Ideologia homossexual e perseguição religiosa
Gabriel J. Wilson
“Por esse motivo, Deus os entregou a paixões degradantes, pois suas mulheres mudaram o uso natural em outro uso que é contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, abrasaram-se na mútua concupiscência, praticando uns com os outros o que é indecoroso e recebendo em si mesmos a paga, que era devida aos seus desregramentos. E como não procuraram ter de Deus conhecimento perfeito, entregou-os Deus a um sentimento pervertido, a fim de que fizessem o que não convinha” (Rom. 1, 26-28).
A ideologia da homossexualidade quer impor-se a toda a Europa e conta com possantes aliados no próprio seio das instituições europeias. Tal é, em suma, a denúncia formulada pelo Cardeal Giacomo Biffi, ex-Arcebispo de Bolonha, de acordo com extractos de uma nova versão das suas memórias, publicados no blog do conhecido vaticanista Sandro Magister e em outros sites. Limito-me a oferecer aos leitores de língua portuguesa uma tradução, com pequenas adaptações de estilo.

“É preciso nos prepararmos para uma nova forma de perseguição, executada pelos homossexuais facciosos, pelos seus cúmplices ideológicos e também por aqueles cujo dever seria o de defender a liberdade intelectual de todos, inclusive a dos cristãos”, lê-se nova edição aumentada de Memorie e digressione d’un italiano cardinale (Cantagalli, Siena, 2010).
Mas em que consiste essa ideologia da homossexualidade? Como se opõe à doutrina católica? Explica o Cardeal, a respeito do problema emergente da homossexualidade, que a concepção cristã nos ensina ser preciso distinguir sempre duas coisas: uma é o respeito devido às pessoas; outra é a recusa, que é justa, da “ideologia da homossexualidade”, hoje frequentemente exaltada em detrimento da realidade matrimonial e familiar.
Remetendo à epístola do Apóstolo São Paulo aos Romanos, mostra que a palavra de Deus nos propõe, em contrapartida, uma interpretação teológica do fenômeno da aberração cultural que se espalha nesse domínio. Essa aberração – afirma o texto sagrado – é ao mesmo tempo a prova e o resultado do fato de que Deus é excluído da atenção colectiva e da vida social e da reserva em Lhe render a glória que a Ele é devida (Rom. 1, 21).
A exclusão do Criador provoca um disparate universal da razão: “antes se desvaneceram nos seus pensamentos, obscurecendo-se, deste modo, o seu insensato coração. Considerando-se sábios, tornam-se dementes” (Rom. 1, 21-22). Em consequência da cegueira intelectual, produziu-se uma queda comportamental e teórica que se traduz na devassidão a mais completa: “Por isso, Deus, segundo os desejos dos seus corações, os entregou à impureza, a fim de que neles se degradassem os próprios corpos” (Rom. 1, 24).
E, de maneira a impedir qualquer leitura equívoca ou acomodatícia, o Apóstolo continua com uma análise impressionante, formulada em termos inteiramente explícitos: (mais…)