Ajude a financiar a Semana de Estudos e Formação Anti-Comunista 2025
9 min — há 3 anos — Atualizado em: 1/15/2022, 5:26:02 PM
A trama progressista dentro da Igreja vem de longe. Condenado por São Pio X, o Modernismo toma outras roupagens. Publicamos a seguir trechos de comentários do Prof. Plinio, em Catolicismo, 1959 — sobre os Grupos Proféticos, sua doutrina igualitária, seu conceito imanente da divindade.
Continuamos a matéria do Post anterior https://ipco.org.br/formacao-insubordinacao-desalienacao-fio-de-meada-dos-misterios-profeticos/
Escrevia o Prof. Plinio: “O conceito-chave da doutrina dos “grupos proféticos” é, a nosso ver, a alienação. Assim, tomamo-la como ponto de partida e como fio condutor desta exposição. O leitor verá como, desta forma, a matéria se torna límpida e acessível.”
(…)
“2ª desalienação da Igreja: em relação ao sobrenatural e ao sagrado
A Religião Católica “constantiniana”, coerente com sua doutrina sobre a transcendência de Deus, admite o sobrenatural e com ele o sacral. Ora, o conceito de uma ordem sobrenatural, superior à natural, de uma esfera religiosa e sagrada superior à esfera temporal, importa em evidentes desigualdades. Daí provem, ipso facto, múltiplas alienações. Na Igreja-Nova, desalienante e desalienada, só se admite como realidade o natural, o temporal, o profano. É uma Igreja dessacralizada. Daí múltiplas conseqüências:
3ª desalienação da Igreja: em relação à Fé, à Moral, ao Magistério e à ação evangelizadora
4ª desalienação da Igreja: em relação à Hierarquia Eclesiástica
Uma vez que a autoridade é sempre alienante, é mister que não exista. E se existir, será somente na medida em que faça a vontade dos alienados, que assim escapam – pelo menos em larga medida – ao jugo da alienação.
Na Igreja “constantiniana”, a Hierarquia está investida do tríplice poder de ordem, de magistério e de jurisdição. A Igreja-Nova, esvaziando de conteúdo sobrenatural os Sacramentos, que estão sob o poder da Hierarquia de ordem, negando o Magistério, tinha em rigor de lógica que atentar contra a Hierarquia de jurisdição.
Assim, a existência de um Papa, Monarca espiritual rodeado do Colégio dos Príncipes eclesiásticos, que são os Bispos – dos quais cada qual é, na respectiva Diocese, como que um monarca sujeito ao Papa – não é compatível com a Igreja-Nova. Como também não podem subsistir os Párocos, que regem, sob as ordens do Bispo, porções do rebanho diocesano.
Cumpre, para desaliená-la inteiramente da Hierarquia, democratizar a Igreja. É preciso constituir, nEla um órgão representativo dos fiéis que exprima o que os carismas dizem no íntimo da consciência destes. Órgão eletivo, é claro, e que represente a multidão. Órgão que faça pesar decisivamente sua vontade sobre os Hierarcas da Igreja, os quais, também é claro, deverão, daqui por diante, ser eletivos. Em nosso entender, em rigor de lógica, esta reforma da estrutura da Igreja pleiteada pelo “movimento profético” só pode ser vista como uma etapa da realização cabal dos objetivos dele. Pois a desalienação completa envolveria, em estágio ulterior, a abolição de toda a Hierarquia.
Considerando, entretanto, tão somente a reforma que os “grupos proféticos” agora explicitamente pleiteiam, podemos dizer que ela transformaria a Igreja numa monarquia como a da Inglaterra, isto é, um regime efetivamente democrático, dirigido fundamentalmente por uma Câmara popular eletiva, onipotente, no qual se conserva pró-forma um Rei decorativo (no caso da Igreja-Nova, o Papa), Lords sem poder efetivo (os Bispos e Párocos), e uma Câmara alta de aparato (o Colégio Episcopal). E ainda, para que a analogia entre o regime da Inglaterra e a Igreja-Nova fosse completa, seria preciso figurar um Rei e Lords eletivos (isto é, Papa e Bispos eleitos pelo povo).
Para completar o quadro da democratização, cumpre acrescentar que, na Igreja-Nova, as paróquias seriam grupos fluidos e instáveis, e não circunscrições territoriais definidas como soem ser hoje. Esta fluidez, pensamos, também se estenderia, em rigor de lógica, às Dioceses. A Hierarquia já não seria na Igreja senão um nome vão.
5ª desalienação da Igreja: em relação ao Poder Público
Esta forma de desalienação já está incluída, a títulos diferentes, nos itens anteriores. A Igreja “constantiniana”, que tem um governo próprio e soberano em sua esfera, deseja a união e a colaboração com o Poder Temporal. Nisto, de algum modo Se alienaria a ele, e de algum modo o alienaria a Si.
A Igreja-Nova, por todos os motivos expostos, declara não precisar do Poder Público, nem desejar com ele relações de Poder a Poder. A mútua alienação terá, deste modo, cessado.Em conclusão
Assim em conclusão, a Igreja-Nova será inteiramente desalienada, e deixará inteiramente de ser alienante.
III – Só a luta de classes conseguirá a desalienação dentro da Igreja
1 . a Hierarquia ajudou a execução do programa “profético” de desalienação; porém, não pode dar o passo final
A desalienação total, pela qual a Igreja “constantiniana” Se deve metamorfosear em Igreja-Nova, poderão os “grupos proféticos” esperá-la da Hierarquia?
Tendo em vista que membros desta têm apoiado muitas medidas desalienantes, dir-se-ia que sim. Tanto mais quanto os “grupos proféticos” afirmam que a obra do Concílio Vaticano II teve um caráter desalienante, isto é, dessacralizante e igualitário, que representa um primeiro passo – se bem que tímido – no caminho de mais radicais transformações.
Entretanto, sem desdenhar o proveito que asseveram auferir da exploração de atitudes de certos Hierarcas e das decisões do II Concílio Vaticano, os “grupos proféticos” julgam que a desalienação completa só poderá vir de uma luta de classes entre o Episcopado e o Clero de um lado, e os leigos de outro.
A razão disto, alegam eles, está em que de um Hierarca simpático à desalienação se podem esperar concessões que lhe reduzam os poderes; mas, por mais simpático que seja, não há como esperar dele uma renúncia completa, que eqüivaleria a um suicídio.
2 . O meio para chegar à vitória da revolução desalienante na Igreja: a insurreição do laicato
Assim, cumpre conscientizar o laicato para que, em luta com os Hierarcas, exija as reformas de estrutura na Igreja, que A democratizem. Em suma, o remédio está na luta de classes dentro da Igreja.
Essa luta deve ser feita por etapas:
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/1969_220_221_CAT_IDOC_Grupos_Profeticos.htm#.YeHzMP7MKMo
***
No próximo Post veremos:
IV – Os “grupos proféticos”, artífices da luta de classes pela desalienação da Igreja
Plinio Corrêa de Oliveira
557 artigosHomem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".
Seja o primeiro a comentar!
Seja o primeiro a comentar!