Ajude a financiar a Semana de Estudos e Formação Anti-Comunista 2025
4 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:27:19 PM
Haveria alguma relação entre a agitação de rua e as pichações de muros, de prédios e de casas? Nada a ver, diria algum apressado. Mas espere: peço a este leitor a gentileza de ler este artigo.
“Todos na bandeira! Vamos sair daqui’, gritou uma jovem[…] Ao seu comando seis homens e mulheres com roupas pretas, botas de 300 reais […] reuniram-se sob o estandarte vermelho e negro do anarquismo, empunhado por um deles”.
Exclama uma moça: ‘Hoje é o dia mais feliz de minha vida. Conseguimos implantar o caos’.
“A depredação do Palácio do Itamaravy, em Brasília, foi iniciada por um grupo de trinta anarquistas. A tentativa de invasão das prefeituras de Fortaleza e do Rio de Janeiro, também. Assim como eram anarquistas os primeiros a se aventurar na invasão da Assembléia Legislativa do Rio, que resultou em móveis e vitrais franceses originais destruídos, com um prejuízo estimado em 2 milhões de reais […] Uma denúncia anônima levou a polícia civil de Porto Alegre a apreender materiais usados para a fabricação de coquetéis molotov na sede da Federação Anarquista Gaúcha […] Os anarquistas são uma minoriua dentro da minoria, mas são os mais organizados”.[1]
Quando sobra tempo da agitação de rua e assuntos conexos, uma parte dos anarquistas urbanos, dedica-se a uma atividade surpreendente: pichar muros e paredes.
Já tentou ler um pichamento, procurando decifrar o que ele quer dizer? Tarefa quase impossível. Geralmente são frases, fragmentos de frase, rabiscos ou fragmentos de rabiscos, perfeitamente sem sentido, a lhes dizer que ter sentido é coisa sem sentido. São desabafos, de um desencanto profundo com a vida e com a realidade, a se insurgir contra a ortografia, a gramática e o significado das palavras. Para seus autores, é uma forma de protesto.
Os pichadores foram protagonistas no quebra-quebra do centro. Nada melhor que ouvir o depoimento de um pichador, a respeito: “O picho nasceu no movimento punk nos anos 1980 e sempre foi anarquista. O pichador prega a desobediência civil. É (Mikhail) Bakunin (pensador anarquista) na veia“. Na veia significa aí tomado como droga? Ao leitor a resposta.[2]
“A disposição ao risco, a obsessão pelas alturas e a desobediência civil sem escrúpulos revelaram uma massa de anarquistas urbanos que há quase três décadas mantém uma relação de agressividade com a cidade: os pichadores.”
“Durante as passeatas, os pichadores, que costumam se encontrar em bares vizinhos ao Largo do Paissandu (SP), vindos principalmente de bairros das periferias da cidade, criaram o movimento Pixo Manifesto Escrito, com página no Facebook . Eles picharam as fachadas da Prefeitura, do Teatro Municipal e o monumento do arquiteto Paulo Mendes da Rocha na Praça do Patriarca, além de participarem de depredações e incêndios. Assim como arriscam cotidianamente a vida para revelar o nome de seus grupos em pontes e monumentos, ontem eles subiram pelas paredes da Prefeitura e nas altas estruturas dos monumentos que foram vandalizados. Nos primeiros protestos, picharam dezenas de coletivos.”
“Atualmente, os mais respeitados são os pichadores que sobem pelo lado de fora dos edifícios para feitos que são considerados mais heroicos quanto mais risco de vida corre o autor. A morte de pichadores que caem dos prédios não é fato incomum no meio.” [3]
Estes anarquistas urbanos, boa parte deles pichadores, constituem como diz Plinio Corrêa de Oliveira uma facção mais rápida na marcha da Revolução. Ele ensina:
“Dir-se-iaque os movimentos mais velozes são inúteis. Porém não é verdade. A explosão desses extremismos levanta um estandarte, cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os moderados, e para o qual estes se vão lentamente encaminhando. Assim, o socialismo repudia o comunismo mas o admira em silêncio e tende para ele. Mais remotamente, o mesmo se poderia dizer do comunista Babeuf e seus sequazes nos últimos lampejos da Revolução Francesa. Foram esmagados. Mas lentamente a sociedade vai seguindo o caminho para onde eles a quiseram levar. O fracasso dos extremistas é, pois, apenas aparente. Eles colaboram indireta, mas possantemente, para a Revolução, atraindo paulatinamente para a realização de seus culposos e exacerbados devaneios a multidão incontável dos “prudentes”, dos “moderados” e dos medíocres”.[4]
Portanto, atenção: há uma lógica nesses pichamentos sem lógica.
[1]Veja, 26-7-13.
[2]OESP, 20-6-13.
[3]OESP, 20-6-13.
[4] Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra Revolução, I, cap. VI, c.
Seja o primeiro a comentar!