Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
13 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:26:06 PM
Programa do governo brasileiro para “importar” médicos cubanos é tachado de mentiroso, escravocrata, favorecedor do totalitarismo comunista dos irmãos Castro, contrário à Constituição e impulsionador de um socialismo latino-americano.
Iniciada entre o governo petista e o Conselho Federal de Medicina (CFM), a acirrada polêmica ora em curso no Brasil em torno do programa “Mais Médicos” alastrou-se para diversos outros setores da sociedade brasileira e repercutiu fortemente no Exterior.
Por que tanto barulho?
O PT e a equipe governamental defendem o programa com unhas e dentes, entre outras razões porque o êxito do mesmo seria um importante trunfo para a anunciada candidatura a governador de São Paulo do atual Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Como também para a pretendida reeleição da presidente Dilma Rousseff.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), por sua vez, o critica acerbamente, tanto por considerá-lo uma falsa solução oriunda de quem deveria resolver de outro modo o problema — pois no Brasil o que falta não são médicos, e sim uma estrutura hospitalar e de enfermagem que garanta a adequada inserção dos profissionais da saúde no hinterland nacional — quanto por constituir concorrência desleal, fruto da imposição de médicos estrangeiros sem a devida comprovação de competência.
Se os termos da polêmica ficassem reduzidos a esses aspectos, não haveria muita razão para que ela se expandisse a outros setores da sociedade e extravasasse mesmo para o Exterior. Acontece, porém, que no decorrer do debate foram aparecendo razões mais profundas que norteiam o “Mais Médicos”. E essas razões são de interesse de todos os brasileiros e mesmo dos latino-americanos de modo geral. Elas dizem respeito à introdução sub-reptícia de elementos de desagregação comunista em nossa sociedade dita democrática.
Um rápido quadro da situação ajudará o leitor a se situar no problema.
Em 6 de maio deste ano, o então Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciava para um Brasil perplexo que o governo Dilma Rousseff iria “importar” seis mil médicos da Cuba comunista. A razão alegada era a falta de profissionais da saúde nas regiões mais carentes do território nacional, para onde seriam dirigidos os cubanos, sem necessidade de passar pelos testes necessários para revalidação de seu diploma.
A notícia caiu como uma bomba, houve muito burburinho, muita oposição, sobretudo tendo em vista o histórico de ação de Lula e do PT em favor dos comunistas cubanos.
Manhosamente, o governo então deu marcha à ré, ficou o dito pelo não dito, e anunciou que não viriam mais médicos da ilha comunista, mas especialmente de Portugal e Espanha.
As coisas estavam nesse pé quando o Ministério da Saúde anunciou de modo inesperado que quatro mil médicos cubanos viriam ao Brasil até o final do ano, sendo que 400 deles chegariam em seguida.
Soou o alarme. O que haveria de oculto por detrás desses vai-e-vens do governo petista? Começaram as indagações, as desconfianças, e assim as primeiras informações foram surgindo.
O governo pura e simplesmente tinha mentido, pois havia meses que a vinda dos cubanos estava sendo preparada na surdina. Até professores tinham sido enviados à ilha-prisão, para ensinar a língua portuguesa aos futuros “importados”. O programa “Mais Médicos” seria principalmente um disfarce para trazer os cubanos ao Brasil.
Segundo o conhecido jornalista econômico Carlos Alberto Sardenberg, “o governo brasileiro mentiu várias vezes nesse episódio. Em maio último, o então chanceler Patriota havia dito que se preparava a importação de 6 mil cubanos. Dada a reação ruim, o ministro Padilha disse que o governo havia desistido do projeto. Agora, assim de repente, aparecem 4 mil médicos preparados para vir ao Brasil. O governo apenas aproveitou o momento para lançar o Mais Médicos, com esse propósito principal de trazer os cubanos”.(1)
“Provavelmente já prevendo reações contrárias à sua ideia, o governo federal tratou o caso dos médicos cubanos em surdina, omitindo informações importantes a respeito, que agora começam a vir à tona. A vinda desses médicos estava sendo providenciada há pelo menos seis meses, bem antes, portanto, de o governo anunciar o seu plano. […] O governo não tem o direito de tratar dessa forma, com esse jogo de esconde-esconde, a população e as entidades médicas”.(2)
Mas por que mentir? Simplesmente porque havia motivos não confessados nesse imbróglio. Como é sabido, Cuba funciona como uma espécie de último bastião declaradamente comunista na América Latina. E as esquerdas em geral, em particular a petista, têm a peito manter o comunismo em Cuba custe o que custar, mesmo a preço de tiranizar a infeliz população local.
“O contrato para envio de médicos cubanos ao Brasil é conquista estratégica — diplomática e econômica — para o governo de Cuba. A chancela da maior economia da América Latina ao programa médico cubano alarga o prestígio conseguido pelas chamadas ‘missões médicas’, iniciadas nos anos 1960 por ideia de Fidel Castro. A atuação dos médicos, formados no sistema cubano funciona como propaganda automática do regime”.(3)
Ademais, como o pagamento aos médicos não é feito diretamente a eles, mas sim ao governo cubano, que lhes repassa uma pequena porcentagem, o contrato redunda num considerável aumento de divisas para o governo de um país que o comunismo reduziu à miséria.
Prossegue o editorial: “Com o negócio, Cuba conseguiu alinhar ideologia e diplomacia ao pragmatismo, já que hoje a exportação de serviços médicos é a maior entrada de dólares na economia”.
Façamos os cálculos: “um total de 480 milhões de reais por ano será entregue ao governo cubano, que decidirá quanto repassará aos seus médicos. […] Apesar das condições injustas, muitos médicos cubanos as aceitam porque é a única forma de subir alguns degraus na escala de miséria a que são submetidos em seu país. O agenciamento internacional de profissionais de saúde tomou-se tão rentável que o regime cubano passou a formar médicos em série. A exportação de médicos rende quatro vezes mais que os ingressos obtidos com o turismo”.(4)
O fato de os médicos não receberem o salário que lhes é destinado tem sido verberado como trabalho escravo. Os líderes do PP no Senado, Francisco Dornelles, e na Câmara, Jair Bolsonaro, uniram-se para aprovar alteração à Medida Provisória que introduz o “Mais Médicos”, a fim de tentar impedir a transferência ao governo cubano do salário devido aos médicos. A proposta é obrigar o governo de Dilma Rousseff a abrir uma conta bancária para pagamento dos médicos. “Nós não podemos permitir trabalho escravo”, defendeu Dornelles.
A condição de escravidão ainda é acentuada porque “o passaporte dos ‘internacionalistas’, como são chamados os médicos pelo regime castrista, não pode receber visto algum. Dessa forma, eles ficam impedidos de sair do país enquanto durar o contrato”.(5)
Para o jornalista Carlos Alberto Sardenberg, “os médicos ficam presos no Brasil, suas famílias, em Cuba. Parece exagerado, mas é a pura verdade”.
Vários médicos cubanos residentes na Venezuela declararam em entrevista reproduzida no Youtube que os médicos da ilha são pura e simplesmente trocados pelo petróleo venezuelano, como se tratasse de mercadoria. Sete desses médicos e um enfermeiro, que conseguiram escapar da Venezuela e estão atualmente nos
Estados Unidos, pretendem entrar com processo num tribunal de Miami contra Cuba, Venezuela e a estatal petrolífera PDVSA por impor trabalho escravo.
Chegaram os primeiros cubanos a Fortaleza. E o que aconteceu? De um lado, foram recebidos no aeroporto por manifestações contrárias, organizadas por setores médicos que apontavam o regime de escravidão a que os mesmos estão sujeitos, frequentemente sem culpa.
Mas a recepção mais significativa não foi esta, e sim a proveniente da esquerda brasileira, enfaticamente favorável à vinda dos médicos cubanos. Os slogans que gritavam em coro, de modo bem treinado, falam por si: “Brasil, Cuba, América Central, a luta socialista é internacional”; “Segura o imperialista, a América Latina vai ser toda socialista”; “Viva Fidel e a Revolução”. Como se vê, o que desejam importar para o Brasil não são médicos, mas sim a revolução comunista de Cuba.
Uma jornalista potiguar, examinando a aparência das médicas cubanas que chegavam, concluiu que elas têm “cara de empregada doméstica”. Fortemente pressionada, e acusada até de racismo (!), ela teve de pedir desculpas.
Vários Conselhos Regionais de Medicina disseram que vão negar registro a esses profissionais, e o governo ameaça entrar na Justiça contra os Conselhos. Por sua vez, o Tribunal de Contas da União se propõe analisar os contratos de trabalho, pois estes não se coadunam com a legislação trabalhista brasileira. Também o Conselho Federal de Medicina pretende buscar os meios judiciários contra o programa.
É importante notar que os petistas fazem habitualmente campanha para que sejam expropriadas sem indenização as propriedades rurais onde se constate a existência de trabalho análogo à escravidão, entendendo por tal até infrações trabalhistas de pequeníssima monta. Mas no caso dos médicos cubanos, não tem importância serem eles escravos do regime comunista.
Mais ainda. É tal o receio do governo de que alguns desses médicos busquem a liberdade e peçam asilo ao Brasil para se livrarem da canga dos irmãos Castro, que o Advogado Geral da União declarou, previamente à chegada deles, que não lhes será concedido asilo se fugirem, e nesse caso serão deportados para Cuba. É de uma crueldade sem nome!
Previdente foi o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Jr, que proibiu no município a contratação de qualquer profissional médico com diploma de graduação emitido por Universidades estrangeiras, sem a posterior revalidação de seu diploma por Universidades Públicas brasileiras.
O conhecido tributarista brasileiro, Prof. Ives Gandra Martins, após descrever o caráter inconstitucional dessa “importação”, diz: “A preferência da presidente Dilma Rousseff pelos regimes bolivarianos é inequívoca […] financia o regime cubano com dinheiro que melhor poderia ser utilizado para atender às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS)”.(6)
Depois de conjeturar que os servidores cubanos poderiam ter outro objetivo distinto do medicinal, o Prof. Gandra esclarece: “A hipótese que levanto me preocupa mais ainda porque foi a presidente guerrilheira e muitos de seus companheiros de então treinados em Cuba, e pretendiam impor um governo semelhante no Brasil […] Receio de que suas preferências ideológicas estejam na raiz dos problemas que vivemos, incluída a importação de agentes públicos de Cuba que se intitulam médicos”.
O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – SP, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, após mostrar que a lei brasileira está sendo burlada no caso dos médicos cubanos, pergunta por que razão se faz essa ajuda financeira ao governo de Cuba. E em seguida adverte que “nós, advogados, deveremos verberar mais essa conduta, no mínimo, esdrúxula do governo. Não esqueçamos, amanhã o mesmo poderá ocorrer conosco, com os engenheiros, economistas, etc., etc. E, de repente, será decretada a incompetência dos profissionais brasileiros, para gáudio de cubanos, venezuelanos, bolivianos e outros alinhados”.(7)
Nada do que afirmamos neste artigo é dito em desabono dos médicos cubanos, mesmo quando não estejam capacitados para suas funções. De modo geral eles são mais vítimas do governo dos irmãos Castro do que culpados. A não ser, é claro, quando não se trate de médicos, mas de agentes do regime comunista disfarçados.
Nesse sentido são esclarecedores os dados apresentados em entrevista pelo Dr. Gilberto Velazco Serrano, médico que conseguiu fugir da missão cubana na Bolívia e que se encontra atualmente em Miami.(8)
“Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudar. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso.
“Fomos enviados 140 médicos para a Bolívia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não chovia havia meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior de tudo é que o grupo de 140 pessoas não era formado apenas por médicos — havia pelo menos 10 paramilitares. A chefe da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fugisse.
“Não me esqueço do que disse a chefe da brigada: ‘Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar de doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pôde terminar’.”
Ele prossegue, dizendo que a formação de um médico em Cuba “é muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada […] não havia reativo de glicemia para fazer um exame, por exemplo. Não dava para fazer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até água. Vi diversos pacientes que só foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeiro. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco”.
O escândalo da “importação” de médicos cubanos chamou a atenção do Chefe da Casa Imperial do Brasil, Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, que lançou a respeito um comunicado lúcido e altamente esclarecedor.
“Aumenta, dia a dia, em considerável parte de nossa população — afável, ordeira e laboriosa — o sentimento de inconformidade e rejeição ante os crescentes desmandos de algumas de nossas mais altas autoridades, obstinadamente comprometidas com metas ideológicas avessas ao sentir da alma cristã de nosso povo. O País assiste nestes dias, estupefato e incrédulo, ao que algumas vozes ponderadas já não hesitam em qualificar de um moderno tráfico de escravos ideológicos.
“A se consolidar esta espúria operação, o Brasil terá sido empurrado decididamente para os descaminhos do totalitarismo. Hoje escravidão de pobres cubanos, amanhã talvez de brasileiros. É, pois, com repulsa que vejo autoridades da República, com profundos laços ideológicos com o regime comunista de Cuba, fazerem semelhante acordo, favorecendo ademais a sobrevivência de uma ditadura que visa estender pelo território brasileiro os males com que o expansionismo castrista fustiga há décadas países de nosso Continente”.
E Dom Luiz, digno descendente de nossos imperadores e da Princesa Isabel, termina com um apelo: “Urge que os brasileiros, das mais diversas condições, abandonem certa inércia desavisada na qual se encontram e se articulem para fazer refluir as ameaças que, contrárias ao modo de pensar, de agir e de viver, da grande maioria de nossa população, vão baixando sobre o País. É neste sentido que elevo minhas preces a Nossa Senhora Aparecida, a quem Dom Pedro I consagrou o Brasil, logo após nossa Independência, como Padroeira e Rainha”(9).
Neste final de artigo, fazemos nosso esse tão oportuno apelo de Dom Luiz.
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Notas:
Gregorio Vivanco Lopes
173 artigosAdvogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".
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