Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 12 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:28:45 PM
Em primeiro lugar, os fatos.
● Em 18 dias, a região metropolitana de São Paulo registrou ao menos 191 vítimas de homicídio, numa média de 10,6 mortes por dia. Até setembro, a média diária era de seis mortes.[1]
● Vários ônibus queimados, por vezes com o cobrador dentro. Carros incendiados. Policiais e membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) foram executados sumariamente.
● Toque de recolher. O telefone de um açougue tocou e a funcionária ouviu uma voz que mandava fechar o comércio naquele momento. Se não obedecesse, alguém iria “descer bala” na loja. O mesmo se repetiu em vários bairros. À tarde, houve fechamento de escolas devido ao toque de recolher.
● A PM não reconhece a existência de toque de recolher na capital e afirma que os boatos lhe devem ser comunicados.
● Muita gente não sai de casa por medo da violência. Na periferia, os criminosos acabaram sendo apelidados de “motoqueiros fantasmas”.
● Na madrugada de 18 de novembro houve a 15ª chacina do ano na Grande São Paulo. Quatro jovens foram mortos e três sobreviveram na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo. Na mesma noite, um bandido morreu em uma troca de tiros com policiais militares em Embu, um irmão de policial civil foi assassinado no Jaçanã e um mecânico foi morto na Penha.[2] Um tiroteio entre policiais militares e um grupo com pelo menos 12 homens armados parou uma das pistas do Rodoanel Mário Covas, em Embu das Artes, por volta da 0h30 do dia 18-11. O grupo armado, com fuzis e metralhadoras, havia acabado de fazer um arrastão em um ônibus com 42 viajantes de Curitiba, quando foi surpreendido por três viaturas da PM. Um dos suspeitos morreu na troca de tiros. Ninguém foi preso.
● No Estado de Santa Catarina houve ataques igualmente mortíferos em Florianópolis, São José, Tijucas e Navegantes. No dia 17, dois homens de moto dispararam cinco tiros contra a base da PM no Campeche, em Florianópolis. Criminosos jogaram coquetel molotov em um DP da capital. E em São José, bandidos deram 10 tiros na base da Guarda Municipal. Polícia militar de Florianópolis suspende férias de soldados.
● Em São Paulo, Fernando Salla, diante da afirmação de que a situação está sob controle, pergunta: sob controle de quem?[3]
● Diz-se que os serviços de inteligência das Polícias Militar e Civil e do sistema penitenciário, que tem sob sua guarda as lideranças do PCC, falharam ao não detectar o seu crescimento, depois dos embates de 2006, e afirma-se que esse erro poderia ter sido corrigido se o governo federal tivesse repassado as informações que possuía a respeito.
Em síntese, estes foram ‒ e continuam sendo ‒ os fatos. A respeito podem ser feitas pelo menos as seguintes perguntas:
Talvez valha a pena mencionar um precedente histórico, entre outros: Durante a Revolução Francesa ‒ em julho e agosto de 1789 ‒ houve a chamada “grande peur” (o grande medo, o pânico). Espalhou-se pela França inteira o boato de que havia por perto, vagando pelas estradas, bandidos que vinham saquear tudo. Um cavaleiro misterioso se aproximava da cidade e gritava: Os bandidos! Os bandidos! Depois fugia.
O pânico era tão grande que, em uma região, a poeira levantada por um rebanho de ovelhas foi interpretada como uma tropa de soldados em marcha. Em vários lugares, os monges mendicantes foram tomados por bandidos.
Em toda parte estouravam pilhagens, revoltas, atentados, incêndios. Em uma região, ouviu-se o alarme geral, por medo de “10 mil” ingleses que teriam desembarcado e estariam invadindo a França.
Foi uma onda de boatos histórica, que favoreceu a Revolução Francesa, e que relatamos aqui para enriquecer nosso texto. No nosso caso, não há só boatos, mas também crimes, talvez um tanto exagerados pela sensibilidade pública e pela mídia.
Veremos algo de semelhante, com as devidas adaptações e modernizações? Em todo caso, como dizia Dr. Plinio, é preciso “crescer com os perigos. Enfrentá-los com toda seriedade, toda calma, toda previsão.”
[1] FSP, 12-11-12.
[2] OESP, 18-11-12.
[3] OESP, 18-11-12.
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