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Plinio Corrêa de Oliveira
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17/10 – Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir


Discípulo dos Apóstolos, segundo o Martirológio Romano, foi o “terceiro sucessor do bem-aventurado apóstolo Pedro na Igreja de Antioquia. Condenado às feras na perseguição de Trajano, foi levado em ferros para Roma onde, em presença do Senado, sofreu primeiro os mais atrozes suplícios. Depois foi lançado aos leões, entre cujos dentes exalou o espírito, tornando-se uma vítima em louvor de Cristo”.

Segundo uma tradição que não foi comprovada, Santo Inácio teria sido o menino que Nosso Senhor abraço quando disse: ““Em verdade vos digo: se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino dos Céus. Quem se fizer humilde como este menino, será o maior no reino dos céus. Quem receber um menino como este em meu Nome, é a mim que recebe” (Mt 18, 1-6).

Entretanto, segundo consta por outras fontes fidedignas, Inácio não era cidadão romano, e parece que não nasceu cristão, mas se converteu muito tarde. Isso não significa que ele não tivesse sido depois um homem de muito agudo gênio, e um pastor de zelo ardente. Seus discípulos diziam mesmo que ele era “de fogo”, por seu fogoso caráter, ou talvez por causa do nome, já que ignis em latim significa fogo. Ele foi nomeado bispo de Antioquia pelo Apóstolo São Pedro, seu antecessor naquela sé.

Os escritores eclesiásticos enaltecem as excelentes qualidade de pastor ideal e de verdadeiro soldado de Cristo possuídas por Santo Inácio em grau eminente.

Ocorreu então que, enquanto ele era bispo de Antioquia, o imperador Trajano começou sua perseguição, que privou a Igreja dos homens mais elevados na escala hierárquica, e de mais clara fama de santidade santidade. Quando a tempestade da perseguição explodiu em toda a sua fúria contra os cristãos da Síria, esta encontrou seu líder fiel preparado e vigilante, incansável em seus esforços para inspirar esperança e fortalecer os fracos de seu rebanho diante da perspectiva do possível martírio.

Associada aos escritos de Santo Inácio, há uma obra chamada Martyrium Ignatii, que seria um relato de testemunhas oculares do martírio do Santo, e de seus atos que o levaram ao mesmo. Críticos competentes e intransigentes, consideram a obra genuína, que relata a história completa de sua movimentada jornada da Síria para Roma durante seu cativeiro.

Com efeito, detido e condenado às bestas, Inácio foi conduzido acorrentado, em uma longa e dolorosa jornada, de sua diocese a Roma, onde seriam realizadas festas em homenagem ao imperador vitorioso de sua batalha em Dacia. Os cristãos detidos deveriam fazer parte do espetáculo no circo, onde seriam devorados pelas feras.

Foi durante essa viagem que Santo Inácio escreveu sete cartas para as igrejas que o tinham auxiliado no caminho, e que são consideradas não inferiores às de São Paulo: ardentes em misticismo e em caridade. Nelas o venerando bispo, à caminho do martírio, recomendava aos seus fiéis que fugissem do pecado, tomassem cuidado com os erros dos gnósticos e, acima de tudo, mantivessem a unidade da Igreja.

Tal era seu desejo do martírio, que ele escreve: “Eu ganharia muito se estivesse diante dos animais que estão esperando por mim. Espero encontrá-los bem dispostos. Eu os acariciaria, de fato, para que eles me devorassem repentinamente, e não faria como alguns, que têm medo de tocá-los. Se eles não manifestassem essas intenções, eu os forçaria”.

E, para aqueles que se iludiam em poder libertá-lo, ele implora: “Vós não perdeis nada, e eu perco a Deus se conseguir me salvar. Nunca mais essa fortuna acontecerá comigo. Então, deixe-me ser imolado, agora que o altar está pronto! Todos unidos no coro da caridade, cantem: Deus se dignou enviar o bispo da Síria do leste para o oeste!”.

E acrescenta aquelas belíssimas palavras, que permaneceram famosas na história dos mártires: “Deixe-me ser o alimento dos animais, os quais me serão dados para desfrutar de Deus. Eu sou o trigo de Deus. Ele deve ser moído pelos dentes dos animais, para que possa ser transformado no pão puro de Cristo”.

No ano 106 Santo Inácio estava em Roma onde, no ano seguinte, seriam lançados às feras seus dois companheiros, Zózimo e Rufo. Ele os seguiria dois dias mais tarde.

Assim esse invicto herói de Jesus Cristo recebeu o martírio, como diz o Martirológio Romano Monástico neste dia: “Memória de Santo Inácio, bispo de Antioquia, martirizado no ano da graça de 107. Durante a viagem que o conduziu da Síria até Roma, escreveu a cada uma das Igrejas que o haviam acolhido no percurso uma carta em que resplandecia, junto com a sede do martírio, o mistério da Igreja reunida em torno de seu bispo. Morreu nos dentes das feras, ‘moído como o trigo para tornar-se o pão de Cristo’”, como desejara.

Com São Policarpo, Inácio foi o mais ilustre dos Padres Apostólicos. Suas cartas às igrejas da Ásia e de Roma são os documentos mais preciosos da época, e podem considerar-se como a “segunda formulação doutrinal cristã”. Nelas se refletem o que pensavam os cristãos da segunda geração, a imediatamente posterior aos Apóstolos. Está nelas a doutrina evangélica e paulina, elaborada, profundamente compartilhada e aceite, matizada diante dos ataques dos primeiros desvios heréticos, desejosos de romper a unidade, tanto hierárquica quanto doutrinal da Esposa de Cristo.

O hagiógrafo J.B. O’Connor, dele diz na The Catholic Encyclopedia: “O caráter de Santo Inácio, deduzido dos seus escritos existentes e de seus contemporâneos, é o de um verdadeiro atleta de Cristo. A tripla honra do apóstolo, bispo e mártir foi bem merecida por este soldado enérgico da Fé. Uma devoção entusiástica ao dever, um amor apaixonado pelo sacrifício, e um total destemor na defesa da verdade cristã, eram suas principais características. O zelo pelo bem-estar espiritual dos que estão sob seu comando respira de todas as linhas de seus escritos. Sempre vigilante, para que não sejam infectados pelas heresias desenfreadas daqueles primeiros dias; orando por eles, para que sua fé e coragem não estejam faltando na hora da perseguição; constantemente exortando-os à obediência infalível a seus bispos; ensinando a eles toda a verdade católica; suspirando ansiosamente pela coroa do martírio, para que seu próprio sangue possa frutificar em graças adicionais nas almas de seu rebanho, ele se prova em todos os sentidos um verdadeiro pastor de almas, o bom pastor que dá a vida por suas ovelhas”.

As relíquias do santo mártir foram levadas de volta a Antioquia pelo diácono Philo da Cilícia e Rheus Agathopus, um sírio, e enterradas fora dos portões, não muito longe do subúrbio de Daphne. Foram posteriormente removidas pelo imperador Teodósio II para o Tychaeum, ou Templo da Fortuna, que foi convertido em uma igreja cristã sob o patrocínio do mártir cujas relíquias abrigavam. Em 637, elas foram levadas para a igreja de São Clemente em Roma, onde agora descansam. A Igreja celebrava sua festa em 1 de fevereiro.

Restaram poucas relíquias de seu corpo. Mas suas relíquias imortais são suas cartas, das quais fala o Pe. J. Huby: “Inácio, entregue às feras no tempo de Trajano, é o exemplar do pontífice entusiasta e o modelo de mártir. É a realização viva das palavras apostólicas: Já não sou eu que vivo, é Cristo que Vive em mim … Desejo ser desfeito e estar em Cristo. As suas insistências não comoveram menos a Igreja que as de São Paulo, e em certas frases, mil vezes citadas, parece estar concentrado todo o espírito dos mártires”.

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O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.

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