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Católicos de Shangai resistem com fé e heroísmo à perseguição


Arcebispo de Shangai Aloisio Jin Luxian, falecido em abril 2013
Arcebispo de Shangai Aloisio Jin Luxian, falecido em abril 2013

A mais importante diocese da China passa por uma de suas mais difíceis crises em decorrência da repressão comunista, denunciou o jornal de Londres “The Telegraph”.

A comunidade católica de Xangai reúne 150 mil fiéis, segundo o governo, mas os sacerdotes julgam que é o dobro disso.

O bispo de Xangai, Dom Aloísio Jin Luxian, faleceu no último mês de abril aos 96 anos de idade. E no dia 7 de julho aquele que caminhava para ser seu sucessor, o bispo auxiliar Dom Tadeo Ma Daqin, foi desaparecido pela polícia comunista.

Dom Tadeo Ma, momentos antes da polícia fazê-lo
Dom Tadeo Ma, momentos antes da polícia fazê-lo “desaparecer”

Dom Tadeo Ma parecia encarnar o enganador sonho de uma conciliação entre a ditadura de Pequim e a diplomacia da Santa Sé, conhecida como “Ostpolitik”.

Ele estava inscrito na Associação Patriótica – espécie de cúpula eclesiástica ilegítima controlada pelos ditadores de Pequim.

Porém, no dia de sua sagração, diante de milhares de fiéis reunidos na catedral, Dom Tadeo anunciou que renunciava a essa associação engendrada pelo comunismo, por ser incompatível com a fidelidade à Igreja e ao Papa.

Desde então ele é mantido em prisão domiciliar num seminário nos subúrbios da grande Xangai.

Sem bispos legítimos, a mais rica e mais importante diocese católica da China jaz envolta na incerteza.

Os fiéis se sentem “em estado de choque, aflitos e ansiosos”, diz o Pe. Michael Kelly, diretor da agência de notícias UCA News, uma das mais bem informadas sobre os assuntos católicos na Ásia.

“É o pior dos momentos… não sabemos qual será o próximo passo do governo. Não sabemos qual será o próximo passo da comunidade… Só Deus sabe o que acontecerá.”

“Neste país, você não ama o país se não ama o Partido Comunista. E muitos católicos chineses amam o país, mas não amam o Partido.”

A confusão estabelecida reaviva a memória da noite de 8 de setembro de 1955, quando agentes comunistas prenderam e aprisionaram os líderes católicos, inclusive ao bispo D. Jin, que acabou passando 18 anos atrás das grades e trabalhando em campos de concentração.

Semana Santa na China
Semana Santa na China

A atitude intrépida e a resistência de D. Tadeo ao comunismo deixaram os tiranos loucos de furor. Eles não querem mais saber de nenhuma ordenação, com medo de a cena voltar a se repetir.

Os equipamentos gráficos que Dom Jin importou da Alemanha foram proibidos de funcionar, pois, como forma de “castigo” à fidelidade de Dom Tadeo, a Associação Patriótica não aprova nenhum novo impresso.

A crise é agravada pelo fato de a Associação Patriótica proceder à sagração de quatro bispos sem a aprovação do Vaticano. Todos eles incorreram em excomunhão imediata e estão suspensos de ordens, mas ocupam ilegalmente as dioceses. Eles são repudiados pelo povo, mas sustentados pelo governo.

“Não há solução à vista para a presente confusão”, diz o padre belga Jeroom Heyndrickx, diretor do Instituto Verbiest da Universidade Católica de Louvain, partidário ardoroso do diálogo Pequim-Santa Sé, que acabou dando em renovada perseguição.

Dom Tadeo poderá ficar condenado a passar o resto de sua vida no isolamento. Mas sacerdotes e fiéis veem a atual provação como uma ocasião de “renovação”. Pois, dizem eles, “temos que amar as dificuldades. Nós sabemos que a dificuldade e a perseguição alimentam nossa esperança”.

“Se a Igreja não passasse por provações e desafios, não existiria Igreja nenhuma. Nós somos cristãos. Nós temos fé. Nós podemos esperar.”

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Luis Dufaur

Luis Dufaur

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Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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