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Plinio Corrêa de Oliveira
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Tratado Marial de São Luís: cooperação de Maria com o Espírito Santo (IX)


Vimos nos Posts anteriores a cooperação de Nossa Senhora com o Padre Eterno e com a Segunda Pessoa da Ssma. Trindade. Hoje, veremos a cooperação dEla com o Divino Espírito Santo. Transcrição de comentários do Prof. Plinio ao Tratado de São Luís Grignion.

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Anunciação de Fra Angelico

A COOPERAÇÃO DE NOSSA SENHORA COM O ESPÍRITO SANTO 

“Mostra-nos São Luís Grignion que a fecundidade do Padre dá origem, por uma geração eterna, ao Filho; e do amor do Padre e do Filho procede outra pessoa divina, o Espírito Santo. Gerado o Divino Espírito Santo, essa fecundidade parecia extinguir-se. Ela vai, entretanto, manifestar-se novamente em Nossa Senhora. É pousando sobre Maria Santíssima, é obumbrando-A, que o Espírito Santo gera a Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Ela é, pois, verdadeiramente a esposa do Espírito Santo, não no sentido alegórico, mas no sentido estrito da palavra, porque Ele gerou um filho n’Ela. Nosso Senhor é verdadeiramente filho d’Ela, e Ela é verdadeiramente esposa do Espírito Santo. Assim, a participação d’Ela neste acontecimento é de uma sublimidade e de uma intimidade tais com Deus, que está fora de qualquer paralelo. 

Como esposa do Espírito Santo, Nossa Senhora tem ainda um título especial para a nossa piedade, pois tudo quanto diz respeito à Fé católica, à ortodoxia e à manutenção da fidelidade à Igreja, deve ser considerado como fruto e obra do Espírito Santo em nós. E, enquanto esposa do Espírito Santo, Nossa Senhora tem sobre Ele aquele poder que, no Antigo Testamento, tinha Esther sobre o rei Assuero, por ser sua esposa. Assuero, conta a Sagrada Escritura, havia decretado a morte de todos os judeus de seu reino; e Esther, pelas simples súplicas que lhe apresentou, conseguiu que a política dele fosse inteiramente mudada, e os judeus poupados. Esta ascendência, Nossa Senhora a tem sobre o Divino Espírito Santo, podendo conseguir-nos um tal grau de união com Ele, uma tal abundância de graças das quais Ele é a fonte, que, sem a Sua intercessão, ser-nos-ia inteiramente impossível conseguir. 

devoção ao Espírito Santo é assunto pouco conhecido e pouco tratado. Fala-se vagamente do Espírito Santo, e poucos são os que se lembram dos pecados que contra Ele podem ser cometidos. Se tivéssemos idéia de nossos deveres para com o Espírito Santo, e de como eles se ligam diretamente à nossa salvação, teríamos outro estado de espírito a respeito

Falando grosso modo, os pecados contra o Espírito Santo que se conhecem são apenas os gravíssimos: negar a verdade conhecida como tal e desesperar-se da salvação. Mas há numerosas formas miúdas de pecados contra Ele – pecados que quase todos cometem – que, sem constituírem diretamente pecados gravíssimos, fazem com que contrariemos a obra do Espírito Santo em nósQuantas defecções e estagnações espirituais não têm aí suas raízes! 

Negar a verdade conhecida como tal – Analisemos mais detidamente o pecado de negar a verdade conhecida como tal. Nós, católicos, não a negamos porque, com o favor de Nossa Senhora, somos fiéis à Igreja Católica. Mas cada vez que, por amor a um preconceito, a um capricho, a uma extravagância da inteligência, não aderimos a uma verdade da Santa Igreja, nós ofendemos o Divino Espírito Santo. Cada vez que queremos ter uma opinião particular, só pelo gosto de ser particular, não nos preocupando em pensar como a Igreja pensa, estamos contrariando a obra do Espírito Santo. 

Cada vez que, por mania de conservarmos íntegra a nossa “individualidade”, aberramos do espírito da Igreja, estamos contrariando a obra do Espírito Santo em nossas almas, a qual visa conformar-nos inteiramente à Igreja Católica. Nessas ocasiões, congelamos o progresso de nosso senso católico e, às vezes, até acabamos por ser um escolho para o apostolado da Igreja e para o desenvolvimento dos interesses católicos. Por que? Por falta de correspondência às graças do Espírito Santo. 

Desesperação da salvação – Analisemos agora o pecado que consiste em desesperar-se da salvação. Ele é cometido de forma plena quando uma pessoa renuncia expressamente a se salvar. Mas há outro modo, muito freqüente até, de se cair em grau menor nesse pecado. É quando nos deixamos influenciar pelo seguinte estado de espírito: “Tenho tal defeito que jamais conseguirei vencer; aliás, é um defeito pequeno (por exemplo, o ter mau gênio), de maneira que não vou combatê-lo”. 

É um pecado contra o Espírito Santo. Porque, de fato, Ele nos dá todas as graças necessárias para que possamos vencer todos os nossos defeitos; se desesperarmos de corrigir algum, estaremos, em ponto pequeno, fazendo o mesmo que se desesperássemos de nossa salvação. A graça de Deus nos dá forças para nos corrigirmos de todos os nossos defeitos; se temos um defeito de que não nos corrigimos, somos indiscutivelmente responsáveis por isso. 

Outros, para acobertar suas falhas, dizem: “Para uma pessoa com mentalidade muito especial, determinada coisa pode não ser um defeito, mas um modo de ser. Em mim, portanto, isto não é defeito”. Nada de mais falso! Quando o modo de ser não está de acordo com a razão, e não se conforma à ordem natural das coisas, é um modo de ser errado, e portanto um defeito

Uma pessoa que nasceu com um desvio na espinha poderia dizer: “Aquele outro, que tinha a espinha direita e depois a entortou, é um defeituoso. Mas em mim, que nasci assim, isto não é um defeito”. Que diríamos dessa pessoa? Salta à vista que é defeito ter nascido com a espinha torta, e que se deve procurar endireitá-la. Da mesma forma, um nervoso poderia dizer: “Em mim, ser nervoso é um `tique’, uma manifestação nervosa, um cacoete até interessante; os outros que suportem um pouco. Que culpa tenho de ser nervoso?” Ora, raciocinando-se desse jeito, poder-se-ia perguntar que culpa tem o dono de um carro, por ele disparar ladeira a baixo. Entretanto, se o carro não for freado, dispara mesmo, abalroa os outros, e o dono será culpado por todas as pernas e braços quebrados que houver pelo caminho. 

Não há culpa por se ter nascido com certos defeitos temperamentais, mas sem dúvida alguma há culpa por não se ter procurado corrigi-los. O desespero de não se corrigir desses defeitos, de não conseguir retificar o que há de errado, é uma falta de correspondência à graça de Deus, e é, em ponto muito pequeno, um defeito na linha de desesperar da própria salvação. De fato, se todos têm obrigação de ser conformes à razão, ninguém tem o direito de não o ser, e nisto estaria cometendo este pecado. 

Como evitá-lo? Por meio da oração à Santíssima VirgemNossa Senhora, que é a Medianeira universal e necessária de todas as graças, e por meio de Quem todos os dons do Espírito Santo se conseguem, pode obter-nos, como Esposa do Espírito Santo, todas essas graças. É enquanto Esposa do Divino Espírito Santo que devemos rezar a Ela.”

Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_1951_comentariosaotratado02.htm#.Y8C2CnbMJjE

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Vamos agradecer ao Divino Espírito Santo, por meio de Maria, essa obra genial de São Luís Grignion de Montfort, o Tratado da Verdadeira Devoção.

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Nuno Alvares

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