Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 14 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:33:26 PM
A avaliação abaixo encaixa-se num problema atual a que está submetido a opinião pública brasileira. Tivemos eleições recentemente, estamos submetidos ao impacto dos programas televisivos como as telenovelas, os reality shows, entre outros. Como católicos, podemos ser agentes passivos neste processo?
Com efeito, o povo vive e move-se por vida própria enquanto a massa é em si mesma inerte e não pode mover-se senão por ação de um elemento externo, conforme ensina a Igreja na pena do Papa Pio XII.
Isto explica por que a propaganda política e eleitoral vende a imagem de um candidato. Explica também o impacto das telenovelas, dos Reality Shows, etc. É a massa humana sendo conduzida por um agente externo para um fim que ela desconhece. Quando a massa se mostra desorientada, a ponto de seguir os passos que a mídia lhe indica, como agente externo que a modifica, desvinculada de valores morais e religiosos, a ação da Igreja deve se fazer sentir para conduzir esta massa a um reto caminho.
“Vós sois o sal da terra” ou, Vós sois a luz do mundo”, diz o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo no Sermão da Montanha. O sal que não salga não serve para nada. E a luz que não ilumina?…
Enquanto a massa é joguete nas mãos dos adversários da Igreja, o povo tem vida própria. Povo é algo muito diferente da massa. Sim, da massa agitada como o mar revolto, fácil presa da demagogia revolucionária, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, sucessivamente, hoje esta, amanhã aquela bandeira.
“Da exuberância de vida de um verdadeiro povo, a vida difunde-se abundante, rica, no Estado e em todos os seus órgãos, infundindo-lhes, com vigor constantemente renovado, a consciência da sua própria responsabilidade, o verdadeiro sentido do bem comum.
“Da força elementar da massa, habilmente manejada e utilizada, pode também servir-se o Estado; nas mãos ambiciosas de um só, ou de vários, que as tendências egoísticas tenham artificialmente coligado, o próprio Estado pode, com o apoio da massa reduzida a não ser mais do que uma simples máquina, impor o seu arbítrio à parte melhor do verdadeiro povo. O interesse comum recebe daí um golpe grave e durável, e a ferida torna-se rapidamente muito difícil de ser curada“, diz o Papa Pio XII.
“Num povo digno de tal nome, o cidadão sente em si mesmo a consciência da sua personalidade, dos seus deveres, dos seus direitos, da sua liberdade conjugada com o respeito à liberdade e dignidade do próximo. Num povo digno de tal nome, todas as desigualdades, decorrentes não do arbítrio, mas da própria natureza das coisas, desigualdades de cultura, de haveres, de posição social – sem prejuízo, bem entendido, da justiça e da mútua caridade – não são, de modo algum, um obstáculo à existência e ao predomínio dum autêntico espírito de comunidade e fraternidade”.
Qual o espetáculo que oferece um Estado democrático entregue ao arbítrio da massa? “A liberdade, enquanto dever moral da pessoa, transforma-se numa pretensão tirânica de dar livre curso aos impulsos e apetites humanos, com prejuízo do próximo. A igualdade degenera num nivelamento mecânico, numa uniformidade monocromática; o sentimento da verdadeira honra, a atividade pessoal, o respeito à tradição, à dignidade, numa palavra a tudo quanto dá à vida o seu valor, pouco a pouco vai-se soterrando e desaparece. E sobrevivem apenas, de um lado as vítimas iludidas do fascínio aparente da democracia, ingenuamente confundido com o próprio espírito da democracia, com a liberdade e a igualdade; e de outro lado os aproveitadores mais ou menos numerosos que tenham sabido, por meio da força do dinheiro ou da organização, assegurar em relação aos outros uma condição privilegiada, e o próprio poder“.
Isto, dito pelo Papa Pio XII faz 66 anos, não lhes parece atual?
(Nota): Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. VI, pp. 239-240. Rádio-mensagem de Natal de 1944. Citada na Obra “Nobreza e Elites Tradicionais Análogas” do Professor Plinio Correa de Oliveira, às pags 47-51, que serviu de base para todo o artigo.
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