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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Mais de um milhão em “campos de confinamento” na China? Revivem os Gulags?


Um milhão de pessoas estão presas em Gulags da China. “Consegui escapar e vou relatar o que realmente acontece nos chamados “campos de re-educação” de Xinjiang” afirma Sayragul Sauytbay, uma professora que conseguiu fugir da China e recebeu asilo na Suécia.

As denúncias sobre os campos de confinamento na China são numerosas (1).

Numa primeira fase, o governo de Xi Jinping negou a existência deles. Numa segunda fase, após a publicação de fotos via satélite, e denúnicias de organizações de direitos humanos, Pequim reconheceu a existência de “campos de re-educação” (sic).

Uma professora nos “campos de re-educação” de Xinjiang

O testemunho de Sauytbay é ainda mais extraordinário, porque durante o seu encarceramento ela foi obrigada a ser professora no campo de re-educação.

“Estocolmo – vinte prisioneiros vivem em uma pequena sala. Eles são algemados, suas cabeças raspadas, cada movimento é monitorado por câmeras de teto. Um balde no canto da sala é o seu banheiro. A rotina diária começa às 6h. Eles estão aprendendo chinês, memorizando canções de propaganda e confessando pecados inventados. Eles variam na idade desde adolescentes até idosos. Suas refeições são escassas: sopa turva e uma fatia de pão”.

“Poucos prisioneiros conseguiram sair dos acampamentos e contar sua história. A China quer passar ao mundo a ideia que seus acampamentos são lugares de programas educacionais e de Retraining vocacional, mas Sauytbay é uma de poucas pessoas que podem oferecer o testemunho documentado, sobre o que realmente acontece nos acampamentos”.

Ela tem 43 anos, uma muçulmana de ascendência cazaque, que cresceu no Condado de Mongolküre, perto da fronteira China-Cazaque. Como centenas de milhares de outros, a maioria deles Uyghurs, um grupo étnico, também caiu vítima da repressão chinesa na província Noroeste de Xinjiang.

 Estimativas ocidentais indicam mais de 1 milhão de confinados

Um grande número de acampamentos foi estabelecido nessa região ao longo dos      últimos dois anos, como parte da luta do regime contra o que é o termo “três males”: terrorismo, separatismo e extremismo. De acordo com estimativas ocidentais, entre um e dois milhões dos residentes da província foram encarcerados nos acampamentos durante a campanha de repressão movida por Pequim.

Relata o entrevistador, David Stavrou: “Eu me encontrei com Sauytbay três vezes, uma vez em uma reunião organizada por uma associação sueca Uyghur e duas vezes, depois que ela concordou em contar sua história para Haaretz, em entrevistas pessoais, que tiveram lugar em Estocolmo e durou várias horas.”

“Sauytbay falava apenas cazaque, e assim nos comunicamos através de um tradutor, mas era evidente que ela falava de uma forma credível. Durante a maior parte do tempo falamos, ela foi composta, mas no auge de seu relato do horror, lágrimas brotou em seus olhos. Muito do que ela disse corroborou o testemunho prévio de prisioneiros que haviam fugido para o Ocidente”.

“A Suécia concedeu o seu asilo, porque, na sequência do seu testemunho, a extradição para a China tê-la-ia colocado em perigo mortal.

Acrescentamos que esse é um dos motivos dos protestos em Hong Kong: uma extradição para a China continental constitui perigo mortal.

* * *

A China tem seus calcanhares de Aquiles. Os protestos em Hong Kong, a repressão à religião, e os campos de confinamento ou re-educação são uma prova de que o governo de Pequim ocupa lugar privilegiado na violação dos direitos humanos.

Se a nossa grande midia nacional fala pouco ou nada sobre isso … desconfie da sua objetividade e seu compromisso com o leitor. É politicamente incorreto noticiar sobre algum fato que possa desgostar Xi Jinping. Afinal, ele é presidente vitalício (ditador,) promove o culto à sua personalidade, e não gosta de ser contrariado. https://ipco.org.br/o-diatatorialismo-e-o-culto-a-personalidade-de-xi-jinping-na-china/

O sequestro e encarceramento de Sayragul Sauytbay no campo de re-educação em Xinjiang, seus “deveres” como professora, sua libertação ficam para outra ocasião.

Por ora, tiremos a lição dos fatos: a China não vive sem os alimentos e a matéria prima brasileira. E a mídia sabe disso … sabe de todas as violações dos direitos humanos, das perseguições (encarceramentos) à leigos, padres e bispos, sabe da destruição recente de igrejas, cruzes, monumentos religiosos … mas não pode dizê-lo.

Fonte: https://www.haaretz.com/world-news/.premium.MAGAZINE-a-million-people-are-jailed-at-china-s-gulags-i-escaped-here-s-what-goes-on-inside-1.7994216

 

(1) Entre outras, as mais recentes

Uyghur refugee describes horror inside Chinese camps – CNN Video

Uyghur refugee tells of death and fear inside China’s Xinjiang camps – CNN

China Is Trying to Silence Uighurs in Europe – The Atlantic

A Secretly Filmed Documentary Exposes A Dystopian Nightmare for Uighur Muslims in China | UN Dispatch

Families of Uighurs Abroad Increasingly Targeted by China | Voice of America

China’s police state goes global, leaving refugees in fear – The Straits Times

China – Silenced . Interview With Serene Fang: Secret Meetings and an Unexpected Arrest . Part 2 | PBS

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León de La Torre

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