidade é o leão. Quando ele ruge, até as águias e as formigas fogem, as cobras se encolhem, e ele domina a natureza. Mas depois que rugiu o necessário, ele se deita, cruza as patas e fica olhando.

Não sei repararam em fotografias de leão repousando. Vale a pena prestar atenção e ver.

É curioso que o leão é um bicho, portanto não tem pensamento, mas o jeito dele é como se estivesse pensando. Pensando o que pensa o homem quando repousa.

No que pensa o homem quando repousa? Não são coisas fatigantes. Aspectos vários da vida passam diante dele; ele olha, reflete um pouco. O leão se entretém, e se distrai agradavelmente. Com as patas, é muito interessante, cruzadas uma sobre a outra.

A “memória” de tudo o que ficou para trás desapareceu. A única coisa que fica é certo instinto de que pode haver algo esquisito. Então o olhar dele torna-se atento. E se na mataria em torno algo se move de modo suspeito, sua atitude é de vigilância. Mas passa da inércia para a vigilância com naturalidade.

Ele inteiro estava inerte. Algo se moveu de esquisito ou de apetitoso no meio do mato, ele olha para aquilo e… em certo momento ele se mobiliza todo, mas ainda não se move. Num terceiro momento, pula!

Não se atrasa, nem tem preguiça de fazer isso. Não tinha perdido a distância psíquica no repouso, de maneira a dizer: “Eu agora não vou me levantar, vou deixar passar tal coisa apetitosa”. Não! É apetitoso, para isso sou leão. Salto! Depois volta, acaba de triturar um gato-do-mato qualquer que ele caçou, e volta para o repouso.

É uma imagem da serenidade pensativa, cogitativa, sem cansaço.[16]

Nossa Senhora na Anunciação

Diz o texto do Evangelho: “entrando o Anjo onde ela estava”.[17] A frase dá a impressão de que era um lugar recolhido, isolado; a ação de entrar insinua muito a ideia de recolhimento, de clausura, de algo que se viola.

Nossa Senhora estava inteiramente sozinha. É o cúmulo do que o mundo detesta: a pessoa sozinha, isolada, desconhecida; considerada decadente, o que é pior ainda; e rezando no seu isolamento,.

É para essa pessoa que vem a mensagem. Os senhores podem imaginar o anjo que paira nos mais altos páramos celestes, encarregado de uma enorme missão, e que vai para onde menos se poderia imaginar: um lugarejo, um casalzinho, uma mulher que está trancada no seu quarto; e ali ele leva a mais importante mensagem da História.

Tudo isto fica insinuado na linguagem do texto, e é muito bonito ver como o texto introduz tudo isto.

Depois da saudação do anjo, a reação. Alguém poderia pensar: “compreendem o valor que tenho e, afinal, me fazem justiça”.      Ou imagina que o anjo desce inteiramente tranquilizador, inteiramente afável, pacífico. Não foi assim.

É uma coisa curiosa: em todas as visões de Nossa Senhora que tenho lido repete-se essa cena. Há qualquer coisa de terrível no aparecimento da visão, que incute medo.

A ideia da afabilidade, da bondade vem, mas a ideia que fica é a de medo. Os meninos de Fátima sentiram medo, as crianças de La Salette também; o mesmo se deu com Santa Bernardette Soubirous. A desproporção de duas naturezas diferentes e algo tão fabulosamente majestoso produzem medo.

O Evangelho diz que Nossa Senhora, “tendo ouvido essas palavras, turbou-se, e discorria pensativa sobre que saudação seria essa”.[18] É uma manifestação de distância psíquica maravilhosa. Turbou-se com essas palavras, ou seja, conservou atenção suficiente para entender o conteúdo do que era dito, e isto a perturbou.

“E discorria pensativa”, que bonita expressão para indicar a análise ponto por ponto. Ela analisou pensativa a mensagem, perguntando para si mesma que saudação seria essa.

O que significa isso? Vejam bem qual é o espírito de Nossa Senhora: diante de algo tão elevado e com todas as características de vir de Deus, uma análise, e uma análise racional de conteúdo, palavra por palavra, daquilo que lhe era dito.

Devemos ser assim também. Não perder a cabeça, mesmo diante da coisa mais pasmosa, mais inesperada, mais maravilhosa: discorrer pensativo sobre aquilo.[19]

Neste capítulo

Se proeza é uma ação de valor, uma façanha, a verdadeira calma não é, como pode parecer, o contrário, mas uma condição dela. Pois a autêntica proeza deve ser inteiramente racional, e a racionalidade supõe a calma.

O simples risco de vida não caracteriza a proeza. Na verdadeira proeza há valentia, e uma espécie de euforia que não é vaidade nem orgulho. Afirma Dr. Plinio ser uma das mais altas posições da alma humana, que não se alcança apenas por meio da calma, mas lhe é correlata.

Que é proeza

Proeza é uma ação insigne, comportando um esforço insigne e por vezes um grande risco, para um fim proporcionado.

A verdadeira proeza absorve ou ameaça absorver a existência: ou se morre de repente, ou se leva a vida inteira fazendo determinada obra.

Imaginemos que um padre mocinho recebe certa confissão. Fica atado ao sigilo sacramental. Passa um pouco de tempo, ele é acusado de um crime, de que se poderia defender revelando o segredo da confissão. Não revela. Passa 60, 70 anos numa prisão cumprindo pena, condenado à prisão perpétua. Enquanto isso, o criminoso permanecia livre.

Num belo momento, morre o criminoso. Antes de morrer, ele se confessa e encarrega o confessor de contar que foi ele o autor do crime e dá todas as provas.

Vão tirar este padre da cadeia. Ele é um velho, toda sua vida sacerdotal foi estragada. Mas ele respeitou o sigilo sacramental. Esta vida não foi uma proeza? Quem ousaria negá-lo?

O Padre Damião, que foi cuidar dos leprosos na Ilha de Molocai[20] (Havai) e ficou leproso, não fez uma proeza?

Santa Mônica confiante, levando muitos anos rezando para a conversão de Santo Agostinho, realizou uma proeza. Ela ficou célebre por essa proeza!

Assim, há mil formas de proeza na vida.[21]

A proeza de nossa vida

Qual é a proeza de minha vida? Minha vida terá tido seu sentido na hora em que eu encontrar a proeza que a deve marcar. Porque toda vida deve ter uma proeza e devo procurar viver para esta proeza.

A proeza de Nosso Senhor Jesus Cristo foi a Cruz, e quando lhe apresentaram a Cruz, Ele a osculou com muito afeto, e a tomou sobre os ombros, não como uma coisa detestável e inevitável, mas com ânimo.

Era a proeza dEle. Ele a agarrou e a levou ao alto do Calvário. É assim que devemos encontrar a proeza de nossa vida.

O indivíduo que não vive para gozar a vida, mas para fazer algo, quando o consegue fazer tem uma tranquilidade que é a medida de felicidade possível na Terra. Não existe outra medida. Ele ao menos teve a consciência de que procurou fazer o que devia, e o fez com toda força.[22]

“Mais vale a pena ser águia um minuto…”

Se isto é verdade, então o mais alto bem-estar na Terra está na proeza: uma ação muito árdua e eminente feita para um fim proporcionado.

Por exemplo, alguém passa 30 anos da vida fazendo um estudo qualquer para chegar à descoberta de um princípio científico novo. É um princípio que ninguém achava admissível e cuja realidade ele acaba provando. É uma proeza. Ele descobriu algo que todo mundo negava. Ele percebeu que era assim e deitou nisto um esforço insigne. Conseguiu a prova e alterou completamente o conhecimento humano em determinado sentido.

Ele justificou sua vida.

Notem bem que estou falando em termos leigos, inteiramente leigos, de propósito. Daqui a pouco, vou traduzir isto para a linguagem religiosa.

Viver, na força do termo viver, é ser um homem de proeza. Nesta vida, ou se vai atrás de um ideal que justifique a proeza, ou não se viveu.

Daí o dito dos pára-quedistas franceses: ‘Mais vale a pena ser águia um minuto do que sapo a vida inteira’. Se um deles se jogou com pára-quedas num salto sublime a favor de um grande ideal, chegou ao chão e se estatelou, ele fez sua proeza: a vida dele está realizada ainda que fique o resto da existência paralítico, numa cama.[23]

A proeza seria um risco que está nos confins da temeridade, em que a pessoa arrisca tudo com meios apenas suficientes. Ao dar tudo, de tal maneira desdobra sua personalidade, que fica como que imersa na atmosfera do ideal pelo qual está se entregando.

A proeza de um bandido não tem beleza a não ser por uma vaga e espúria analogia.

Na verdadeira proeza há uma espécie de euforia que não é vaidade nem orgulho. É uma das mais altas posições da alma humana.

__________________

[1] A calma e sua gentil superioridade, Artpress, S. Paulo, p. 61.

[2] 19-11-71.

[3] Do inglês psychic distance.

[4] Ver definição na introdução a este capítulo.

[5] 3-11-68.

[6] 29-4-67.

[7] 9-1-69.

[8] Jo. 20, 5.

[9] Frase tumular de Santo Antonio de Sant’Ana Galvão, no Convento da Luz (São Paulo).

[10] 5-4-69.

[11] A batalha naval de Lepanto, entre católicos e muçulmanos, deu-se em 7 de outubro de 1571.

[12] Dom João d’Áustria era o condestável das forças cristãs, e foi o vencedor da batalha de Lepanto, com a qual entrou em declínio o poder maometano.

[13] 24-5-71.

[14] Tu quoque, Brute, fili mi? (Tu também, Brutus, meu filho?) Frase atribuída a Julio Cesar, no momento de ser assassinado por Marcus Junius Brutus.

[15] 27-9-67.

[16] 5-7-86.

[17] Lc. I, 28.

[18] Lc 1, 29.

[19] 25-3-65.

[20] O Padre Damião de Veuster (1840-1889) foi beatificado em 1995.

[21] 2-10-72.

[22] 2-10-72.

[23] 2-10-72.

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Leo Daniele

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