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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

04/12 – São João Damasceno, Doutor da Igreja

Por Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

5 minhá 4 anos


Cognominado o “Último Padre Grego da Igreja” e  primeiro dos escolásticos, combateu heresias, e escreveu obras que lhe mereceram o título de Doutor da Igreja.

São João Mansur, conhecido como Damasceno por ter nascido em Damasco no último quartel do século VII, era cristão de origem árabe. Sérgio Mansur, seu pai, homem de boa fortuna, por sua probidade tinha um posto elevado no Califato como encarregado de receber os impostos dos cristãos. Lídimo católico, um dia ele estava no mercado onde apresentavam os últimos cativos cristãos pegos nas costas da Itália. Entre eles estava um monge de nome Cosmas. Mansur acabou sabendo que ele era homem de profunda e vasta erudição. Comprou então sua liberdade, e o fez tutor de seus filhos. Sobretudo João aproveitou muito no estudo, fazendo rápidos progressos tanto em música quanto em astronomia e teologia.

À morte de seu pai, João Mansur sucedeu-o no mesmo cargo, que desempenhava com igual competência, até que se iniciou em Constantinopla a querela sobre as imagens.

O Imperador do Oriente Leão III, chamado o Isaurico, era ótimo militar, mas péssimo administrador. Ora, ele quis legislar também sobre  religião, apesar de ser muito ignorante na matéria. Chegou à conclusão de que, no culto católico, as imagens eram um obstáculo para a conversão dos judeus e muçulmanos à fé, além de ser um “culto supersticioso”. Como muitos outros heresiarcas, quis então “purificar a Igreja” de suas “superstições”, e centralizá-la tanto quanto possível sob o Patriarca de Constantinopla, para desse modo fortalecer e centralizar o Estado e o Império.

Assim, em 726 Leão o Isáurico publicou seu primeiro edito contra a veneração das imagens, apesar dos protestos de São Germano, Patriarca da cidade imperial, e de outros teólogos.

São João Damasceno, que podia falar da Síria sem entraves por não estar sujeito ao Imperador, imediatamente entrou em liça escrevendo três cartas contra o iconoclasta e seu edito. Dizia ele que a Igreja não adora senão a Deus, e que venera os Santos: “Quanto às imagens, elas servem para nos instruir, para despertar nossa devoção, porque nossa natureza sendo dupla, sensível e intelectual, é-nos necessário as coisas visíveis para nos lembrar as invisíveis. Deus tornou-se ele próprio visível encarnando-se”.

O Imperador, querendo castigar o Santo, como este estava fora de sua jurisdição, mandou forjar uma carta sua na qual Damasceno, dirigindo-se supostamente a ele, Imperador, oferecia-se para entregar-lhe Damasco por traição. O infame mandou a carta para o califa de Damasco. Este, reconhecendo a escrita do Damasceno, mandou cortar-lhe a mão que a escrevera. Entretanto, de acordo com o primeiro biógrafo do santo, a mão lhe foi miraculosamente restaurada ao braço pela intervenção de Nossa Senhora. O califa, reconhecendo pelo milagre a inocência do Santo, o restaurou no cargo.

Depois disso, o Damasceno se havia desiludido com o mundo, retirando-se para o mosteiro de São Sabas, na Palestina.

Sendo ele homem de grande fama e erudição, poderia ser tentado a procurar privilégios no mosteiro. Por isso os superiores lhe deram as seguintes normas a seguir: “Não procures fazer nunca a tua vontade. Aprende a morrer a ti mesmo para chegar ao completo desapego de todas as criaturas. Oferece a Deus as tuas ações, sofrimentos e orações. Não te ensoberbeças em virtude dos teus conhecimentos ou de qualquer outra coisa, mas convence-te cada vez mais de que não és nada senão ignorância e fraqueza. Renuncia à vaidade, desconfia da tua própria opinião, e não queiras desejar aparições e privilégios extraordinários do céu. Afasta da tua memória tudo o que te ligou ao mundo. Observa bem o silêncio e fica sabendo que é fácil cometer pecado não dizendo senão o bem”. Seguindo ao pé da letra essas normas, São João Damasceno chegou logo a um alto grau de perfeição.

Ele não saía do mosteiro senão para pregar em Jerusalém, e suas homilias, copiadas, passavam de mão em mão como rico tesouro, espalhando-se depois pelo Oriente.

São João Damasceno foi ao mesmo tempo filósofo, teólogo, orador ascético, historiador, exegeta e até poeta e músico.

O Santo faleceu por volta do ano 749, quase centenário. Foi declarado Doutor da Igreja pelo papa Leão XIII em 1890.

O hagiógrafo Frei Justo Perez de Urbem afirma que São João Damasceno “foi o primeiro que acometeu a empresa de fazer uma exposição sintética do dogma e uma defesa geral dos artigos do Símbolo, contra todas as heresias, realizando, mais que uma compilação, um resumo pessoal dos Padres gregos, cuja doutrina condensa com um esforço genial em uma linguagem clara, firme e precisa. Eco fiel e poderoso de toda a literatura eclesiástica do Oriente antigo, escreve o primeiro ensaio de Suma teológica, merecendo ser chamado o primeiro dos escolásticos”. O teólogo e historiador John B. O’Connor, por sua vez, acrescenta na The Catholic Encyclopedia: “Não é pequeno o crédito a João Damasceno pelo fato de que ele foi capaz de dar à Igreja no século oitavo, seu primeiro resumo das opiniões teológicas conectas” existentes.

Dele diz no dia de hoje o Martirológio Romano Monástico: “Por ter defendido o culto das santas imagens, teve que deixar a corte árabe de Damasco. Entrou então para o mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém, onde escreveu, em particular, um tratado sobre a fé ortodoxa dos Padres gregos. Ele aparece  também como um dos principais defensores da tradição mariana da Igreja”.

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