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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Virgindade e Missa tradicional em alta


Duas reportagens publicadas em 27 de julho no jornal “O Globo” dão muito o que pensar. Julgue o leitor. Não deixe de ler também, no final, o comentário expressivo de um conhecido jornalista.

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A primeira reportagem vem assinada por Roberta Salomone e nos informa da existência do movimento “Eu escolhi esperar” (EEE), cujos seguidores – todos jovens, de ambos os sexos – se comprometem a manter a virgindade até o casamento. Há inclusive um famoso jogador de futebol.

Neste mundo em que a corrupção moral é propagandeada por todos os meios e atingiu índices insuspeitados, a notícia causa uma surpresa agradável. Ao menos para os que ainda aspiram por padrões de sanidade moral.

Um dos sinais de sua autenticidade é que os participantes desse movimento estão dispostos a sofrer perseguição dos inconformados ou dos corruptos.

De fato, Carla Duarte, 27, secretária-executiva de uma multinacional, conta: “Algumas amigas me chamaram de louca, mas posso dizer que sou muito mais feliz assim”. O idealizador do movimento, Nelson Junior, declara: “Eu mesmo sofri bullying por parte dos meus amigos quando dizia que não tinha tido relação sexual com ninguém”.

Nelsiane Carrara, 25, oficial da Marinha Mercante, confessa que teve alguns deslizes antes de conhecer o movimento: “Foi aí que eu percebi que isso não estava me fazendo bem e que estava indo contra o que eu mesmo acreditava”. Quantas outras jovens prefeririam a castidade, mas se deixam levar pela onda imoral por causa da pressão do ambiente?

Cássio Pedroso e Sara Costa, 22, namoram, mas excluem qualquer relacionamento de tipo conjugal: “Só depois de subir ao altar”.

Ana Carolina, 20 anos, colunista do site EEE, “recebe e-mails de gente de todo o país, e virou uma espécie de consultora virtual para quem quer aprender a resistir às tentações”. O vídeo do movimento no Youtube já tem mais de 1,3 milhão de visualizações. O pecado solitário também é sumariamente condenado.

* * *

A segunda reportagem, assinada por Leonardo Vieira, diz respeito a um assunto inteiramente diferente, ao menos na aparência. Fala da grande procura por missas tradicionais, de rito tridentino, entre os fiéis: “Missas em latim, o padre voltado para o altar, rito antigo, mulheres com véu na cabeça, canto gregoriano”.

Missas tridentinas se espalham pelo Brasil, numa ressurreição de formas litúrgicas antigas que atrai incontáveis jovens fiéis. O termo Juventutem, aliás, designa um movimento de volta às tradições católicas liderado por pessoas de 16 a 34 anos”.

Conta o engenheiro Felipe Alves, 25: “Descobri a missa há uns anos, é um tesouro. Está claro que tem algo de sagrado aqui. É possível perceber tanto com os ouvidos quanto com os olhos”.

A reportagem explica que “foram séculos assim, até que o Concílio Vaticano II, na década de 1960, introduziu inúmeras mudanças, o uso da língua local e o padre de frente para os fiéis entre elas. Mas o século XXI vive uma intrigante retomada de tradições conservadoras na Igreja […] Amparadas pelos jovens católicos conservadores, as missas tridentinas crescem país afora. Em 2007, uma organização independente contabilizou 20 dessas celebrações no território nacional. Agora, cerca de cem ocorrem com regularidade”.

Diz o adolescente Eduardo Salomão, 15: “Claramente prefiro a tridentina. Já cheguei a ser tachado de maluco. O rito contemporâneo não é para mim. No antigo, a meditação, o silêncio e a beleza encantam”.

Bárbara Soares, 20, descobriu o rito pela internet. Ela ficou tão encantada com as primeiras celebrações que “não parou mais de frequentar as missas”.

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Jovens

O que têm em comum esses dois movimentos de jovens, tão opostos ao que se poderia esperar neste mundo em que vivemos? Propaga-se que ser “moderno” e “prá frente” é entregar-se a todo tipo de desregramentos e a pôr em realce celebrações sem mistérios, que sejam mais um encontro da comunidade do que um culto divino!

Que traço une os movimentos pela virgindade e pela Missa tridentina? Haverá uma origem comum? Qual seria ela? Uma ação do Divino Espírito Santo, a rogos de Maria, preparando as almas abertas à sua inspiração para um futuro totalmente diferente do atual? Futuro que São Luís Grignion de Montfort chamou “Reino de Maria” e que Nossa Senhora anunciou em Fátima como sendo o triunfo de seu Imaculado Coração, que se daria depois de terríveis convulsões?

Referi esses fatos e reflexões a um velho conhecido com quem me encontrei casualmente na rua. De barba branca e um tanto alquebrado pela idade, levava debaixo do braço um jornal amarrotado. Quando jovem, ele se entusiasmara com as perspectivas abertas pelo Concílio Vaticano II e, esquerdista da gema que era, entrara no foguete do otimismo que o levou até os céus da utopia, certo de que a adorada modernidade conduziria a uma reconciliação de toda a humanidade, que não haveria mais lutas nem disputas, fossem elas ideológicas, religiosas ou quaisquer outras. Liberdade para tudo e para todos, um supra ecumenismo mundial regado a festança e sem a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Para ele, as mencionadas reportagens não constituíam novidade, pois já as conhecia. Fitou-me com um olhar entre desolado e frustrado, nada comentando. Depois, num gesto brusco, colocou o jornal amarrotado em minhas mãos, virou as costas e afastou-se.

* * *

Entre estupefato e curioso, folheei o jornal, depois de desamassá-lo. Eram umas poucas páginas da edição de 4 de agosto da “Folha de S. Paulo”. Nela, chamou-me logo a atenção uma crônica do conhecido jornalista Ruy Castro, comentando exatamente as duas reportagens a que acabo de me referir. Como o autor analisa os fatos de um ângulo muito diferente daquele que aqui adotamos, pareceu-me que o leitor gostaria de conhecer essa crônica, a fim de montar uma visão de conjunto. Não podendo transcrevê-la na íntegra, escolho alguns trechos significativos.

“Acabo de saber que surgiu no Brasil um movimento chamado ‘Eu Escolhi Esperar’, composto de rapazes e moças que escolheram esperar pelo casamento para fazer sexo. Contando seu público na internet, eles já seriam dois milhões de não praticantes — de 18 a 30 anos.

“Outra notícia surpreendente, esta referente aos católicos, é a volta da missa em latim, com o padre de costas para os fiéis, as mulheres de véu, os homens de terno escuro e uma liturgia perdida desde 1962, quando o Papa João 23 instituiu a missa com o padre de frente e falando na língua local. A missa à antiga já é uma realidade em muitas igrejas do país.

“Ouço falar também da volta das festas de formatura, dos bailes de debutantes, dos concursos de misses, e me pergunto: a continuar assim, onde vamos parar? Se a virgindade e a missa em latim estão de novo na praça, logo teremos a volta do vestido saco, das saias com anáguas.

“Pelo visto, nós, os garotos de 1968, que pensávamos ter derrubado essas instituições, derramamos o nosso sangue e suor [..] em vão”.

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Autor

Gregorio Vivanco Lopes

Gregorio Vivanco Lopes

173 artigos

Advogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".

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