Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 7 anos
O bispo de Mindong, Mons. Guo Xijin, 59, é um dos dois prelados “subterrâneos” — reconhecidos pela Santa Sé, mas não pelo governo comunista — que receberam pedido da Santa Sé para passar suas dioceses para bispos ilegítimos e até excomungados obedientes ao regime anticristão.
Uma delegação diplomática vaticana presidida por Mons. Claudio Maria Celli pediu ao bispo legítimo se por, na condição de bispo auxiliar, sob o mando do bispo ilegítimo e excomungado Zhan Silu, deputado do Partido Comunista.
A inédita capitulação seria parte inicial de um acordo histórico entre a Santa Sé e o comunismo chinês.
Posto contra a parede pelas autoridades vaticanas, Mons. Guo disse estar disposto a se submeter à vontade do Papa Francisco, mas pediu que a transferência fosse lhe proposta com um “documento autêntico verificável do Vaticano”, segundo informou o jornal “The New York Times”.
O pedido, aliás, tão razoável numa situação canônica em extremo complicada, parece ter caído mal no Vaticano e em Pequim.
Na presidência de Xi Jinping o regime vem demolindo as igrejas e os símbolos da Cruz pelo país todo, vendo nelas uma ameaça ao controle marxista.
A igreja católica dita “subterrânea” é especialmente odiada pelo socialismo. Já a chamada “igreja patriótica” criada pelo governo em 1957 com bispos sacrílegos infiéis é submissa ao Partido Comunista.
Esse quer que todo o clero fiel a Roma seja transferido por essa à direção “patriótica” marxista.
Mons. Guo é sucessor de Mons. Vincent Huang Shoucheng, um herói da fé que passou 35 anos nas prisões e campos de concentração.
Em 2017, Mons. Guo foi preso durante 20 dias para que não pudesse celebrar uma Missa para crismar crianças e neófitos.
O pedido de Mons. Guo de se submeter à vontade do Papa Francisco, após comunicação da transferência da diocese feita em “documento autêntico verificável do Vaticano”, teve o efeito enlouquecedor da verdade sobre os artifícios insinceros.
E o corajoso bispo de Mindong foi sequestrado pela polícia na noite do dia 26. Os policiais também levaram preso o chanceler da diocese, o Pe. Xu, como informou a documentada agência “AsiaNews”.
No dia do aprisionamento, Mons. Guo foi convocado pelo Escritório de Assuntos Religiosos, onde discutiu com os funcionários socialistas durante pelo menos duas horas.
Ele teve tempo para fazer rapidamente uma mala e foi feito desaparecer pela polícia como no ano passado.
Os fiéis acham que o bispo foi sequestrado porque se negou a concelebrar as cerimônias da Semana Santa com o bispo ilícito, excomungado e cismático Zhan Silu.
Até Patrick Poon, responsável pela ONG esquerdista Amnesty International na China, mostrou seu espanto e exigiu que o governo chinês comunicasse com a maior urgência o paradeiro do bispo.
“É vergonhoso assediar um prelado e leva-lo preso sem razão legítima alguma. É uma violação evidente da liberdade religiosa”, disse ele à France Press.
O blog “Il sismógrafo” redigido na Secretaria de Estado da Santa Sé e caixa de ressonância habitual dos acordos com o regime comunista reproduziu a informação da agência France Press.
Mas acrescentou que consultado um porta-voz vaticano não identificado se recusou a fazer comentários, contrariamente à ONG não-religiosa mencionada.
A polícia local indagada pela agencia France Press, declarou não saber de nada. O mesmo fez o escritório provincial para as questões religiosas. Essa “ignorância” é de praxe nos “desaparecimentos” praticados pelas autoridades marxistas,.
Mas, após 24 horas de intimidante prisão, os eclesiásticos recuperaram a liberdade, por tempo indefinido. A violência foi praticada enquanto progridem as negociações sino-vaticanas, noticiou “La Nación”.
A polícia, entretanto, proibiu a Mons. Guo celebrar qualquer missa como bispo, completou “AsiaNews”. A Ostpolitik vaticana ficou em embaraçosa e inexplicável posição.
No mesmo mês de março, acrescentou a agência, Mons. Giulio Jia Zhiguo, bispo legítimo (“subterrâneo”) de Zhengding (Hebei), foi sequestrado pela polícia comunista nos dias 6 e 7.
A repressão visou impedir com ameaças que o prelado divulgasse algum comentário sobre os “diálogos” entre a China e o Vaticano entre os jornalistas estrangeiros presentes em Pequim para acompanhar as reuniões da Assembleia Nacional do Povo, órgão máximo do PC chinês.
Nos mesmos dias, sacerdotes católicos “não oficiais” de Heilongjiang, e o administrador apostólico de Harbin, Mons. Giuseppe Zhao, ficaram retidos nas delegacias para não terem contatos com os jornalistas.
Simultaneamente a ditos fatos, o jornal francês “La Croix” ligado ao episcopado francês, anunciou que o Vaticano aguardava para esta semana uma delegação chinesa.
Segundo o Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, o objetivo da viagem seria a assinatura do acordo histórico do Vaticano com a ditadura marxista. A informação não foi confirmada pelo Vaticano e oficialmente nada foi confirmado.
Teria sido simbólico que tal acordo tivesse sido assinado na Semana Santa, quando a liturgia da Igreja lembra o dia em que Judas negociou a venda de Jesus (quarta-feira santa) e o dia em que o entregou aos enviados dos sacerdotes para ser morto (quinta-feira santa).
Felizmente, o acordo não foi assinado nessa semana e parece encontrar dificuldades de concretização. Porém, o monstro comunista espreita.
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