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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Tempestade de informações ou reflexão? Como interessar o brasileiro no estudo?


Nosso smartphone acumula dados; o homem, feito à imagem e semelhança de Deus (1), analisa e reflete sobre os dados. Inteligência e vontade é o que nos torna diferentes e superiores aos outros seres vivos que não possuem alma imortal.

O homem não se confunde com um banco de dados. Assim como nosso organismo digere os alimentos, nossa inteligência processa as informações. Afinal, não somos robôs.

Como ajudar o brasileiro a aproveitar suas qualidades? Vimos, no último artigo, que somos ágeis em captar as realidades e débeis em explicitar. Ajudemos, pois, os nossos compatriotas.

Captação da realidade

Ensina o Prof. Plinio: “O brasileiro, especialmente, é muito intuitivo: vê uma coisa e “pesca” algo, mas tem dificuldade em explicitar.

“O que é uma explicitação? É o trabalho pelo qual uma pessoa consegue definir uma ideia ou noção rica em seu espírito, mas que se achava confusa porque não se sentia capaz de exprimi-la.

“Então, a explicitação é o trabalho pelo qual a pessoa atua sobre essa noção implícita e a transforma em uma formulação clara, precisa, definida, explícita.

“Os prefixos “in” e “ex” significam isso: “in” é para dentro, “ex” é para fora: exterior, explosão, explicitação.”

… E pouco hábito de refletir

Continua o Prof. Plinio: somos um povo que tem muita captação implícita das coisas e pouco hábito de explicitar, talvez até uma certa dificuldade de o fazer.

Qual o método de ensino para o brasileiro?

O Prof. Plinio fala de uma dupla abordagem no método de ensinar o brasileiro. Há matérias que o aluno precisa aprender, — por exemplo, a geografia, ciências exatas etc — ele não tem conhecimento do tema, precisa se informar, é um processo de fora para dentro; mas há uma importante faixa em que é preciso ajudar o aluno a explicitar o que já intuiu. Ele viu, intuiu e ainda não sabe externar, explicitar.

Havia, por exemplo, em aulas de português, a descrição e a composição.

Descrever uma cena que se viu, descrever um panorama é um exercício de explicitação daquilo que se viu e intuiu. Comporta um esforço, uma aplicação da inteligência e da vontade para tirar de si as impressões. Já a composição é um exercício intelectual, como o nome indica, a fim de produzir um conto, uma história, uma narração.

O que nada tem a ver com a palavra-talismã “narrativa“, que se tornou um instrumento da esquerda, para implantar a ditadura do pensamento único.

Exemplo: o pêssego de cera

Deixemos um pouco a teoria e vamos aos exemplos.

A ciência técnica e fria não dá o melhor do conhecimento da coisa, por exemplo, “um indivíduo que fizesse um estudo sobre frutas e que nunca tivesse comido uma fruta. Pode ter mil conhecimentos de um pêssego, mas um camponês que comeu um pêssego tem, sobre o pêssego, certo tipo de conhecimento, que é superior, por algum lado, ao de todos os outros cientistas que dissertassem sobre a fruta,” conclui o Prof. Plinio. É a diferença que vai de um pêssego de cera para o sabor de um pêssego real.

Partir do concreto ajuda o brasileiro

O brasileiro só começa a pensar a partir do momento que sente o sabor do concreto que se pegou com a mão. Trata-se de interessar o brasileiro pela matéria.

Então, uma coisa é o tema, e outra coisa é o método para tornar útil o tema, para despertar o interesse do brasileiro pelo assunto. Por essa razão, a secção Ambientes, costumes, civilizações partia de exemplos concretos como forma de despertar o interesse pelos princípios.

Qual é a utilidade disso? 

“Nós aprendemos no Catecismo uma série de noções. Mas depois encontramos na vida prática uma porção de ambientes, de costumes e toda uma civilização que contrariam os princípios que aprendemos no Catecismo. Mas não somos formados, pela maior parte dos diretores de vida espiritual, no hábito de analisar as coisas sob o ponto de vista católico, aprovando as que são católicas e censurando as que não o são. É um hábito que não temos. Vamos olhando as coisas assim (superficialmente)… E o resultado é que elas nos influenciam. Teoricamente somos como o Catecismo manda. Mas no modo de sentir, no modo de agir, muitas vezes somos diferentes.” (2)

Exemplos concretos, em Ambientes, Costumes, Civilizações é o que pretendemos mostrar no próximo artigo.

Esse é o método adequado ao brasileiro que o ensina a refletir e explicitar. Muito ao contrário do smartphone que nos inunda com uma tempestade de informações.

(1) Façamos o homem à nossa imagem e semelhança: e presida aos peixes do mar, e às aves do céu, e aos animais selváticos, e a toda a terra, e a todos os répteis, que se movem sobre a terra. (Gen. 1-26)

(2) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_710827_ACC_comoestudar.htm#.YYAOLJ7MKMo

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Machado Costa

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