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4 min — há 6 anos
“Perseverai no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor. Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 9-11).
Com essas consoladoras palavras aos Apóstolos, nosso Divino Redentor, na véspera de sua Paixão, nos mostra o quanto deseja a nossa felicidade; e para torná-la possível, Ele morreu na cruz por nós. Não nos prometeu, evidentemente, a felicidade que o mundo promete. Nossas amargas experiências cotidianas provam com abundância que o mundo não cumpre suas falaciosas promessas, portanto não precisaríamos de comprovação científica para ter esta certeza.
A novidade, no entanto, é que instituições universitárias de renome começam a oferecer cursos especiais dedicados a ensinar aos universitários como conseguir a felicidade.[1] Já se pode desde logo prever o insucesso dessa empreitada, pois a “alegria completa” mencionada no Evangelho de São João apresenta esta condição: “se guardardes os meus mandamentos”. E o que se conhece sobre a generalidade desses profissionais do ensino universitário leva-nos a prever que tal condição será sistematicamente ignorada, quando não ridiculizada.
Com efeito, as regras que Deus nos impõe, sob a forma de Mandamentos, são garantias para atingirmos o grau de felicidade possível nesta Terra. São como o corrimão de uma escada: servem de apoio no caminho ascendente para o Céu, e ao mesmo tempo preservam-nos das quedas a que estamos sujeitos pela fraqueza e concupiscência. Se a obediência a essas regras exige sacrifício — portanto, certo sofrimento —, maior sofrimento traz a desobediência a elas.
Um exemplo frisante nos foi oferecido em 12 de agosto último pelo insuspeito diário madrileno “El País”, versão on-line, [2] com o título A economia do desamor. O autor analisa, a partir de dados estatísticos da Europa e dos Estados Unidos, as consequências do divórcio na vida financeira dos cônjuges. O cabeçalho já contém um significativo resumo: “Romper o vínculo familiar supõe, para as classes médias, uma viagem rumo ao empobrecimento”. Se bem que os aspectos econômicos não sejam os mais importantes no matrimônio e no divórcio, não se pode negar-lhes a importância. Afinal, a propriedade é o esteio da família; e a comunhão de bens, associada ao caráter indissolúvel do matrimônio como Nosso Salvador o instituiu, visa exatamente garantir a estabilidade da célula mater da sociedade.
A busca da felicidade fora das sendas iluminadas pelo amor de Deus não poderia conduzir a precipício maior que o divórcio. Do ponto de vista estritamente econômico, o divórcio “é um pedágio caro, pois quem passa por essa experiência perde, em média, 77% de seu patrimônio”. O autor o compara ao fenômeno astronômico do buraco negro: “O divórcio atrai e arruína o patrimônio com a mesma determinação com que essa geografia do espaço encarcera a luz e a matéria”.
Após uma análise toda ela voltada para as estatísticas — preocupada com os números, mas esquecida dos aspectos principais do matrimônio — o leitor é surpreendido por uma insólita conclusão: “Longe da geografia dos números, o estado ideal de todo casal […] é conviver como consta em uma carta que há mais de cem anos Otto von Bismarck escreveu a sua mulher. Naqueles dias, [as cartas] demoravam a chegar, ou não chegavam nunca. ‘Tenho medo de que te esqueças de mim’, anotou sua esposa. O chanceler alemão respondeu: ‘Não me casei contigo porque te quisesse, casei-me contigo para querer-te’. Oxalá a vida de casal transcorresse sempre como neste tempo do verbo”.
Ao que tudo indica, Bismarck compreendeu melhor que os liberais modernos o modo de encontrar a felicidade no matrimônio. No fundo, sua resposta — “casei-me contigo para querer-te” — pressupunha a determinação de vencer os obstáculos que ele desde o início divisara. Em linguagem católica, esses obstáculos chamam-se “cruzes”. São os sacrifícios que a obediência aos mandamentos supõe — aos casados, não menos que aos solteiros — sobretudo em um mundo paganizado, que rejeitou o jugo suave de Nosso Senhor.
Para atingir a “alegria perfeita”, a fórmula é clara: “perseverar no amor de Deus, guardando seus mandamentos”. Obviamente, com a assistência benfazeja da graça divina, inesgotável para aqueles que a procuram.
Notas:
– 1. https://exame.abril.com.br/carreira/depois-de-harvard-e-yale-unb-tambem-vai-ensinar-a-ser-feliz/
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