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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

O Incêndio de Notre Dame: acidente ou crime?

Por Francisco Jorge Dozsa Dolanyi

4 minhá 6 anos — Atualizado em: 4/24/2019, 8:25:50 PM


O incêndio de uma das jóias da humanidade, a Catedral de Nôtre Dame de Paris, chocou a Cristandade.

Durante e logo após o incêndio, e antes mesmo das investigações sobre as causas do mesmo, muitas pessoas na imprensa escrita, na rádio, na televisão – e até mesmo nas redes sociais – passaram a dizer que, aparentemente, tratou-se apenas um incêndio acidental, durante as obras de sua restauração.

Essa explicação simplista e superficial espantou-me tanto quanto o incêndio. Imediatamente pensei na atual ditadura do politicamente correto e da mediocridade.

Explico-me melhor. Ao mencionar aqui a ditadura da mediocridade quero fazer uma distinção entre medíocres e medianos. Tem-se o direito de ser mediano, tanto quanto o de ter nascido com um estofo pessoal vigoroso, ou apenas suficiente. A mediocridade, por sua vez, é o mal dos que, inteiramente absorvidos nas delícias da preguiça e pela exclusiva deleitação do que está ao alcance da mão, pelo inteiro confinamento no imediato, fazem da estagnação a condição normal de suas existências. Não olham para trás: falta-lhes o senso histórico; nem olham para frente, ou para cima: não analisam nem prevêem. Têm preguiça de abstrair, de alinhar silogismos, de tirar conclusões, de arquitetar conjecturas. Sua vida mental se cifra na sensação do imediato. A abastança do dia, a poltrona cômoda, os chinelos e a televisão: não vai além seu pequeno paraíso. Paraíso precário que procuram proteger com toda a espécie de seguros: de vida, de saúde, contra o fogo, contra acidentes, etc., etc.

E tanto mais feliz o medíocre se sente, quanto mais nota que todas as portas que podem se abrir para a aventura, para o risco, para o esplendoroso – e portanto, também, para os céus da Fé, para os largos horizontes da abstração, os imensos vôos da lógica e da arte, para a grandeza de alma, para o heroísmo – estão solidamente cerradas. Por meio do sufrágio universal, os medíocres fizeram tantas leis, tantos regulamentos, instituíram tantas repartições públicas, que nenhuma fuga das almas superiores, para fora dos cubículos dessa mediocridade organizada, é possível. Sem terem a intenção de o fazer, os medíocres impõem, entretanto, às almas de largos horizontes, a ditadura da mediocridade.

Como todas as ditaduras, também esta só se prolonga quando chega a monopolizar os meios de comunicação social. Cada vez mais as mediocracias vão penetrando nos jornais, nas revistas, no rádio e na televisão.

E se fosse só isso! O ecumenismo, com a infatigável e vã tagarelagem de seu diálogo, é bem a religião dos mediocratas. Uma espécie de seguro, ou de resseguro, para a vida e para a morte, mediante o qual todas as religiões são solicitadas a dizer em coro que indiferentemente, com qualquer delas, os homens podem alcançar para sua saúde, seus negocinhos e sua segurança, e mesmo depois da morte, um bom convívio com Deus.

Nesta perspectiva, parece que a Deus é indiferente que se siga qualquer religião. Pode-se até blasfemar contra Ele e persegui-Lo. Pode-se até negá-Lo. Ele é indiferente a todos os atos dos homens. Olimpicamente indiferente. Ecumenicamente indiferente. Como, aliás, os medíocres, por sua vez, tenham eles ou não algum Crucifixo, algum Buda de louça ou de cerâmica, ou algum amuleto, nos locais em que dormem ou em que trabalham, são olimpicamente indiferentes a Deus.

Na atmosfera relativista dos paraísos cubiculares mediocráticos, Deus é – segundo o brocardo italiano – um ente “con il quale o senza il quale, il mondo va tale quale”.

Nesta perspectiva também, Deus pagaria aos homens na mesma moeda. Poder-se-ia então dizer que a humanidade é, para Ele, o formigueiro (ou ninho de víboras?) “con il quale o senza il quale, Iddio (o Senhor Deus) va tale quale”.

Tão frequentes nas direitas, no centro ou nas esquerdas do mundo inteiro, a mediocracia e o indiferentismo religioso são corolários um do outro. Como, por sua vez, esse indiferentismo não é senão uma forma de ateísmo. O ateísmo dos que, mais radicais (em certo sentido) do que os próprios ateus convencionais, não tomam Deus a sério. Ao passo que o ateu, se tivesse a evidência de que Deus existe, O odiaria… ou, talvez, O serviria… Mas, em todo caso, O tomaria a sério.

O incêndio de Notre Dame, acidente ou crime?

Diante do dilema, os medíocres se defenderam à maneira deles e logo quiseram afastar de suas vistas as análises incômodas, as previsões e conjecturas desagradáveis. Mediocremente, agarrados apenas às sensações momentâneas, sem convicções, coerência ou entusiasmo, logo optaram pela tese fácil do acidente. Não aproveitaram a lição.

A lição aproveitará pelo menos aos medíocres de outros países, fora da França? Temo que não. Pois se há coisa que o medíocre não faz é aproveitar a lição do vizinho. Por definição, ele só vê perto. E só enxerga o dia de hoje, como disse.

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Francisco Jorge Dozsa Dolanyi

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