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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

O Vaticano não pode deixar-se enganar pelos comunistas chineses

Por Revista Catolicismo

16 minhá 7 anos — Atualizado em: 2/16/2018, 5:46:50 PM


Revista Catolicismo, Nº 802, Outubro/2017

“Estou muito triste em dizer que o governo chinês não mudou e que a Santa Sé está adotando uma estratégia errada”

O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Arcebispo emérito de Hong-Kong, julga que se o Papa Francisco conhecesse a realidade do regime comunista chinês, bem como as perseguições que ele move contra os católicos, não promoveria negociações com Pequim.
O Cardeal Zen foi entrevistado por Krystian Kratiuk, de “Polonia Christiana”, prestigiosa revista católica de Cracóvia, que autorizou Catolicismo a reproduzir a entrevista, oferecendo gentilmente para isso sua gravação em inglês. A tradução para o vernáculo esteve a cargo de nosso colaborador Hélio Dias Viana.

Catolicismo — Por que o Vaticano quer assinar um acordo com o governo comunista da China?

Cardeal Zen — Obviamente o Santo Padre pode não ter muita experiência direta com os comunistas chineses, porque na América do Sul os comunistas são perseguidos. Então ele pode ter uma simpatia natural pelos comunistas, pode não saber que eles são verdadeiramente comunistas. Mas muitas pessoas na Santa Sé devem saber, mas talvez não tenham aquela experiência pessoal, direta. Por isso estou realmente receoso de que elas possam ser doutrinadas pelos comunistas. Também porque os comunistas chineses são inteligentes, são mestres no emprego de meias palavras. Então, estou muito preocupado neste momento. 

Yu Zhengsheng, membro do Comitê permanente do Bureau Político do Comitê Central do PCC, reuniu-se com a Associação Patriótica Católica Chinesa, com o novo líder da Conferência Episcopal Chinesa e o representante do IX Congresso Nacional da Igreja Católica Chinesa.

Catolicismo — O que é realmente o comunismo?

Cardeal Zen — O comunismo é totalitarismo. É, portanto, um regime totalitário. E somente aquelas pessoas que têm realmente experiência pessoal podem sentir o que é um regime totalitário, como o nazista, como o comunista. O Papa João Paulo II conheceu. O Papa Bento também. Mas temo que os italianos possam não conhecer muito bem, porque Mussolini não foi um totalitário muito duro. Entretanto, os governantes totalitários querem tudo. Querem controlar tudo. Não aceitam compromisso. Eles desejam fazer você capitular. Querem torná-lo escravo. É terrível! Portanto, essas pessoas no Vaticano podem não ter tal percepção. Elas vão então negociar e, obviamente, nas negociações todo mundo é muito amável, com palavras amáveis. Mas esta não é a realidade.

Catolicismo — Como a liberdade da Igreja ficará exposta ao perigo quando for assinado um acordo sino-vaticano?

Cardeal Zen — Na carta do Papa Bento [aos católicos chineses], ele explanou muito claramente a doutrina católica sobre a Igreja. Com certeza o Papa Francisco e outras pessoas no Vaticano concordam com essa posição. Mas, quando se negocia, é preciso saber como a outra parte pensa. Então, eu gostaria de citar um autor hegeliano, falando sobre o acordo entre a Hungria e o Vaticano. Ele diz: “Às vezes, formalmente, no papel, a autoridade do Papa pode ser respeitada, mas na prática um poder excessivo de decisão é dado ao governo”. Portanto, não sabemos muito sobre como é esse acordo, pois não nos informam inteiramente. Eles dizem: “Não, certas informações são apenas por ouvir falar”, um pedaço aqui, outro pedaço lá.

“Querem controlar tudo [os governantes totalitários da China]. Não aceitam compromisso. Eles desejam fazer você capitular. Querem torná-lo escravo. É terrível!”

O que podemos imaginar a respeito dele, é constatar que se trata exatamente desse tipo de acordo [entre a Hungria e o Vaticano]. Na superfície, parece que a autoridade do Papa está resguardada, porque eles dizem: “O Papa diz a última palavra”. Mas toda a coisa é falsa. Eles estão dando poder de decisão ao governo. Penso que estamos caminhando para algo pior. Daí decorre — não estou 100% seguro — que eles aceitam a eleição [de novos bispos], a que chamam de eleição democrática, aceitam que a Conferência Episcopal aprove a escolha e leve os nomes ao Papa. E o Papa diz a última palavra. Entretanto, tanto a eleição quanto a Conferência Episcopal são falsas. Eu não gosto de falar muito a respeito de eleição. Na China comunista não há eleição, nenhuma eleição verdadeira. Nem sequer a mais solene eleição no Congresso do Povo… Tudo é planejado antes.

Mas agrada-me falar sobre a Conferência Episcopal. Realmente não posso acreditar que na Santa Sé não saibam que não existe uma Conferência Episcopal Chinesa. Existe apenas um nome. Nela, de fato, nunca há discussões, reuniões. Os bispos se encontram quando são convocados pelo governo comunista. O governo lhes dá as instruções, eles obedecem. O então Papa Bento disse que essa Conferência não é legítima, porque nela há bispos ilegítimos, e também porque os bispos clandestinos [perseguidos pelo governo comunista] não fazem parte dessa Conferência. Assim, ela não pode ser chamada de Conferência Episcopal Chinesa. A realidade é que não há uma Conferência Episcopal na China. Mas o que existe realmente? Todos os bispos da igreja oficial [escolhidos pelo regime comunista] têm seus nomes na Conferência Episcopal. Mas então como ela funciona? Antes de tudo, ela nunca trabalha sozinha. Há sempre a Associação Patriótica e a Conferência Episcopal trabalhando juntas. Mas quem a preside? Quem convoca a reunião? O governo! Eles nem sequer procuram ocultar a realidade. Nós podemos ver as fotos. O Sr. Wang Zuoan, chefe da Secretaria de Assuntos Religiosos, está presidindo sorridente a reunião, enquanto o presidente da Conferência Episcopal — um bispo da Associação Patriótica — os demais bispos estão simplesmente sentados lá, ouvindo. Portanto, tudo é decidido pelo governo. Lembre-se: sempre que eles dizem Conferência Episcopal é o governo comunista. O governo controla a eleição através da Conferência Episcopal, e ele próprio apresenta os nomes. Toda a iniciativa provém, portanto, do governo.

Alguém dirá: “O Papa diz a última palavra”. Que última palavra é essa? “Ora, ele pode aprovar, pode vetar”. Bem, ele pode vetar. Mas quantas vezes? Eles apresentam todos os nomes, o Papa não pode dizer: “Não, não, não”. É muito difícil para ele, é muita pressão sobre ele. Então, eu concluo: em certo momento ele pode ser forçado a dizer “sim”. “Oh, ele tem a última palavra!”. Não é suficiente. Portanto, penso que é um acordo muito errado. Precisamente porque não há Conferência Episcopal. Como pode a iniciativa de escolher bispos ser dada a um governo ateu? Incrível! Incrível! Incrível!

Alguém poderá dizer: “Ora, na História, durante muito tempo, o poder de indicar bispos foi dado aos reis, ao imperador”. Mas pelo menos eles eram reis cristãos, imperadores cristãos, enquanto estes são ateus, comunistas. Eles querem destruir a Igreja. Ou, ao menos, se não podem destruir, querem enfraquecer a Igreja. Então é incrível, não se pode aceitar esse acordo.

“Conferência Episcopal é o governo comunista. O governo controla a eleição através da Conferência, e ele próprio apresenta os nomes. Toda a iniciativa provém, portanto, do governo”

Catolicismo — Mas a recusa do diálogo “nos coloca fora da Igreja”? É o que dizem os comunistas.

Cardeal Zen — O diálogo é necessário, é importante. Mas deve haver princípios. Estes não podem ser negados para se obter um bom diálogo. Por ocasião do Asia News Day, na Coreia, o Papa Francisco celebrou uma missa para todos os bispos asiáticos. Ele falou sobre o diálogo. E disse duas coisas. Primeira: no diálogo, deve-se ser fiel à própria identidade, deve-se ser coerente com a sua própria identidade; não se pode negar a própria identidade apenas para agradar o outro lado. Se nós somos católicos, somos católicos! Segunda: deve-se também abrir o coração para ouvir. Portanto, deve-se dialogar, mas não se pode dizer: nós devemos absolutamente tirar conclusão. Por quê? Porque não depende de você. Depende também do outro lado. Se este não concorda com algo razoável, você não pode concluir. Não depende de você. Se a outra parte deseja que você se torne escravo, você não pode dizer “ok”. Não pode. E aqueles que vão negociar devem saber disso. A autoridade do Papa é dada ao Papa. Ela não é dada a um homem particular, senhor fulano de tal. É dada ao Papa. Não é um atributo pessoal dele. Ele não pode vendê-la. Ele não pode, por sua própria generosidade, renunciar àquela autoridade.

Às vezes, no final do diálogo, podemos dizer: “Desculpem, nós não podemos concluir. Portanto, adeus! Da próxima vez, quando vocês tiverem alguma coisa nova para dizer, voltaremos”.

Catolicismo — A China está querendo aproximar-se do Vaticano para mostrar às nações ocidentais que ela é um país aberto?

Cardeal Zen — Durante essas negociações eles [os comunistas chineses] não estão demonstrando nenhuma cordialidade, não estão dando nenhum sinal de boa vontade. Estão fazendo coisas incríveis. Portanto, não estão demonstrando abertura. Apenas mostram que querem controlar mais. Querem mostrar que são os chefes.

Por exemplo, aqueles bispos chineses ilegítimos, excomungados, os comunistas querem que o Vaticano os perdoe. Mas eles estão fazendo coisas terríveis contra a disciplina da Igreja. São ilegítimos, são excomungados e ousam ordenar sacerdotes! Isso aconteceu ainda muito recentemente. Incrível! Incrível! Reúne-se a cada cinco anos uma organização chamada Assembleia dos Representantes dos Católicos Chineses, o seu mais alto corpo, a mais clara manifestação da natureza cismática daquela igreja. Trezentos e tantos representantes — os bispos são apenas como todos os outros —, eles realizam eleições etc. Agora, na última vez, seis ou sete anos atrás, nós dissemos à Comissão Pontifícia para a Igreja na China: “Não!”. Dissemos aos bispos para não irem. No final eles foram [o cardeal demonstra profundo desagrado], porque o Prefeito da Congregação para a Evangelização afirmou: “Oh, os senhores estão sob pressão, nós entendemos…”. Ah, está bem. Mas dessa vez o Vaticano diz: “Sabemos o que é isso, mas não fazemos julgamento agora. Nós observamos, nós refletimos, nós julgaremos”.

O que quer dizer isso? — Deixe-os fazer a reunião e depois você julga? Mas aquilo é uma manobra cismática. “Agora eles estão negociando, estão se tornando amigos, o senhor não vê isso?” Incrível! Como se pode permitir a realização desse tipo de reunião? E então, examinando-se agora a reunião, eles mudaram? Não! Estão exatamente como antes: “Nós queremos uma Igreja independente”.Portanto, não estão absolutamente demonstrando nenhuma boa vontade.

É proibido entrar na China com imagens de Nossa Senhora de Fátima, pois Ela é anticomunista…

Catolicismo — É verdade que os comunistas temem Nossa Senhora de Fátima na China?

Cardeal Zen — É muito curioso, porque eles costumam dizer: “Nossa Senhora, ok. Mas não Nossa Senhora de Fátima”. Por quê? Porque Nossa Senhora de Fátima é anticomunista. Porque disse que o comunismo cairia na Rússia. Então, se você tentar ir à China levando uma imagem de Nossa Senhora, talvez não haja problema, mas se levar Nossa Senhora de Fátima, não pode! Isso é muito curioso, porque só há uma Nossa Senhora. Certa vez, no fim de uma reunião, contei isso ao Papa Bento e lhe disse: “Mas eles não conhecem Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos, que é ainda mais terrível, porque Ela foi à guerra”. A origem da invocação Auxílio dos Cristãos provém da Batalha de Lepanto [1571] e do Cerco de Viena [1683]. Portanto, a Guerreira [o cardeal esboça um comprazido sorriso] Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos! Então, penso que eles cometem muitos equívocos a respeito de Nossa Senhora.

 Catolicismo — Os católicos chineses ainda são perseguidos, presos e mortos por causa de sua fé?

Cardeal Zen — Certamente houve mudanças em todos esses anos, caso se compare a situação atual com os anos do início do regime comunista. Por exemplo, no começo dos anos 1950 — os comunistas tomaram o poder em 1949 —, especialmente em 1951, eles começaram, nas escolas dependentes da Igreja, a expulsar todos os missionários. Muitos foram para a prisão e nunca voltaram. E depois, em 1955, ocorreu a grande perseguição. Em uma noite eles prenderam o bispo de Xangai, o vigário-geral, o reitor do Seminário, muitos padres, muitas freiras e jovens da Legião de Maria. Enviaram-nos todos para a prisão e nunca voltaram… E foi pior ainda em 1967, durante a “Revolução Cultural”. Até mesmo aqueles que obedeciam ao governo foram perseguidos pelos guardas vermelhos, presos, e nunca voltaram. Era muito duro. Inúmeras pessoas morreram na prisão.

Houve também anos muito difíceis, durante os quais inúmeras pessoas sofreram terrivelmente. E em dado momento, no final da “Revolução Cultural”, os comunistas começaram a política de abertura, até abriram os Seminários. Em Hong-Kong ficamos surpresos, pois podíamos visitar os Seminários. Nessa ocasião eu pedi para ensinar naqueles Seminários. Tive que esperar quatro anos. Permitiram que eu fosse. Isso se deu de 1990 a 1996. Pude ensinar durante sete anos, primeiro em Xangai e depois em diversos Seminários. Era algo muito novo. Incrível! E fui tratado muito gentilmente, porque estávamos em 1989.

Lembra-se do que aconteceu então? — Praça Tiananmen [as manifestações estudantis contra o governo vermelho, reprimidas duramente]. Então, enquanto todo mundo partia para fora da China, eu fui para dentro da China. Isso significava que eu acreditava neles. Que eu sou amigo. Então, eles me trataram muito bem. Durante sete anos… Eu costumava passar seis meses do ano em Hong-Kong, seis meses ensinando na China em todos aqueles Seminários da igreja oficial [do governo comunista]. Era muito triste ver como eles tratavam os nossos bispos. Sem nenhum respeito. Simplesmente assim [o cardeal faz um gesto de quem arrasta o outro pelo nariz]. Escravos! Portanto, foi uma experiência terrível. Então, julgo que se as pessoas não tiverem essa experiência, elas não podem compreender.

Talvez tenha até havido outras mudanças nesses últimos anos, sem tantas pessoas na prisão. Mas alguns bispos continuam presos. Um deles morreu no ano passado. E alguns padres que morreram misteriosamente. Diversos padres ainda estão na prisão, embora muito menos do que antes. Porém, eles [os comunistas] continuam controlando. E, comparando, a situação é pior. Por quê? Porque a Igreja foi debilitada. Estou muito triste em dizer que o governo chinês não mudou e que a Santa Sé está adotando uma estratégia errada. Eles [as autoridades do Vaticano] são muito sequiosos em dialogar, dialogar. Então, dizem a todo mundo para não fazer barulho, para acomodar-se, fazer compromisso, obedecer ao governo. Em consequência, as coisas estão indo ladeira abaixo. 

O Cardeal Zen (com a mão no peito) fotografado em Hong-Kong com parte do clero fiel a Roma

Catolicismo — Os católicos na China estão se opondo ao diálogo com os comunistas?

Cardeal Zen — Alguns jornalistas vão à China e voltam dizendo: “Oh, vejam, eles agora podem falar à vontade!”. Na China não existe liberdade de expressão. As pessoas não podem falar. Alguns [sacerdotes] podem vir agora a Hong-Kong falar comigo, podem conversar com o arcebispo Savio Hon na Congregação para a Evangelização, mas não podem falar publicamente. Então, como esperar que falem? Se o fizerem, serão imediatamente presos. Até os advogados dos direitos humanos são presos pelo regime comunista por defenderem os pobres e os oprimidos. Muitas pessoas são obrigadas a comparecer diante da televisão e dizer: “Desculpem-me, estou errado, o governo está certo”. Elas são humilhadas! Portanto, não existe liberdade e estão temerosas. Às vezes o próprio Vaticano não ousa pressionar muito porque, de fato, quer que todos façam compromisso.

Catolicismo — A situação do laicato mudará após a assinatura do acordo do Vaticano com a China?

Cardeal Zen — As relações entre os leigos e o clero ocorrem sempre de duas maneiras: muitas vezes é o clero que dirige o povo, algumas vezes é o povo que dirige o clero. Por exemplo, na igreja oficial [do governo] há também bons bispos. Eles não podem fazer nada em nível nacional da Conferência Episcopal. Mas em suas dioceses podem fazer algumas coisas. Podem manter bem as suas dioceses e os fiéis estão contentes em segui-los. Há bispos que não são bons e os católicos mais velhos não estão contentes. Mas os católicos mais jovens nada sabem sobre essa questão. Eles não entendem o que é “oficial” [igreja do Estado comunista], “subterrânea” [Igreja fiel a Roma]. Simplesmente gostam de ir à igreja, onde se pode rezar e cantar. Não são muito argutos a respeito dessas distinções. Antigamente, na clandestinidade, os padres eram severos. Por exemplo, diziam: “Você não pode ir à igreja oficial. É pecado mortal”. E os fiéis mais velhos acreditavam nisso. Mas agora o Papa diz: “Não, você pode ir, porque o fiel tem o direito de receber sacramentos válidos”. Então os fiéis podem dizer: “Nas catacumbas não é seguro. É perigoso. Algumas vezes eu vou à igreja oficial, depois volto”.

Na igreja oficial, às vezes os fiéis agem melhor que os padres e os padres às vezes agem melhor que os bispos. Porque os bispos sofrem mais pressão, os padres sofrem mais pressão que os leigos. Então os leigos podem torná-los mais fiéis à Igreja. E agora, às vezes, por causa dessa interpretação errada da carta do Papa, pode haver padres e bispos da clandestinidade que gostariam de se tornar da igreja oficial. E então, há muitos casos em que os católicos não gostam disso e dizem: “Está errado”. Portanto, a situação é muito complicada. A situação geral é pior do que antes. Agora há mais confusão, mais divisão.

Catolicismo — Existe para os católicos chineses a esperança de viver a antiga liberdade da Igreja?

Cardeal Zen — Em seu país [Polônia], goza-se de liberdade. Naquele tempo de domínio do comunismo as pessoas não podiam acreditar — ninguém podia esperar — na queda repentina do comunismo, de certo modo pacificamente. Portanto, quando as pessoas me perguntam: “O que o senhor espera, quando gozarão de liberdade?”. Eu digo: “Pode ser que talvez devamos esperar 50 anos, ou talvez cinco semanas. Por que não?”. Estamos nas mãos de Deus. É importante rezar. Rezar pela conversão. Nesta minha visita aqui, notei uma coisa maravilhosa: que os senhores podem generosamente esquecer o passado. Então, quando o regime caiu, não houve vingança da parte do povo. Penso que este é o espírito cristão. Estou muito temeroso de que na China — onde os cristãos constituem uma pequena minoria — os comunistas poderão ser perseguidos quando o comunismo cair. Porque há muitíssimas injustiças e o povo, que não é cristão, poderá se vingar. Portanto, é muito perigoso. A única coisa seria rezar para que os comunistas sejam convertidos em seus corações. Então, poderá haver uma passagem pacífica. Eles não gostam de falar de revolução pacífica, mas nós esperamos.

 

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