Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:25:48 PM
O ensino é dado em latim. Divide-se em dois ramos: o trivium ou artes liberais – gramática, retórica e lógica; e o quadrivium, quer dizer, as ciências – aritmética, geometria, música e astronomia.
Com as três faculdades de Teologia, Direito e Medicina, eles formam o ciclo dos conhecimentos.
Como método, utiliza-se sobretudo o comentário. Segundo a matéria ensinada, lê-se um texto — as Étymologies (Etimologias) de Isidoro de Sevilha, as Sentences (Sentenças) de Pedro Lombardo, um tratado de Aristóteles ou de Sêneca — e glosa-se o texto, fazendo todas as observações às quais ele pode dar lugar, do ponto de vista gramatical, jurídico, filosófico, linguístico, etc.
Portanto esse ensino é sobretudo oral, dá espaço importante à discussão — questiones disputate — de assuntos na ordem do dia, tratados e discutidos pelos candidatos na licenciatura perante um auditório de professores e alunos.
Alguns deram lugar a tratados completos de filosofia ou de teologia, e glosas célebres, passadas por escrito, eram comentadas e explicadas na continuação dos cursos.
As teses defendidas pelos candidatos ao doutoramento não são então simples exposições sobre uma obra inteiramente redigida, mas teses emitidas e defendidas perante todo um anfiteatro de doutores e de professores, durante as quais qualquer assistente pode tomar a palavra e apresentar as suas objeções.
Como se vê, esse ensino mendieval apresenta-se sob uma forma sintética, sendo cada ramo recolocado num conjunto onde adquire um valor próprio, correspondendo à sua importância para o pensamento humano.
Por exemplo, há nos nossos dias equivalência entre uma licenciatura em filosofia e uma licenciatura em espanhol ou inglês, ainda que a formação suposta por estas diferentes disciplinas se coloque num plano muito diferente.
Na Idade Média se pode ser mestre de filosofia, teologia ou direito, ou ainda mestre em artes, o que implica o estudo do conjunto ou do essencial dos conhecimentos relativos ao homem, representando o trivium as ciências do espírito, e o quadrivium as dos corpos e dos números que os regem.
Toda a série de estudos se aplica, portanto, a dar uma cultura geral, e só se faz realmente uma especialização ao sair da faculdade.
É isto que explica o caráter enciclopédico dos sábios e dos letrados da época.
Um Roger Bacon, um Jean de Salisbury, um Alberto Magno dominaram realmente os conhecimentos da época e podem entregar-se sucessivamente aos mais diferentes assuntos sem temer a dispersão, pois a sua visão de base é uma visão de conjunto.
(Autor: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge” – Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)
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