Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 14 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:32:50 PM
No Paquistão, num mar de 167 milhões de habitantes, os cristãos somam menos de 3% da população. Nesse país dominado por fundamentalistas mulçumanos, criticas ao islamismo são punidas severamente e certas leis facilitam a perseguição religiosa.
O caso de Asia Bibi Noreen
Atualmente, um caso está comovendo o mundo. Asia Bibi Noreen, paquistanesa de 45 anos, casada e mãe de várias filhas, foi condenada à morte por “crime de blasfêmia” em novembro do ano passado e será enforcada se a Alta Corte apoiar a sentença.
“Eu não sou uma criminosa, não fiz nada de mal. Estou sendo julgada por ser cristã. Creio em Deus e em seu enorme amor. Se o juiz me condenou a morte por amar a Deus, estarei orgulhosa de sacrificar minha vida por Ele”, afirmou Asia Bibi ao seu advogado Shahzad Kamran .
O juiz Navid Iqbal, da cidade de Nankana, na província do Punjab, depois de 16 meses de julgamento, condenou Asia Bibi à pena máxima. Antes de dar a sentença, Navid procurou-a na prisão e disse que para ela sair livre era necessário se converter ao Islã. Mas a resposta de Asia Bibi certamente deixou o juiz desconcertado: “Prefiro morrer cristã que sair da prisão como mulçumana”.
O presidente paquistanês Arli Zardari concedeu a ela um indulto, mas a Alta Corte do país não permitiu o perdão do governo enquanto o caso estiver pendente.
Asia Bibi e sua família viviam num vilarejo de maioria mulçumana. Certo dia, ao ir buscar água em um poço, umas mulheres quiseram impedi-la dizendo que por ser cristã era impura e contaminaria a água que elas bebem. Isso iniciou uma discussão e quiseram forçar Asia a virar mulçumana, mas ela afirmou que “Jesus Cristo morreu na cruz pelos pecados da humanidade” e perguntou para as mulheres o que Maomé tinha feito por elas. Dias depois, Asia e suas filhas foram atacadas pelos moradores que, instigados pelo líder mulçumano da mesquita local, jogavam pedras em sua residência. A polícia chegou e prendeu Bibi por “crime de blasfêmia”.
Esse caso é o mais recente ocorrido no Paquistão. Em vigor desde 1986, 33 pessoas tiveram a mesma sentença decretada. Mas foram assassinadas antes mesmo que o processo terminasse, como ocorreu com os irmãos católicos Rashid e Sajid Emmanuel, brutalmente assassinados na saída do tribunal, em Julho de 2010 (1). Um religioso muçulmano, Yousaf Qureshi, ofereceu cerca de 5.500 dólares de recompensa para quem matar Asia Noreen que, por medida de segurança, foi isolada dos outros prisioneiros.
No inicío deste ano, o governador da província de Punjab, Salman Taseer, foi assassinado pelo seu guarda-costas por ter defendido Asia Bibi.(2)
O movimento espanhol Hazte Oir recolheu 600 mil assinaturas entregues na embaixada do Paquistão pedindo a libertação de Asia Bibi. (3)
Martírio do ministro paquistanês Shahbaz Bhatti
Segundo a lei contra blasfêmia, basta o relato de única testemunha – sem necessidade de provas – contra um cristão para se decretar a pena capital. Todos os defensores da reforma desta lei sofrem ameaças de morte e muitos já foram assassinados, como o recente martírio de Shahbaz Bhatti, ministro paquistanês para as minorias religiosas. Católico, Bhatti havia respondido as ameaças com ufania: “Quero viver por Cristo e por Ele quero morrer”.
Para os fundamentalistas mulçumanos, tentar reformar a lei contra o “crime de blasfêmia” já se enquadra no delito de blasfêmia, pois para eles tal norma pertence à Sharia que é o conjunto das leis religiosas do islamismo. E alterar uma “revelação divina” é blasfêmia.
“Quero somente um lugar aos pés de Jesus. Quero que a minha vida, o meu caráter, as minhas ações falem por mim e digam que estou seguindo Jesus Cristo. Tal desejo é tão forte em mim que me considerarei um privilegiado se – neste meu esforço de batalha em ajudar os necessitados, os pobres, os cristãos perseguidos do Paquistão – Jesus quisesse aceitar o sacrifício da minha vida” (4), escreveu Shahbaz Bhatti em seu testemunho espiritual publicado pelo jornal italiano “Corriere de La Serra”.
No dia 2 de março, o carro (foto ao lado) que transportava Shahbaz Bhatti foi baleado por quatro homens. Ao chegar ao hospital, seu corpo estava sem vida, mas sua alma na glória celeste. Em reunião entre 20 a 25 de Março, os Bispos do Paquistão aprovaram por unanimidade a proposta de submeter à Santa Sé um pedido formal para que o ministro católico Shahbaz Bhatti seja declarado “mártir”.
A Federação Pró-Europa Cristã, com sede em Bruxelas, está organizando uma petição em apoio dessa iniciativa dos bispos paquistaneses. “O saudoso Sr. Shahbaz Bhatti merece, de fato, a glória dos altares pela sua determinação inalterável de dar testemunho, até à morte, da verdade da Fé e da doutrina cristã e pelos seus numerosos atos de força, que culminaram na sua imolação”, afirma o texto da petição. (Clique aqui para assinar esse apelo)
Enquanto os países outrora cristãos do ocidente afundam cada vez mais na imoralidade – onde infelizmente muitos católicos vivem despreocupados, gozando a vida em conúbio com essa mesma imoralidade – nossos irmãos na Fé sofrem perseguições e muitos são imolados pela tirania de países persecutórios ao cristianismo.
O ocidente com toda sua força diplomática e militar nada faz por eles e, pior ainda, caminha para o mesmo fim: perseguir o cristianismo.
Fontes:
1 – Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, 23/9/2010
2 – O Estado de São Paulo, 4/1/2011
3 – InfoCatólica, 12/12/2010
4 – Corriere de La Serra , 3/3/2011, tradução retirada do site Fratres In Unun
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