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Mercosul-Unasul: “dupla aliança” chavista-castrista contra o Paraguai

Por Armando Valladares

4 minhá 12 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:29:31 PM


Por uma ironia da História, o julgamento sumário e o consequente Golpe Internacional de Estado contra o Paraguai padeceram exatamente dos vícios que se alegam contra o Poder Legislativo paraguaio.

Miami (FL), 30 de junho de 2012 – Na sexta-feira, 29 de junho, a Dupla Aliança Mercosul-Unasul promoveu um virtual Golpe Internacional de Estado contra o Paraguai, suspendendo-o como país-membro. Mercosul e Unasul reeditaram assim, no plano político, a chamada Tríplice Aliança, um pacto militar articulado no século XIX por dois países gigantes limítrofes contra esse pequeno país sul-americano.

A escusa para esse novo golpe dos governos sul-americanos contra o pequeno Paraguai foi a de que a destituição do ex-presidente Lugo pelo Poder Legislativo teria violado as regras de jogo democráticas e que o mandatário não teria tido todo o tempo necessário para se defender devido à celeridade do processo de destituição.

Por uma ironia da História, o julgamento sumário e o consequente Golpe Internacional de Estado contra o Paraguai padeceram exatamente dos vícios que se alegam contra o Poder Legislativo paraguaio. A contradição não poderia ser maior nem mais flagrante. Foram violadas sistematicamente as normas mais elementares da justiça, da equidade, do respeito e da convivência democrática entre Estados, a ponto de o novo Presidente do Paraguai, Federico Franco, e seu chanceler terem sido proibidos de participar das reuniões do Mercosul e da Unasul. Os gigantes condenaram o pequeno Paraguai sem sequer dar às suas autoridades a menor possibilidade de se defenderem.

A jornalista Tânia Monteiro, enviada especial do jornal brasileiro “O Estado de S. Paulo” à reunião Mercosul-Unasul, revela que os mandatários do Mercosul, enquanto tramavam a expulsão do Paraguai por uma porta e articulavam a não menos sumária entrada da Venezuela chavista pela outra, não conseguiam ocultar a preocupação de que essas decisões arbitrárias possam ser denunciadas pelo governo paraguaio ante as cortes internacionais de justiça e organismos análogos.

Por ocasião de acontecimentos políticos, sociais e até criminais de envergadura, para encontrar as motivações profundas de seus protagonistas e identificar devidamente os responsáveis, os analistas costumam levantar a clássica pergunta: A quem favorece o ocorrido?

No caso do Golpe Internacional de Estado contra o Paraguai, tal pergunta resulta supérflua em 50%, pois fica claro que se aproveitou da suspensão desse país para colocar no Mercosul a Venezuela chavista, inclusão esta cujo maior obstáculo provinha precisamente do Senado paraguaio. Os outros 50% encontram sua resposta no ânimo pró-castrista quase generalizado dos mandatários presentes, os quais na recente Cúpula das Américas rasgaram as vestes por ter sido vetada a presença do “democrático” regime comunista de Cuba que há mais de meio século comete um sistemático e criminoso genocídio material e espiritual contra minha querida Pátria cubana.

A quem favorece então esse Golpe Internacional de Estado contra o Paraguai promovido por essa sui generis Dupla Aliança Mercosul-Unasul? Sem dúvida, ao “eixo do mal” chavista-castrista da América Latina.

Em 2009, ao produzir-se em Honduras a destituição do presidente pró-chavista Manuel Zelaya, levantou-se, da parte de mandatários, dirigentes esquerdistas, pró-esquerdistas e inocentes úteis do Hemisfério, uma das maiores gritarias internacionais jamais presenciadas.

Poucos dias antes da destituição de Zelaya, a OEA, reunida em Honduras e tendo à frente seu nefasto secretário-geral, havia aberto de par em par suas portas para a Cuba comunista, sem impor-lhe condições.

Na condição de cubano e de ex-preso político que passou 22 anos nas masmorras de Cuba, e também na de iberoamericano, assumi imediatamente a defesa de Honduras, escrevendo numerosos artigos nos quais denunciava a cumplicidade da OEA com as esquerdas hondurenhas. Mostrei os ‘dois pesos e as duas medidas’ da “política do garrote” para Honduras e da “política de sorrisos” para a Cuba comunista, e também a responsabilidade do kerenkismo político e eclesiástico iberoamericano pavimentando o caminho para as esquerdas.

En 2012, tres años después de la crisis hondureña, mi conciencia de cubano e iberoamericano no me permite permanecer en silencio delante de una conjura política contra la pequeña, sufrida y heroica nación paraguaya, una conjura que tiene entre sus lamentables consecuencias inmediatas el fortalecimiento del chavismo y, por lo tanto, del cordón umbilical que, desde Venezuela, mantiene con vida a los carceleros castristas. Pido la ayuda de la Divina Providencia para la nación paraguaya, de manera que pueda resistir a las presiones internacionales, inspirándose en el consejo del Apóstol San Pablo, “esperando contra toda esperanza”.

Em 2012, três anos depois da crise hondurenha, minha consciência de cubano e de iberoamericano não me permite permanecer em silêncio diante de uma conspiração política contra a pequena, sofrida e heroica nação paraguaia. Conspiração que tem, entre suas lamentáveis consequências imediatas, o fortalecimento do chavismo e, portanto, do cordão umbilical que a partir da Venezuela mantém com vida os carcereiros castristas. Peço a ajuda da Divina Providência para a nação paraguaia, a fim de que ela possa resistir às pressões internacionais inspirando-se no conselho do Apóstolo São Paulo: “Esperando contra toda a esperança”.

 

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Armando Valladares

Armando Valladares

8 artigos

Armando Valladares, escritor, pintor e poeta, passou 22 anos nos cárceres políticos de Cuba. É autor do best-seller "Contra toda a esperança", onde narra o horror das prisões castristas. Foi embaixador dos Estados Unidos ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU sob as administrações Reagan e Bush. Recebeu a Medalha Presencial de Cidadão e o Superior Award do Departamento de Estado. Tem escritos numerosos artigos sobre a colaboração eclesiástica com o comunismo cubano e sobre a "ostpolitik" vaticana para Cuba.

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