Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
14 min — há 3 anos
No “continente estratégico” a luta contra o progressismo revelou-se ser o “canal estratégico” para barrar o esquerdismo na América Latina. Esquerdismo na Igreja, esquerdismo no campo temporal.
Vejamos a linguagem dos fatos, como o progressismo e a esquerda fizeram da América Latina, seu campo de batalha. Mas, foi exatamente aqui, que o Prof. Plinio desenvolveu sua luta ideológica em defesa da Igreja e da Civilização Cristã.
Recordamos que D. Helder Câmara, a figura progressista mais festejada pela Mídia, (“cobertura publicitária nacional e internacional, mais ampla do que jamais teve outro brasileiro, nem sequer Getúlio Vargas”) advogou “a reintegração de Cuba na comunidade latino-americana”, — “Nossa irmã Cuba deve ser reintegrada na nossa comunidade, com o devido respeito às suas opiniões políticas” — e defendeu a causa comunista de Mao, advogando a admissão da China na ONU, o que traria como consequência a exclusão de Formosa.
Por essa razão, D. Helder ficou marcado, de forma indelével, com a alcunha de “arcebispo vermelho”, conforme o artigo do Prof. Plinio https://www.pliniocorreadeoliveira.info/1969_218_CAT_O_Arcebispo_vermelho.htm
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Vejamos a tese de doutorado, do Pe. José Oscar Bezzo, USP 2001.
O Brasil, recém nascido, não teve representantes no Concílio de Trento (1545-1563).
No Vaticano I (1869-1870), 7 dos 11 prelados brasileiros estiveram presentes. No Concílio Vaticano II (1962-1965), a “Igreja do Brasil contava com o terceiro maior episcopado do mundo, logo depois do italiano e do norte-americano. Os seus 204 bispos, no momento da abertura do Concílio, representavam peso significativo na composição do episcopado mundial. Enquanto este havia pouco mais que dobrado, nos pouco mais de noventa anos entre o Vaticano I e o Vaticano II, o episcopado brasileiro havia se multiplicado por dezessete.” (1)
Escreve o Pe. JOSÉ OSCAR BEOZZO em sua tese, 2001: “Nossa hipótese central é de que o Concílio Vaticano II, ao longo de sua preparação, mas sobretudo das suas quatro sessões entre 1962 e 1965, durante o outono europeu, propiciou, ao episcopado brasileiro atravessado por diversidade de origens e pertenças (…) a oportunidade de esboçar uma identidade própria e de articular-se em torno de um plano de pastoral de conjunto, o PPC, que nem mesmo a criação da CNBB, em 1952, fora capaz de fomentar …” (2)
Esse plano, como veremos, é a simbiose do progressismo e esquerdismo, a esquerdização do Brasil e da América Latina.
Tivemos ai a participação de bispos brasileiros no “Pacto das Catacumbas”: “Ao final da quarta sessão, o grupo mais permanente de 39 bispos, numa concelebração discreta na Catacumba de Santa Domitila, a 16 de novembro de 1965, selou um compromisso com a pobreza e o serviço aos pobres, firmando o assim chamado “pacto das catacumbas”.
“D. Luís Fernandes, recém sagrado bispo auxiliar de Vitória, juntou-se ao grupo que celebrou o pacto das Catacumbas. Este compromisso recolheu a assinatura de mais de 500 padres conciliares.” (3)
Veremos, como a América Latina tornou-se o campo de batalha entre conservadores e progressistas. Bem no centro do embate estiveram o Prof. Plinio e a TFP, no “Continente estratégico”.
Escreve o Prof. De Mattei: “No fim dos anos 60, um grupo de teólogos sul-americanos começou a formular uma “teologia da libertação”25, cujo espírito penetrou na Segunda Assembleia Geral do CELAM, realizada em Medelin em 1968, com a presença de Paulo Vl26. A nova corrente teológica, que afirmava desejar aplicar à América Latina as recomendações do Concilio Vaticano II, apresentava a missão de Jesus Cristo predominantemente como obra de libertação social e política. Utilizava a ciência social, e particularmente a metodologia marxista, como instrumento para “libertar as classes oprimidas”. (Idem)
“De uma certa forma, Medellín foi para a América Latina, o que o Vaticano II foi para a igreja universal380. Menos de três anos depois do encontro de 1965, a 24 de agosto de 1968, Paulo VI, abria em Bogotá, na Colômbia, ao término do XXXIX Congresso Eucarístico Internacional, a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano que, nos dias seguintes, continuaria seus trabalhos em Medellín.381 O Concílio havia tornado possível uma arrancada e uma caminhada mais consciente e autônoma do CELAM que o conduziu a buscar, em Medellín, uma aplicação criativa e ousada do Vaticano II às situações e aos desafios concretos da América Latina.” (4)
Se essa era a expectativa dos progressistas, uma verdadeira “bomba” caiu-lhes na cabeça: o documento Comblin pregava “o apelo à subversão no país, à revolução na Igreja, (…) a calúnia contra o Poder Civil, a Hierarquia Eclesiástica, as Forças Armadas e a Magistratura, e a configuração do um quadro grosseiramente falsificado da realidade nacional” (5).
O Prof. Plinio, fez um apelo ao Papa Paulo VI, subscrito por 1,6 milhão de brasileiros, em sua primeira viagem à América Latina:
“De todas as campanhas organizadas pelo movimento Tradição, Família e Propriedade -segundo o P. [Charles] Antoine- a mais espetacular é sem dúvida a de Julho de 1968″58. Em dois meses, entre Julho e Agosto, os cooperadores da TFP recolheram mais de um milhão e meio de assinaturas contra a infiltração comunista na Igreja, nas ruas de 158 cidades do Brasil. Entre as assinaturas estavam as de 19 Arcebispos e Bispos, de numerosos ministros, dezenas de deputados e outros políticos.” (6)
Segundo Márcio Moreira Alves : “A maior campanha que eles (os militantes da TFP) empreenderam, contra D. Hélder Câmara e os seus amigos, obteve, segundo seus organizadores, 1.600.368 assinaturas, entre as quais as de dezenove Arcebispos e Bispos,
de numerosos ministros, de dezenas de deputados e outros políticos” (“A Igreja e a politica no Brasil, cit., p. 230). “O Brasil tornou-se o centro da atividade dos meios reacionários da Igreja latino-americana“, anota alarmado o ultra progressista Álvaro DELGADO (“Le clergé en révolte”, cit., p. 72)” (7)
A petição foi apresentada oficialmente ao Vaticano em 7 de Novembro de 1969; não houve resposta da Santa Sé, mas o progressismo sofreu no Brasil uma importante derrota e o P. Comblin foi obrigado a abandonar o país.
“Em Janeiro de 1969, por ocasião de uma conferência pronunciada aos estudantes de Harvard, D. Hélder propôs a admissão da China comunista na ONU e a integração de Cuba no sistema latino-americano.
“A resposta da TFP não se fez esperar: “Num denso artigo publicado no quotidiano O Estado de São Paulo -recorda Sebastião A. Ferrarini no seu livro “A imprensa e o Arcebispo vermelho”- o presidente do Conselho Nacional da TFP (…) exprime todo o seu desacordo em relação às propostas desconcertantes do Prelado que, segundo diz, faz uma inversão de valores típica, seguindo o
exemplo de Marx, conferindo o primado à economia”.
“Foi depois desta análise do Prof. Corrêa de Oliveira que D. Hélder Câmara ficou cognominado, no Brasil, e depois no mundo inteiro, como “o Arcebispo vermelho”. (8)
Ao fim de 70 dias de campanha, 40 caravanas de cooperadores tinham atuado em 514 cidades e divulgado 165 mil exemplares de Catolicismo contendo a denúncia contra os “profetas do ateísmo”.
Em 1976, a TFP chilena publicou um importante livro em que denunciava a colaboração de grande parte do Episcopado e do Clero chilenos com a experiência marxista de Salvador Allende.
No Brasil, um resumo do mesmo veio a lume com o título “A Igreja ante a escalada da ameaça comunista”, precedido de uma denúncia da gênese do progressismo, sua extensão, atitudes assumidas por influentes figuras da Hierarquia eclesiástica brasileira a favor do comunismo. A obra mostrava como a infiltração comunista nos ambientes católicos tinha sido iniciada há cerca de 40 anos.
“Um dos muitos sintomas da dramaticidade da situação eram as poesias escandalosamente pró-comunistas de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia. O livro concluía com um veemente apelo aos “Bispos silenciosos”, a fim de que saíssem da sua atitude reservada e tomassem a palavra. “Nas mãos dos silenciosos -escrevia o prof. Corrêa de Oliveira- pôs Deus todos os meios que ainda podem remediar a situação: são eles numerosos, dispõem de posições, de prestígio e de cargo”. Nesse mesmo período, o jornalista italiano Rocco Morabito, correspondente de O Estado de S. Paulo em Roma, informava num artigo que “era possível encontrar, sobre as mesas de trabalho do Vaticano, alguns exemplares do livro de Plínio Corrêa de Oliveira” (O Estado de S. Paulo, 8 de Abril de 1977). (9).
A obra teve 4 edições e mais de 40 mil exemplares.
1 . D. Pedro Casaldáliga (à direita) recebe das mãos do advogado ldibal Piveta o uniforme de guerrilheiro sandinista trazido da Nicarágua . ..
2 . . .. e entra numa espécie de ” êxtase” ao vestir a jaqueta.
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Plinio Corrêa de Oliveira “liderou desde meados dos anos 1930 um grupo de militantes católicos, incluindo clérigos, que desembocou na criação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a TFP, em 1960.” (10)
Sim, a TFP acaba de completar 60 anos de fundação, e sua atuação no Brasil em prol dos valores conservadores, antiprogressistas, a favor da Tradição, Família e Propriedade. https://ipco.org.br/tradicao-familia-propriedade/
Continua o artigo: “Por enquanto, o que podemos reconhecer é que esse alinhamento (de várias forças conservadoras) se reforça a partir de um horizonte teológico e de uma atitude psicopolítica.”
O pensamento dos professores fica mais claro adiante: “Em termos teológicos, os grupos católicos que passaram a demonstrar alguma atuação mais contundente nos últimos anos no Brasil tomam para si a curiosa missão de recristianizar o catolicismo.”
“Recristianizar, nesse caso, é sinônimo de restaurar uma ordem perdida após a despressurização distensora com a modernidade levada pelo Concílio Vaticano 2º (1962-1965). A revolução teológica que se coloca no horizonte desses atores é a contrarrevolução, a restauração,” concluem os professores Coppe Caldeira e Rodrigo Toniol. (11)
Mais uma vez o confronto entre os progressistas da modernidade levada adiante pelo Concílio Vaticano II e a força conservadora tão bem representada nas campanhas do Prof. Plinio e da TFP.
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Ainda o Pe. Beozzo: “Esta mudada percepção do papel da Igreja no campo religioso, político e social durante o Vaticano II, preparou igualmente o processo de resistência de uma parte importante das lideranças episcopais ao regime militar (…)
“Partindo da óbvia constatação de que existia no Brasil, como nos demais países, tanto um catolicismo intransigente como um catolicismo mais aberto social e doutrinariamente, propõe-se a analisar os vota das figuras mais em evidência destas duas tendências: para os intransigentes, os bispos de Campos e Jacarezinho, Dom Antônio de Castro Mayer e D. Geraldo de Proença Sigaud, próximos ambos à sociedade criada por Plínio Corrêa de Oliveira, a “Tradição, Família e Propriedade” e que contavam com um número restrito de seguidores e, para os “progressistas”, D. Helder Camara, o núncio Armando Lombardi e um grupo pequeno, mas aguerrido, de bispos, de modo particular do Nordeste.
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“Frei Beto tornou-se uma espécie de eminência parda da greve. Amigo pessoal e homem de confiança de Lula, passou a morar com o líder operário em sua casa, no Jardim Assunção, em São Bernardo do Campo. Frei Beto é conhecido por suas instruções táticas e, segundo um militante sindical, “é ele quem empurra Lula para a frente, na hora em que os pessimistas vêm com seus conselhos negativos e suas lamentações”. (foto ao lado)
https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Noite%20Sandinista_198008.pdf
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“De outra parte, o Vaticano II representou, para a Igreja Católica no Brasil, uma ocasião impar em sua história, reorganizando-a, não só internamente, mas inserindo-a também num complexo tecido de relações com as demais igrejas do mundo todo, com as outras igrejas da América Latina e redefinindo suas relações com o centro romano.
“Usando uma imagem dos dias de hoje, o Vaticano II, tirou a Igreja do Brasil duma relativa marginalidade no seio da Igreja universal, para a condição de uma global player, na complexa rede pastoral, espiritual, institucional e doutrinal do catolicismo contemporâneo. Este passo a Igreja do Brasil o deu, junto com o restante da América Latina, que protagonizou as conferências de Medellin (1968), Puebla (1979) e Santo Domingo (1992), mas, de maneira preeminente, pelo seu peso específico, pelo dinamismo de sua base eclesial, pela diversidade e qualidade de sua produção teológica e last but not least, pela continuidade nas orientações e opções da CNBB, calcadas em profunda fidelidade às grandes linhas do Vaticano II.” (12)
Mais uma vez, a imagem de Continente estratégico.
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Comentando recente livro publicado nos EUA, escreveu o Sr. Julio Loredo: “A ação anti-progressista de Plinio Corrêa de Oliveira, segundo Cowan, começou nos anos trinta com a constituição do Grupo Legionário, continuou com sua oposição ao neomodernismo dentro da Ação Católica nos anos quarenta, e com a fundação do movimento catolicismo nos anos 50.
Na época dos anos 60, o trabalho antimodernista de Plínio “repercutiu no Brasil [e também] teve repercussões internacionais significativas que ajudaram a moldar e sustentar a reação católica global à modernização e à secularização.”[3]Quando o Dr. Plínio chegou a Roma em 1962, portanto, ele já tinha ideias muito claras e um plano de batalha perfeitamente desenhado, ao contrário de muitos outros conservadores que “foram pegos de surpresa pela virada progressista do Conselho”[4]. Na verdade, explica Cowan, “a TFP antecipou a orientação do Concílio, e começou a se organizar antes dele começar.”[5] O arquivo privado do Monsenhor Sigaud contém o relato das reuniões com Plinio Corrêa de Oliveira para preparar o plano de oposição ao ataque progressista no Concílio, antes de ir para a Cidade Eterna.”
A luta contra o progressismo, conduzida com acerto e eficácia pelo Prof. Plinio e a TFP, — durante mais de meio século — mostra que o “canal estratégico” se situava na América Latina.
Pe. Joseph Comblin, revela: “As CEBs estão marginalizadas, fustigadas, fulminadas em todas as partes. Hoje, elas constituem minorias sem projeção no conjunto das igrejas locais. Aqui, todo mundo odeia o PT”. https://www.pliniocorreadeoliveira.info/GES_199301_pejosephcomblincebsfracassada.htm
E o que resta do PT sem apoio dos padres e bispos?
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Seus passos ressoam na História …
Não pudemos abordar campanhas da TFP, por exemplo, contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória, — outra bandeira do clero de esquerda no Brasil — seu empenho na defesa da livre iniciativa e da propriedade privada. Podem ser acessadas em https://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros.asp
Aos interessados em ampla documentação recomendamos a leitura de https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Minha_Vida_publica/MVP_01_Indice.htm
No Brasil, o Instituto Plinio Correa de Oliveira, fiel à seus princípios, continua a sua gesta. Em muitos países, TFPs ou Associações afins, mantém o pendão da luta contra a Revolução.
Nossa Senhora Aparecida, sob cuja proteção atuou sempre o Prof. Plinio, mantenha acesa no Brasil a luta contra o progressismo, o socialismo, o comunismo. Nossa gratidão, nossa determinação de seguir seus passos, nosso pedido para que nos ilumine, para que sua vida, seus livros, seus ensinamentos frutifiquem e alimentem o ardor de nossa juventude em defesa da Santa Igreja, da Civilização Cristã, do nosso Brasil. Nossas homenagens ao Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, nesse 3 de outubro, 26 anos de seu passamento.
Constatamos com júbilo, “seus passos ressoam na História” …
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(1) Padres Conciliares Brasileiros no Vaticano II: Participação e prosopografia 1959-1965 JOSÉ OSCAR BEOZZO, tese de doutorado, USP 2001
(2) Idem, pag 32
(3) Idem, pag 158
(4) Idem, pag 149
(5) O Cruzado do Século XX, prof. De Mattei
(6) Idem, pag 226
(6) Idem, pag 226
(7) Idem, pag 226
(8) Idem, pag 227
(9) Idem, pag 229
(12) José Oscar Beozzo, idem, pag 29)
Marcos Machado
492 artigosPesquisador e compilador de escritos do Prof. Plinio. Percorreu mais de mil cidades brasileiras tomando contato direto com a população, nas Caravanas da TFP. Participou da recuperação da obra intelectual do fundador da TFP. Ex aluno da Escola de Minas de Ouro Preto.
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