Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 14 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:33:27 PM
Quem controla os gastos dos governos? Em princípio, um tribunal de contas, órgão da Justiça dedicado especialmente a essa tarefa, para proteger a sociedade. Mas quem garante a eficácia desse órgão, numa sociedade onde campeia a corrupção? – É um problema que em nossos dias afeta a maioria dos países. E, principalmente, o bolso de cada cidadão.
Na França, nasceu há alguns anos uma associação destinada a denunciar esbanjamento do dinheiro público oriundo de impostos que pesam sobre os particulares. Trata-se da associação Contribuintes Associados, fundada por François Laarman, que acaba de lançar, em 1º de Março p.p., um “livro negro” dos desperdícios ou abusos cometidos por governantes, deputados, autarquias etc. contra o patrimônio público francês.
Em 84 páginas eles denunciam, por exemplo, como vivem “os príncipes que nos governam”, “o sorvedouro das coletividades territoriais”, “os ruinosos anexos da função pública” e “as associações e sindicatos devoradores de subvenções”. Aí ficamos sabendo que a gripe A custou aos cofres públicos um bilhão de euros, e que a comuna de Saint-Cyprien gastou 450 mil euros (mais de um milhão de reais) para instalar toilettes públicos que só ficam abertos três meses por ano*…!
Aí figura também o caso da “Cidade Nacional da Imigração”, criada em 2007 e colocada sob a tutela de nada menos que quatro ministérios: Cultura, Interior, Educação e Pesquisa. Sua finalidade: mudar o olhar sobre a imigração. Seu custo: mais de 20 bilhões de euros ou 45 milhões de reais em trabalhos e 7,2 milhões de euros (mais de 15 milhões de reais) de orçamento anual.
Para quê? Para ser visitada, em 2009, por 85 mil pessoas, das quais 80% gratuitamente, em sua maioria escolares. Um luxo próprio a fornecer emprego a afiliados políticos, com a finalidade de “mudar o olhar sobre a imigração”…
Para se ter uma idéia desse tipo de inutilidade pública em termos brasileiros, algo de parecido encontra-se em São Paulo, junto ao Terminal Metrô da Barra Funda. Ali ao lado há vários edifícios com pretensão de obras de arte moderna, onde foram gastos perto de 50 milhões de dólares para abrigar o Memorial da América Latina, cuja finalidade parece ser a de glorificar as revoluções de caráter esquerdista no Continente.
Mas voltemos à França: irregularidades na distribuição de bônus e subsídios pela Prefeitura de Paris, reveladas por inquérito da Câmara Regional de Contas da Île-de-France (a região que envolve a capital), mostrou que a verba para esse tipo de lambança aumentou de pouco mais de 5 milhões de euros em 2002 para cerca de 13 milhões de euros em 2009. Os beneficiários também aumentaram: de 162 em 2002 para 7.200 em 2009 **…
As viagens presidenciais são outro capítulo. Em 2009, elas custaram quase 20 milhões de euros (mais de 45 milhões de reais), representando 18% do orçamento da presidência da república. A viagem de Sarkozy à ilha da Reunião, por exemplo, ficou em 1,6 milhão de euros (cerca de 3,6 milhões de reais).
Os serviços de segurança dos políticos eleitos também custam caro: o Serviço de Proteção das Altas Personalidades custa mais de 5 milhões de euros por ano. A França dá proteção policial ad vitam aos seus antigos ministros do Interior e assegura proteção a todos os membros do governo.
E no Brasil, hein? Quanto custará um vereador, deputado, um senador, um presidente da República? E as suas comissões, funcionários e mordomias? É bem nem falar.
*Cf. Arnaud Folch, Le livre noir des gaspillages, in Valeurs Actuelles, 17-2-2011, p. 10.
**Cf. Michel Janvas, Le livre noir des gaspillages, chrétienté-info, 17-2-2011.
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