Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 8 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:47:59 PM
Um artigo esclarecedor
IPCO
A razão é o dom natural inapreciável que Deus nos concedeu. Acima dele estão os dons sobrenaturais, que nos unem ao Criador e nos fazem esperar a vida eterna.
Porém, como tudo quanto há no homem, também a razão pode ser mal utilizada; e, quando exacerbada, presta-se a distorções inaceitáveis. Para não se deixar levar pelas más tendências, fruto do pecado original, a razão deve ser iluminada pela fé. A caricatura da razão é o racionalismo.
Assim, a razão foi “outrora hipertrofiada pelo livre exame, pelo cartesianismo, etc., divinizada pela Revolução Francesa, utilizada até o mais exacerbado abuso em toda escola de pensamento comunista”, ensina Plinio Corrêa de Oliveira em sua magistral obra “Revolução e Contra-Revolução”.
O arcabouço político-jurídico das sociedades contemporâneas, oriundas da Revolução Francesa e posteriormente influenciadas profundamente pelo socialismo, é fortemente estatizante. Ou seja, tudo deve ser racionalizado pelo Estado, que tudo deve prever, fazer, controlar, dominar etc.
Mas esse arcabouço funciona como uma camisa-de-força, cuja consequência é que os indivíduos procuram dele evadir-se, seja por meio das drogas, da violência, dos jogos etc. Para fugir de um extremo errado, lançam-se num outro, talvez pior.
A saída para esse falso dilema é a sociedade orgânica, apontada no livro “Return to Order” do escritor John Horvat, da TFP americana. Aqui transcrevemos um artigo desse Autor, que trata desse problema.
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Em um mundo onde tudo é tão racionalista e bem organizado, parece ser uma contradição o fato de as pessoas procurarem coisas tais como drogas, abuso de álcool, promiscuidade, violência, esportes radicais, música intensa, jogos de vídeo violentos e outras atividades que tocam no irracional.
No entanto, como o sociólogo Richard Strivers observa, tal comportamento é, na verdade, uma consequência de instituições excessivamente racionalistas. À medida em que estruturas técnicas e burocráticas proliferam, afirma ele, as pessoas sentem que perderam o controle sobre suas vidas. Sua reação é escapar para um mundo de êxtase, aparentemente rebelando-se contra esta existência excessivamente ordenada.
O paradoxo é que a tecnologia se torna ao mesmo tempo uma suprema organizadora e uma força desorganizadora. Quanto mais racional e tecnológica a sociedade se torna, mais ela manifesta comportamentos e atitudes irracionais. As pessoas sentem a necessidade de escapar rumo a buscas irracionais, ao menos para desfrutar de temporária amnésia ou lazer. A tecnologia produz diretamente uma espécie de êxtase ao impor um ritmo frenético à sociedade, que funciona como uma espécie de compensação pela arregimentação.
“Os seres humanos não aguentam viver de maneira totalmente racional, sujeitos a horários, listas e normas”, conclui Stivers. “Seus instintos exigem um desafôgo que produza um estado alterado de consciência—seja misticismo ou êxtase”. 1
O que se perdeu foi o equilíbrio que antigamente caracterizava a sociedade cristã orgânica, que foi capaz de conciliar desenvolvimento ordenado e progresso com buscas espirituais dentro da calma. As ordens material e espiritual costumavam trabalhar juntas para favorecer o bem-estar geral da sociedade. Hoje, uma trabalha com a outra para favorecer comportamentos auto-destrutivos.
1 Richard Stivers, Shades of Loneliness: Pathologies of a Technological Society, Rowman & Littlefield Publishers, Lanham, Md., 2004, p. 70.
(*) Tradução de José Aloisio Aranha Schelini
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