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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Congresso em Roma analisa cientificamente o Concílio Vaticano II


Na antevéspera do cinquentenário de sua abertura, uma oportuna reavaliação do Concílio Vaticano II

Concilio Vaticano II
Padres conciliares entrando na Basílica de São Pedro no dia da abertura do Concílio Vaticano II

Na História da Igreja Católica, houve 21 concílios ecumênicos, ou seja, reuniões gerais de todos os bispos sob a direção do Papa ou de um representante seu.

Diferentemente dos concílios anteriores, o Concílio Vaticano II (1962-1965) coloca para os analistas (teólogos, historiadores, etc.) um problema novo. É que todos os concílios anteriores exerceram, com e sob o Papa, um Magistério solene, definindo verdades de fé e moral e tomando medidas de caráter disciplinar, enquanto juízes e legisladores supremos. O Concílio Vaticano II, contudo, não deliberou nem propôs, de modo solene e definitivo, nenhuma verdade de fé ou moral. Isso favoreceu a discussão sobre a natureza magisterial de seus documentos, o modo como eles foram postos em prática no pós-Concílio, e a relação entre o Concílio e o pós-Concílio.

Concilio Vaticano
Visão parcial da assistência do Congresso

Tal discussão está no cerne do atual debate sobre a verdadeira interpretação (“hermenêutica”, na linguagem especializada) do Vaticano II.

O Papa Bento XVI pavimentou o caminho para esse debate de alto nível ao afirmar, no Natal de 2005, a necessidade de uma “hermenêutica da continuidade” dos documentos conciliares. O que equivalia a admitir, implicitamente, que no texto deles há passagens menos claras ou quiçá ambíguas, que devem ser interpretadas conforme à Tradição bimilenar do Magistério da Igreja.

Até há pouco prevalecia, em numerosos meios eclesiásticos, a tendência a hipervalorizar o aggiornamento conciliar, promovendo a idéia de que o Vaticano II foi um novo começo que fazia tábula rasa do passado da Igreja e exigia ainda mais novidades. Erigido em “superdogma”, o Concílio passava a ser um evento intocável e aquele que exprimisse a menor reserva a respeito do seu alcance corria o risco de ser considerado “reacionário”, rebelde às orientações da Hierarquia.

De um tempo a esta parte, o descrédito das correntes progressistas promotoras dessa “ruptura” com o passado — no estilo da Teologia da Libertação que grassou na América Latina — favoreceu a emergência de um juízo mais sereno e objetivo a respeito do Concílio Vaticano II. Esse progresso da objetividade foi patenteado, entre 16 e 18 de dezembro p.p., no significativo Congresso de estudos sobre a Magna assembléia “para uma justa hermenêutica à luz da Tradição da Igreja”, organizado, em Roma, pelo Seminário Teológico Immacolata Mediatrice do Instituto dos Franciscanos da Imaculada.

A iniciativa, com o título Concílio Vaticano II. Um Concílio pastoral – Análise histórico-filosófico-teológica, contou com a participação de destacados representantes da Cúria Romana, da Hierarquia e do mundo acadêmico: o Cardeal Velasio de Paolis (Presidente da Prefeitura dos Assuntos econômicos da Santa Sé), D. Luigi Negri (Bispo de Marino-Montefeltro), D. Atanasio Schneider (Bispo auxiliar de Astana no Kazakistão), Pe. Nicola Bux (Consultor do Bureau de Celebrações do Sumo Pontífice e Professor no Instituto ecumênico de Bari), Mons. Brunero Gherardini, ex-decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Lateranense e professor emérito dessa universidade, o Pe. Ignacio Andereggen (professor na Universidade Pontifícia Gregoriana), o Pe. Florian Kolfhaus, funcionário diplomático da Secretaria de Estado, os padres Rosário M. Sammarco, Paolo M. Siano, Serafino M. Lanzetta e Giuseppe Fontanella (professores no Seminário Teológico Immacolata Mediatrice), o Prof. Roberto de Mattei da Universidade Européia de Roma. Ademais, estiveram presentes em algumas sessões o Cardeal Walter Brandmüller (presidente emérito do Conselho Pontifício das Ciências Históricas) e o Secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, Mons. Guido Pozzo, e ainda outros membros da Cúria Romana.

Trecho de discurso de Bento XVI

“Por que a recepção do Concílio, em muitos círculos da Igreja, até agora ocorreu de modo tão difícil? Pois bem, tudo depende da justa interpretação do Concílio ou como diríamos hoje, de sua correta hermenêutica, da justa chave de leitura e de aplicação. Os problemas da recepção derivaram do fato de que duas hermenêuticas contrárias se combateram e disputaram entre si. […]

“Por um lado, existe uma interpretação que eu gostaria de definir ‘hermenêutica da descontinuidade e da ruptura’; não raro, ela pôde valer-se da simpatia dos mass media e também de uma parte da teologia moderna. Por outro lado, há a ‘hermenêutica da reforma’, da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho”.
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(Discurso do Papa Bento XVI à Cúria Romana, 22 de dezembro de 2005)

A razão de ser do Congresso

Dois dias antes do evento, um dos representantes do Instituto organizador do congresso, o Pe. Serafino Lanzetta, explicou, numa declaração à agência Zenit, a razão de ser do Congresso:

Há mais de 40 anos que estamos diante de um fato inegável: a ruptura e o espírito do Concílio, ou aquele modo de separá-lo da Tradição bimilenar, tem prevalecido. E a Igreja tem-se secularizado, lenta e progressivamente. O mundo, em certo sentido, venceu a Igreja; precisamente aquele mundo do qual a Igreja queria a todo custo aproximar-se. O Vaticano II é um problema? Sim, no sentido de que as raízes da crise pós-conciliar não estão apenas no pós-Concílio. O pós-Concílio não se explica por si mesmo. Logo, é preciso, por amor à Igreja e pelo futuro da fé no mundo, dar-se o trabalho de ir examinar as raízes do problema”.

Com notável rigor intelectual, sem fugir das dificuldades e ambigüidades que apresentam certos textos conciliares, os expositores que usaram da palavra no congresso fizeram, de fato, um diagnóstico realista do Vaticano II e de sua aplicação.

Concilio Vaticano 2
Da esq.para a dir.: Mons. Brunero Gherardini, Pe. Alessandro Apollonio (moderador) e Mons. Luigi Negri, bispo de San Marino-Montefeltro

A principal dificuldade de uma avaliação objetiva foi abordada por Mons. Brunero Gherardini, em sua intervenção:

Havia certa vez a ave Fénix. Todos falavam dela, mas ninguém a tinha visto. Existe dela, hoje, uma versão aggiornata, da qual todos falam, mas ninguém sabe dizer o que é: chama-se Pastoral […] Nos documentos do concílio, a pastoral volta dezenas e dezenas de vezes, sem que uma só vez seja dada uma definição dela, nem sequer um começo de explicação” afirmou.

A novidade das novidades de todo o Concílio, segundo o expositor, foi a combinação dos termos “Constituição Pastoral” no próprio título do documento sobre a Igreja no mundo moderno, a conhecida Gaudium et Spes. É dessa irresolução que resultaram as duas hermenêuticas que se chocam há meio século, disse o renomado professor emérito da universidade do Papa.

O tema foi aprofundado pelo Pe. Florian Kolfhaus, funcionário da Secretaria de Estado, o qual ressaltou que o principal empecilho para o teólogo é esse caráter “pastoral” e não dogmático que o Concílio deu-se a si próprio. Seu ensinamento, por isso mesmo, é prático, voltado para as necessidades de seu tempo, promulgando textos de uma categoria teológica diferente daquela dos 20 concílios precedentes, que expunham solenemente uma doutrina, condenavam os erros opostos a ela e impunham uma disciplina. O Vaticano II supera tais categorias, exercendo um vago munus predicandi, pelo qual expõem-se doutrinas em matéria de fé e de moral, que pedem o assentimento dos fiéis, mas sem dar definições precisas de tais doutrinas. Esse tipo de munus é muito limitado se comparado ao munus determinandi dos concílios precedentes. “Na teologia — deplorou o expositor — falta uma qualificação para este magistério pastoral”. Além do mais, apontou ele, “a pastoral apóia-se sobre a doutrina, a praxis pressupõe a reta doutrina. A inversão desta ordem leva muito facilmente a fazer com que, por causa de ‘uma nova realidade pastoral’, se desenvolva uma ‘nova doutrina’. Exemplos disso há em abundância na vida quotidiana das comunidades”.

Exposições de um historiador, um filósofo, de dois bispos, um cardeal e um teólogo

O Prof. Roberto de Mattei ressaltou como o “método pastoral por excelência” adotado pelo Vaticano II, constitui uma “Revolução da linguagem”. Um novo “gênero literário” que um estudioso do Concílio, o jesuíta americano John W. O’Malley, chama de “epidíptico” e que, segundo ele, “representou uma ruptura definitiva com os Concílios precedentes”. De fato, mais ainda que as idéias, é o estilo da expressão que revela as tendências profundas do ânimo de quem se exprime. “O estilo — sublinha O’Malley — é a expressão última do significado, é significado e não mero ornamento, e é também o instrumento hermenêutico por excelência”. O modo mediante o qual a doutrina é formulada transforma-se, ele próprio em doutrina, mais importante até do que aquela que, objetivamente, é veiculada nos textos. “Sob este aspecto, é inegável que o Concílio constitui uma Revolução”, concluiu o acadêmico romano.

Concilio Vaticano 2º
Prof. Roberto de Mattei, historiador

Coube ao Revdo. Prof. Pe. Ignacio Andereggen, destacado filósofo da Universidade Gregoriana, mostrar a influência exercida sobre o Concílio pela filosofia moderna — Descartes, Kant, Hegel e Freud —, toda ela baseada numa recusa da escolástica e da metafísica. Ora, explicou o expositor, sem uma reta filosofia é impossível pensar em teologia; e, sem uma teologia correta, corrompe-se a fé.

O alheamento do aspecto metafísico da realidade da fé e da moral foi também o cerne da apresentação do Pe. Lanzetta. Esse alheamento resultou num modo descritivo e, muitas vezes, só alusivo, de o Concílio exprimir-se; favorecendo conclusões teológicas aberrantes por parte dos inovadores, que aproveitaram a pouca clareza e pouca precisão terminológica dos textos.

O bispo de San Marino-Montefeltro, D. Luigi Negri, teólogo e apologeta, explicou, por sua vez, as causas da perda de identidade cristã, absorvida pela cultura secular, no contexto da modernidade ocidental, e mostrou que o Vaticano II perdeu uma oportunidade de ouro para recentrar a cultura católica na Tradição. Somente um retorno à identidade católica, disse o expositor D. Luigi Negri, é que poderá eliminar a atual e profunda crise da fé.

D. Atanásio Schneider, que morou vários anos no Brasil e fala fluentemente o português, desmentiu que a interpretação do Concílio deva ser confiada a uma escola particular, como a progressista de Bolonha, propugnadora de uma hermenêutica de ruptura com a Tradição. A interpretação autêntica, disse o prelado, cabe ao Magistério pontifício e episcopal. Por tal motivo, o bispo auxiliar de Astana evocou a necessidade de um novo Syllabus, que denuncie todos os erros que têm circulado na Igreja desde o encerramento da magna assembléia conciliar.

O cardeal Velasio De Paolis, canonista de renome, fez uma vibrante defesa do Direito eclesiástico, considerado antievangélico nos anos do pós-Concílio, augurando que ele volte a reinar entre os eclesiásticos para que a atual confusão generalizada possa ser atenuada, abrindo uma nova fase para a Igreja.

Os trabalhos foram concluídos por Mons. Brunero Gherardini, famoso teólogo romano, o qual insistiu, mais uma vez, na tese de que o Vaticano II não constitui um “bloco dogmático”, mas foi um Concílio pastoral. “E que é, portanto, nesse plano que ele deve ser julgado, sem interpretações forçadas que imponham a sua dogmatização”.

* * *

Uma história jamais escrita

É inútil esconder-se atrás do dedo: todos estamos passando de mão em mão a última obra de Roberto de Mattei”. Com essa confissão, o site mariano italiano totustuus.org começa sua recensão do livro O Concílio Vaticano II: uma história jamais escrita, recentemente lançada em Turim, pela editora Lindau.

Segundo o autor da recensão, Frei Luigi Maria Grignion, “provavelmente estamos diante da pesquisa mais importante que tenha sido jamais escrita por um historiador católico a respeito dos anos que precederam e sucederam o Concílio”, e seu trabalho “é de fato a primeira e única resposta ‘científica’ à facciosa História do Concílio, da assim chamada Escola de Bolonha, o instituto de história eclesiástica de inspiração neomodernista, fundado por Giuseppe Alberigo”.

Trata-se, de fato, de uma obra em 660 páginas e com mais de 2.300 notas de referência, abarcando o essencial do que aconteceu antes, durante e depois do Vaticano II. Isso, com base numa séria pesquisa historiográfica e de arquivos que fornece documentação jamais publicada, entre as quais merece destaque a oferecida, em São Paulo, pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, a respeito da participação do ilustre líder católico e de seus companheiros de luta no evento conciliar.

Finalmente, o estudo do historiador romano não se exime de abordar temas candentes, como o grau de adesão que se deve ter aos textos conciliares, sua continuidade ou descontinuidade com o Magistério tradicional e as relações entre o Concílio e o “pós-Concílio”.

O livro documenta como o programa modernista de radical transformação da Igreja e de sua doutrina conseguiu sobreviver à condenação de São Pio X, no início do século XX, e propagou-se nos meios católicos, depois da Primeira Guerra Mundial, através do “movimento bíblico”, “movimento litúrgico”, “movimento ecumênico” e a assim chamada Nouvelle théologie, apesar das advertências dos Papas Pio XI e Pio XII.

A respeito da oportunidade, nesse clima, da convocação de um Concílio ecumênico, o Prof. de Mattei transcreve uma resposta profética do Cardeal Billot a Pio XI, em 1923: “A retomada do Concílio [Vaticano I, suspenso no meio de seus trabalhos, em 1870, por causa da guerra franco-prussiana] é desejada pelos piores inimigos da Igreja, quer dizer os modernistas, que já se aprontam — como patenteiam os indícios mais evidentes — para aproveitar-se dos Estados Gerais da Igreja para fazer a Revolução, o novo 1789 [ano do início da Revolução francesa], objeto de seus sonhos e de suas esperanças […] Seria o aniquilamento dos felizes frutos da encíclica Pascendi [de São Pio X contra o modernismo] que os reduziu ao silêncio”.

O autor observa que, 40 anos após o comentário do Cardeal Billot, a situação estava ainda pior. E apresenta como confirmação o comentário feito por Plinio Corrêa de Oliveira, ao tomar conhecimento da convocação do Vaticano II, graças a uma confidência otimista do então bispo de Jacarezinho: “Engana-se, Dom Sigaud, são os Estados Gerais da Igreja ! É o início da Revolução na Igreja!”.

Proposta dos bispos relativas ao futuro Concílio

Os movimentos de verdadeira reforma na História da Igreja, afirma o historiador, “foram caracterizados, de um lado, pela recuperação do papel do Papado e da autoridade da Igreja e, de outro lado, de um heróico élan pela ascese e um profundo espírito de penitência e de oração”. Mas o ambiente, no imediato pré-Concílio, era diverso. Para patenteá-lo, o autor transcreve uma troca de cartas entre São Giovanni Calábria — “Depois de anos e com crescente insistência, sinto repercutir, no fundo de meu coração, a lamentação de Jesus : A minha Igreja !” — e do Beato Ildefonso Schuster : “Até a Santíssima Virgem chora pelos males da Igreja e pelo castigo que paira sobre o mundo”.

O Prof. de Mattei destaca que, consideradas em seu conjunto, as propostas de reforma que o Papa João XXIII recebeu da parte do episcopado mundial, em resposta a uma consulta do Vaticano, “não exprimem o desejo de uma mudança radical, e menos ainda de uma ‘Revolução’ dentro da Igreja. Se as tendências anti-romanas de alguns episcopados afloram claramente em algumas respostas […] a maioria dos vota pediam uma condenação dos males modernos, internos e externos à Igreja, sobretudo do comunismo, assim como novas definições doutrinárias, em particular a respeito da Santíssima Virgem Maria” [e, notadamente, a proclamação do dogma da Mediação Universal de Maria].

Em quatro densos capítulos, um para cada sessão conciliar, ocupando 330 páginas impossíveis de resumir, o acadêmico italiano documenta as maquinações da corrente progressista, que dispunha de uma possante máquina propagandística, dentro e fora da aula conciliar.

Esquemas prévios eliminados pelos progressistas

Em cada fase da discussão dos textos conciliares, o “partido dos teólogos” conseguiu eliminar os esquemas prévios, preparados por uma Comissão Teológica selecionada por João XXIII. Tais esquemas foram substituídos por novos esquemas redigidos por teólogos progressistas (Karl Rahner, Hans Kung, Edward Schillebeckx, Yves Congar, o jovem Joseph Ratzinger e ainda outros) alguns dos quais tinham sido censurados pelo Vaticano em tempos de Pio XII.

Ditos teólogos participaram do Concílio como “peritos” de bispos alemães, holandeses, belgas e franceses. Foi a excessiva influência dessa “Aliança européia” que motivou o título do livro O Reno se lança no Tibre, escrito pelo sacerdote verbita Ralph Wiltgen, que cobriu o Concílio como representante de uma agência católica de notícias.

O front fiel à Tradição, pelo contrário, começou a reagir tarde, dominado como estava, no começo, por uma predisposição psicológica de otimismo e, mais tarde, pelo temor de parecer desobediente ao Papa Paulo VI, que apoiava claramente o programa de aggiornamento da Igreja.

Atuação de Plinio Corrêa de Oliveira e seu parecer sobre o Concílio

O historiador romano destaca o papel desenvolvido pelo Prof. Plinio Correa de Oliveira e seus discípulos brasileiros na constituição do que depois veio a ser conhecido como o Coetus Internationalis Patrum (Grupo internacional de Padres conciliares), o conjunto de bispos que, com suas intervenções corajosas, obtiveram não poucas vezes que os textos definitivos fossem melhorados, mas que, no conjunto, foram os grandes derrotados.

Como ressaltou o vaticanista Andrea Tornielli em sua recensão da obra para o quotidiano milanês “Il Giornale”, “há uma história toda ela brasileira do Concílio, que viu enfrentar-se, de uma parte, dois bispos tradicionalistas como Castro Mayer e Proença Sigaud e, de outra parte, Helder Câmara, um dos inspiradores do grupo reformista”.

A constituição Gaudium et Spes foi o último documento oficialmente promulgado pelo Concílio Vaticano II, o qual pretendia ser uma redefinição inteiramente nova das relações entre a Igreja e o mundo moderno. Na constituição, porém, faltou qualquer forma de condenação do comunismo. O fato era de molde a “dar crédito aos rumores de um explícito acordo entre o patriarcado de Moscou e a Santa Sé”, como destacou o historiador progressista e fundador da Comunidade Santo Egídio, Andrea Riccardi. Referindo-se a este silêncio, D. Helder Câmara escrevia em novembro de 1965 : “O Concílio Ecumênico Vaticano II tem dito muitíssimo, com suas palavras e os seus silêncios”.

Plinio Corrêa de Oliveira, que se tinha batido na ala oposta, observou: “Dentro da perspectiva de Revolução e Contra-Revolução, o êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pós-staliniano sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano II a respeito do comunismo. Este Concílio se quis pastoral e não dogmático. Alcance dogmático ele realmente não o teve. Além disto, sua omissão sobre o comunismo pode fazê-lo passar para a História como o Concílio a-pastoral. […] Com táticas aggiornate — das quais, aliás, o mínimo que se pode dizer é que são contestáveis no plano teórico e se vêm mostrando ruinosas na prática — o Concílio Vaticano II tentou afugentar, digamos, abelhas, vespas e aves de rapina. Seu silêncio sobre o comunismo deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse Concílio não pode estar inscrita, enquanto efetivamente pastoral, nem na História, nem no Livro da Vida. É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja” (Revolução e Contra Revolução – Parte III – RCR vinte anos depois, cap. II pp. 166, 167, 168, Artpress, São Paulo, 1998).

A “Revolução conciliar”

Plinio Corrêa de Oliveira em Roma durante o Concílio com assessores brasileiros

O último capítulo do livro do Prof. De Mattei é consagrado à “Revolução conciliar”. Depois de assinalar que o evento conciliar e seus documentos representaram uma “Revolução cultural” na vida da Igreja — a expressão também é de Plinio Corrêa de Oliveira —, o autor passa em revista as crises que ela provocou: o catecismo herético do episcopado holandês, a contestação da encíclica Humanae Vitae, a revolução litúrgica, a Ostpolitik vaticana, o nascimento da Teologia da Libertação, etc.

As facetas dessa crise foram sintetizadas pelo historiador Mons. Hubert Jedin, numa conferência ao episcopado alemão, mais tarde publicada pelo “Osservatore Romano” em setembro de 1968, sob o título História e crise da Igreja:

“1. Insegurança na fé cada vez mais desenfreada, suscitada pela livre difusão de erros teológicos nas cátedras, em livros e ensaios; 2. A tentativa de transferir para a Igreja as formas da democracia parlamentar … na Igreja universal, na diocese e na paróquia; 3. A dessacralização do sacerdócio; 4. A ‘estruturação’ livre das celebrações litúrgicas ; 5. Ecumenismo como protestantização”.

Diante desse quadro, não causa surpresa o fato de que o próprio Paulo VI tenha se queixado que a Igreja parecia sofrer um “misterioso processo de autodemolição” e que a “fumaça de Satanás” houvesse penetrado no templo…

Na conclusão de sua obra, o Prof. Roberto de Mattei agradece a Sua Santidade Bento XVI “por ter aberto as portas a um debate sério sobre o Concílio Vaticano II” e, por tal razão, une-se “às súplicas daqueles teólogos que pedem respeitosa e filialmente ao Vigário de Cristo na Terra promover um exame profundo do Concílio Vaticano II, em toda a sua complexidade e extensão, para verificar sua continuidade com os 20 Concílios precedentes e para dissipar as sombras e as dúvidas que já há quase meio século fazem sofrer a Igreja, com a certeza, porém, de que as portas do Inferno jamais prevalecerão contra Ela (Mt 16,18)”.

Um debate a ser aberto

Publicado inicialmente em italiano, em abril de 2009, o livro O Concílio Vaticano II: Um debate a ser aberto ?, de Mons. Brunero Gherardini, alcançou significativa repercussão especialmente nos meios católicos italianos.

A primeira razão desse fato é a estatura intelectual do autor. Mons. Gherardini é professor emérito de eclesiologia e ecumenismo na Universidade Lateranense, de cuja Faculdade de Teologia foi decano por muitos anos. Publicou uma centena de trabalhos e é diretor de “Divinitas”, reputada revista internacional de teologia. Em reconhecimento a seus longos e meritórios serviços acadêmicos, Bento XVI nomeou-o cônego da Basílica de São Pedro.

Outra causa da repercussão constituía o fato de a mencionada obra ter como prefaciadores o hoje cardeal D. Malcolm Ranjith, arcebispo de Colombo (Ceilão), e Dom Mario Oliveri, bispo de Albergo-Imperia.

Consideração de prelado italiano

“Posta a natureza do Concílio e a natureza diversificada de seus Documentos, penso que se possa sustentar que, se de uma hermenêutica teológica católica emergisse que alguns trechos, ou algumas passagens e afirmações do Concílio, não dizem apenas ‘nove’ [novas formulações] mas também ‘nova’ [novos conteúdos] a respeito da Tradição perene da Igreja, não se estaria mais diante de um desenvolvimento homogêneo do Magistério: haveria aí um ensinamento não irreformável, certamente não infalível.
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(D. Mario Oliveri, bispo de Albenga, in prefácio ao livro de Mons. Gherardini. Os negritos são do original)

Respeitoso apelo a Bento XVI

Mas o principal motivo da repercussão obtida pela obra é o rigor teológico de suas análises e o humilde e respeitoso apelo ao Papa, pedindo um esclarecimento definitivo a respeito das questões levantadas, que constitui a conclusão.

O ponto de partida do trabalho é o apelo de Bento XVI, contido em sua alocução aos membros da Cúria no Natal de 2005, à recusa de uma “hermenêutica da ruptura” e o convite a uma “hermenêutica de reforma na continuidade” em relação aos documentos do Concílio Vaticano II. Em outras palavras, quando houver dúvidas, deve-se interpretar sempre os textos do Concílio de acordo con o ensino tradicional do Magistério.

Ora, diz Mons. Gherardini, uma hermenêutica da continuidade deve ser teológica e responder à questão: “O Vaticano II inscreve-se ou não na Tradição ininterrupta da Igreja, desde seus começos até hoje?” Porque não basta afirmar querer aplicar ao Vaticano II tal interpretação: “O problema é, e permanece, o de demonstrar que o Concílio não se colocou fora do sulco da Tradição. E, para efetuar tal demonstração, não é pertinente apoiar-se sobre o próprio Vaticano II, e unicamente sobre ele, como é feito constantemente, com a conseqüência de uma colossal tautologia: o problema é resolvido com o problema; um absurdo”.

Em relação à autoridade magisterial do Concílio Vaticano II, Mons. Gherardini põe em relevo seu caráter voluntária e essencialmente pastoral e não dogmático, deduzindo que “suas doutrinas que não são redutíveis a definições precedentes não são nem infalíveis nem irreformáveis e, portanto, tampouco vinculantes”.

Subjetivismo e visão antropocêntrica de decretos conciliares

A respeito “do grande problema da liberdade religiosa” e sobre a possibilidade “de inscrever Dignitatis Humanae na hermenêutica da continuidade”, Mons. Gherardini sublinha: a própria declaração visa “ressaltar com ênfase os aspectos subjetivos da conquista da verdade”, na qual “não cabe mais ao Magistério eclesiástico a última palavra”, mas apenas fornece uma ajuda válida “no mesmo nível, porém, do diálogo e da comunicação”. No contexto da declaração, diz o autor, não há “nada de absoluto ou pelo menos de objetivo e de objetivamente fundamentado: a verdade à qual devo meu assentimento é aquela que consigo fazer minha”.

A partir de tal subjetivismo, há uma mudança no ensino tradicional dos Papas: “Enquanto [o conceito tradicional da] tolerância tende de per si a evitar males maiores e abre a porta pro bono pacis a uma convivência (que de outra maneira tornar-se-ia impossível) entre a verdade e o erro, a liberdade religiosa da declaração conciliar vê aquela coexistência não como um mal a ser tolerado, ou um simples expediente para evitar um mal ainda pior, mas como um bem a afirmar, tutelar e defender, para a salvaguarda do direito intersubjetivo à autodeterminação”. Um direito que, por sinal, “abarca toda a atividade individual e pública, enquanto livre de qualquer condicionamento político e religioso”.

Nesse sentido, diz Mons. Gherardini, a declaração Dignitatis Humanae “tem muito pouco em comum, por exemplo, com a Mirari vos de Gregório XVI, com a Quanta Cura e seu anexo, o Syllabus, do beato Pio IX, com a Immortale Dei de Leão XIII (sobretudo no que concerne as relações entre a autoridade civil e o governo da Igreja), com a Pascendi dominici gregis de São Pio X, precedida de pouco pelo decreto Lamentabili do Santo Ofício, e com a Humani generis de Pio XII. Não se trata, de fato, de uma linguagem diversa; a diferença é substancial, e, portanto, irredutível. Donde se segue que os respectivos ensinamentos são diferentes. Os do Magistério precedente não encontram nem continuidade nem desenvolvimento no da Dignitatis Humanae”, afirma o autor.

Sobre o ecumenismo, o autor sublinha que dessa absolutização da pesquisa pessoal como fundamento da liberdade religiosa resultou “a renúncia ao proselitismo, à missão evangelicamente ativa, à conversão”. Pelo contrário, a Igreja passou a ter como objetivo prioritário “ajudar todos os homens do nosso tempo, quer acreditem em Deus, quer não O conheçam explicitamente, a que, conhecendo mais claramente a sua vocação integral, tornem o mundo mais conforme à sublime dignidade do homem, aspirem a uma fraternidade universal mais profundamente fundada” (Gaudium et spes n. 91).

Dessa visão antropocêntrica que tende a dilatar os confins da Igreja até quase confundi-los com os confins da família humana, resulta a concepção “mistérica” da Igreja, enquanto “sacramento” da “íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”, em detrimento de seu caráter de sociedade visível e perfeita, da qual fazem parte somente aqueles que a Ela estão vinculados por uma idêntica profissão de fé, pela recepção dos Sacramentos e a submissão aos legítimos pastores.

Enquanto o Magistério anterior dizia que tais fiéis pertencem à Igreja realmente, efetivamente (reapse, em latim), a declaração conciliar Unitatis Redintegratio mudou radicalmente a linguagem, substituindo reapse por uma comunhão plena/não plena, perfeita/imperfeita, incluindo portanto na Igreja os “irmãos separados”. “A unidade da Igreja (uma de suas características essenciais, segundo a fórmula do Credo) não seria mais ligada substancialmente à mesma fé, aos mesmos Sacramentos e ao Sumo Pontífice, mas tratar-se-ia de uma unidade ‘ampliada’, que incluiria na ‘única Igreja de Cristo’, a qual ‘subsiste na Igreja Católica’ (cf. Lumen gentium) também as comunidades eclesiais dotadas de ‘muitos elementos de santificação e de verdade’” que se encontram fora de sua comunidade.

À maneira de conclusão, Mons. Brunero Gherardini dirige uma Súplica ao Santo Padre: “proceder a uma grandiosa e possivelmente definitiva mise au point sobre o último Concílio em cada um de seus aspetos e conteúdos”. E, caso a continuidade de alguns de seus ensinamentos com o Magistério precedente “não resultasse cientificamente provada, seria necessário dizê-lo com serenidade e franqueza”, sugere o autor.

Fonte: Revista Catolicismo, Março de 2011

Introdução da matéria na Revista Catolicismo:

A vocação do jornalismo católico é informar, fazendo um julgamento dos acontecimentos à luz da fé, e iluminar e interpelar a consciência dos leitores a propósito de tais acontecimentos. O que, nos dias que correm, significa muitas vezes remar contra a corrente e adotar posições “politicamente incorretas”, na medida em que não correspondem às opiniões que estão na moda.

Fiel a essa vocação, nos seus 60 anos de existência, Catolicismo tem procurado ser um observador atento de tudo que tem ocorrido na Igreja católica, bem como no que resta da antiga Cristandade, comentando essa temática para seus leitores. Mais ainda, a revista tem participado ativamente de certos debates de atualidade e, não raras vezes, suas tomadas de posição têm influenciado o rumo que vem assumindo vasta corrente de católicos brasileiros empenhados em permanecer fiéis ao Magistério tradicional da Igreja. Nessa medida, o conjunto de trabalho jornalístico ao longo de seis décadas tem pesado nas posições adotadas pela massa dos católicos e, portanto, pela própria Igreja Católica no Brasil.

Basta lembrar, por exemplo, o combate de Catolicismo contra os êrros dos corifeus nacionais da Teologia da Libertação, muito enfraquecida no presente, e contra sua difusão mediante as Comunidades Eclesiais de Base, para se ter uma idéia da extensão da influência de nossa revista.

É próprio do bom jornalismo católico informar sobre assuntos controvertidos, abertamente discutidos na Europa ou nos Estados Unidos, mas que no Brasil são, por vezes, mantidos na surdina. Em parte, porque nosso povo é afeito à concórdia, mas em alguma medida, para não alertar consciências adormecidas, que prefeririam relegar tais questões ao confortável depósito dos assuntos ignorados ou voluntariamente esquecidos.

Um desses temas evitados entre nós é o controvertido assunto da avaliação do Concílio Vaticano II e das reformas que ele inspirou na vida da Igreja, o que inclui similar balanço dos resultados visíveis na Igreja e na sociedade, com a nova atitude de abertura face ao mundo moderno, laico e distanciado de Deus, quando não ostensivamente oposto a Deus.

Catolicismo não se tem eximido, ao longo dos anos, de suas obrigações jornalísticas em relação ao último Concílio e suas conseqüências:

• Quando, por ocasião da magna assembléia conciliar, Catolicismo enviou repórteres a Roma, durante a primeira sessão. E, nas três sessões seguintes, informou a respeito de iniciativas visando influir nos debates conciliares, tais como a petição de Padres conciliares para que se efetivasse uma condenação do comunismo; merece especial menção a difusão aos bispos do mundo inteiro do estudo A liberdade da Igreja no Estado comunista, de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira.

• Catolicismo também noticiou com destaque a iniciativa de 510 Padres Conciliares para que o Papa fizesse a consagração da Rússia e do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em união com os bispos de todo o orbe ali presentes, conforme o pedido de Nossa Senhora em Fátima. Esse pedido foi parcialmente atendido no encerramento da III Sessão do Concílio, no dia 21 de novembro de 1964, quando Paulo VI “confiou o gênero humano” ao Imaculado Coração de Maria.

• Encerrado o Concílio, e diante da “dogmatização”, por parte de muitos, da interpretação dada por eles a certas novidades conciliares, um dos redatores de Catolicismo, Dr. Arnaldo V. Xavier da Silveira, publicou, entre 1967 e 1969, uma série de artigos a respeito do Magistério da Igreja e do grau de assentimento que os documentos conciliares requerem dos fiéis, artigos estes depois reproduzidos em importantes órgãos de imprensa católica da Europa.

• Em janeiro de 1977, Catolicismo abriu suas páginas para o estudo Revolução e Contra-Revolução 20 anos depois, uma atualização da obra-magna de Plinio Corrêa de Oliveira, na qual o insigne líder católico analisa “o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano II a respeito do comunismo” e o descreve como “uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja”. (Parte III, cap. II, 4, A).

• A partir dessa década, Catolicismo abriu uma seção especial, originariamente intitulada A fumaça de Satanás no templo de Deus, sob a responsabilidade de nosso redator Gregorio Vivanco Lopes, destinada a comentar a crise da Igreja no pós-Concílio e a denunciar os avanços da heterodoxia nos meios eclesiásticos.

Ao aproximar-se o cinqüentenário da abertura do Concílio Vaticano II (11 de outubro de 1962) e fiel a seu passado de seriedade jornalística, Catolicismo visa, com a matéria de capa desta edição, informar o público católico brasileiro a respeito do debate em curso na Europa, e principalmente na Itália, acerca dos textos conciliares e dos resultados que o Concílio produziu na vida da Igreja católica em suas relações com o mundo secularizado de nossos dias.

Em vista da extraordinária riqueza desse debate, é impossível abarcar, numa edição de nossa revista, tudo que está sendo publicado e feito acerca desse cinqüentenário. Limitar-nos-emos a dar a conhecer com mais detalhes três fatos ainda pouco conhecidos no Brasil. No plano dos eventos, a realização de um congresso científico de alto nível intitulado O Concílio Vaticano II e sua verdadeira hermenêutica à la luz da Tradição da Igreja, organizado em Roma, de 16 a 18 de dezembro p.p., pelo Instituto dos Frades Franciscanos da Imaculada. E no plano editorial, o lançamento de dois livros que, por seu indiscutível valor científico, são chamados a ter um papel crescente nos futuros debates: O Concilio Vaticano II: Um debate a ser aberto?, de Mons. Brunero Gherardini, que foi por muitos anos o decano da Faculdade de Teologia da Universidade Lateranense; e O Vaticano II: Uma história jamais escrita, do Prof. Roberto de Mattei, vice-presidente do Centro Nacional de Pesquisas da Itália e catedrático da Universidade Européia de Roma. Esse professor universitário concedeu uma entrevista exclusiva a Catolicismo publicada na presente edição.

Ditas iniciativas — o congresso e o lançamento dos mencionados livros — alcançaram, na Itália e na Europa, uma repercussão muito superior àquela que imaginavam seus empreendedores. A aproximação do cinqüentenário não parece uma explicação suficiente para esse interesse. Talvez se possa alegar, visando explicar tal interesse, o fato de que seus mais benévolos analistas hoje admitem que o Vaticano II não trouxe a esperada abertura do mundo para a mensagem da Igreja e, em alguma medida, essa mesma abertura é responsável pelos males que Ela hoje padece e que os Papas deploram: em síntese, a diluição da fé, a diminuição da prática religiosa, o desrespeito dos Mandamentos, a rarefação das vocações sacerdotais e religiosas, a apostasia rumo a outras religiões, etc. De onde a pergunta: essa crise resultou de má recepção do Concílio Vaticano II por parte dos fiéis e do mundo secularizado ou, pelo contrário, foi conseqüência das próprias novidades teológicas, litúrgicas, disciplinares e pastorais impostas em nome do Concílio e a toda a Igreja?

O atual debate, relatado nesta edição de Catolicismo, procura dar um início de resposta a tal pergunta. O acerto no diagnóstico é a condição primeira para se encontrar o remédio apropriado, sobretudo para as grandes crises espirituais.

A Direção de Catolicismo

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José Antonio Ureta

José Antonio Ureta

37 artigos

Chileno, membro fundador da "Fundación Roma", uma das organizações chilenas pró-vida e pró-família mais influentes; Pesquisador e membro da "Société Française pour la Défense de la Tradition, Famille et Propriété"; colaborador da revista Catolicismo e do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e autor do livro: "A mudança de paradigma do Papa Francisco: continuidade ou ruptura na missão da Igreja? Relatório de cinco anos do seu pontificado".

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