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Plinio Corrêa de Oliveira
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Não estamos em 1823… — Balanço da Safra Agrícola


Lady Maria Dundas Graham Callcott (1785 – 1842), conhecida como Maria Graham, retratada por August Callcott

A Sra. Maria Graham [foto ao lado] gostava de viajar por países exóticos. Foi o que motivou essa dama inglesa a visitar o Brasil em 1823, pouco depois de Dom Pedro I proclamar a Independência. Além de muito fina e distinta, era também muito inteligente, segundo opinião do próprio Imperador.

Emsuas memórias, registradas no livro “Journal of the voyage to Brasil”,ela relata que ao desembarcar no porto do Rio de Janeiro, “ficou muito admirada ao verque o povo não andava nu”. Ao que, o secretário de Dom Pedro, gracejando,comentou: “Ela pensava que aqui todos éramos bugres de tanga e penas…”.

Recebidapela alta aristocracia do Rio, ela pôde visitar inúmeros lugares e ficouencantada. Foi tal a sua impressão, que voltou por uma segunda vez no anoseguinte (1824), tendo assistido à abertura da Assembleia Constituinte, da qualresultou a melhor Carta jamais havida no Brasil, sobretudo se comparada àverdadeira colcha de retalhos votada em 1988, que além de não representar osanseios do povo brasileiro, tornou-se velha e decrépita em tão pouco tempo.

Seviva estivesse e voltasse hoje ao Brasil, outra surpresa com a qual Sra. Grahamse depararia seria constatar que, apesar da nossa péssima Constituição, e de seusincondicionais defensores no Legislativo e no Judiciário, o Brasil se alçou àcondição de sexta potência mundial, ultrapassando a própria Inglaterra. E isso graçasao agronegócio!

Trabalhando dignamente de sol-a-sol, com alta tecnologia, nos tornamos o segundo país em número de drones utilizados na agropecuária, e dispomos da segunda maior frota de aviões… agrícolas. Portanto, altíssima tecnologia para alimentar um bilhão e quinhentos milhões de pessoas mundo afora.

Domesmo povo, quando necessário, que não foge à luta, e sabe combater rijamente osrevolucionários semeadores do caos e da desordem, a ilustre visitante poderia parafrasearo que se dizia outrora da Áustria, cuja influência mundial se fazia pelocasamento de suas Arquiduquesas: “Enquantooutros povos fazem guerra, tu, feliz Brasil, plantas!”.

Aindahá pouco, nos quatro cantos da Terra, num estrondo publicitário universal contrao Brasil, só se falava em internacionalização da Amazônia, nas queimadas que adevastavam, no genocídio de brasileiros indígenas — quase tudo fake news, ora disseminadas comendocaviar, ora camembert regado por Romanée-Conti, ora sorvendo o uísquedos capitalistas ingleses.

Conversandorecentemente com o prefeito de uma das cidades mais emblemáticas de Portugal, comenteique por ocasião dos incêndios que destruíram suas florestas milenares,inclusive matando muita gente de seu país, o mundo inteiro acorreu para ajudá-loa debelar o fogo. O mesmo aconteceu com incêndios na Grécia, na Sibéria, naAustrália e nos Estados Unidos.

Aquino Brasil, pelo contrário, segundo notícias veiculadas pela grande imprensa, ONGsajudaram a atear o fogo! Não adianta ficar com ‘achismos’ sobre a Amazônia. Épreciso conhecê-la.

Onosso maior especialista em clima, Prof. José Luís Molion [foto ao lado], falando recentemente em Roma por ocasião do Sínododos Bispos, afirmou que “se na Amazônia chove, não é porque tem floresta,mas se existe floresta é porque chove!” Para o estudioso, entram acada segundo na Amazônia 200 milhões de metros cúbicos de água vaporizada,vindas do Oceano Atlântico.

Ocientista W. James costumava dizer que a ciência é antes de tudo um espíritosem prevenções, e supor que ela seja uma espécie de fé que se deve abraçar éenganar-se completamente sobre a natureza e rebaixar os sábios ao nível dossectários. Muito bom recado para os ongueiros e afins no Brasil e alhures.

Nossosprodutores rurais estavam lutando durante o ano todo para produzir e aliviar asnecessidades alimentares do mundo, inclusive daqueles que nos atacam com ódiosectário. Apesar de alguns percalços com secas e às vezes excesso de chuvas,conseguimos bater o recorde de 240 milhões de toneladas de grãos, queredundaram em mais de 100 bilhões de dólares de exportação de produtos doagronegócio.

Osprodutores brasileiros estão alimentando inclusive a China com grandequantidade de carne bovina, porque o povo chinês não tem proteínas suficientespara trabalhar como escravo no capitalismo estatal lá implantado, devido à pestesuína que está dizimando os criatórios deles.

Istoem detrimento do povo brasileiro, que está pagando mais caro pela carne bovina.Entretanto, é preciso deixar claro que há mais de cinco anos a arroba do boinão era reajustada, e muitos criadores acabavam fechando as contas no vermelho.Ou ainda eram abatidas novilhas, causando uma transitória escassez de carne nomercado, que de acordo com todos os analistas é apenas sazonal.

Porsua vez, a produção de etanol extraído da cana-de-açúcar foi muito boa, e oBrasil está conseguindo vender combustível barato à sua população, diminuindodrasticamente a emissão de metais pesados na atmosfera, provenientes decombustíveis fósseis.

Enquantoisso, na Índia, nos 200 quilômetros do entorno de Nova Delhi, a poluição aumentou22 vezes em relação ao ano passado, fazendo com que o governo tivesse quedistribuir mais de sete milhões de máscaras antigás à população, pois em umúnico dia entrava nos pulmões dos habitantes a fumaça equivalente a 40cigarros.

Prezadoleitor, por acaso você viu algum protesto de ONGs ambientalistas e do Sínododos Bispos contra isso? Por que apenas o Brasil seria o culpado por todos osmales existentes no mundo?

Porventuraprestaram atenção a Sra. Merkel, o Sr. Macron e os desavisados bispos presentesno Sínodo da Amazônia, que de dentro de suas salas confortáveis querem impor avida tribal aos habitantes da Amazônia, coisa que nem os índios e os outros 20milhões de amazônicos querem?

Estão tentando substituir a fracassada ditadura do proletariado pela ditadura das ONGs, da ONU e do Episcopado. Nossas almas católicas repudiam isso! Recorro aqui às palavras de Plinio Corrêa de Oliveira, contidas no seu histórico manifesto de resistência à política de distensão do Vaticano com os regimes comunistas: “Mandai-nos o que quiserdes. Só não mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho [provisoriamente pintado de verde] que investe. A isto nossa consciência se opõe”.

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Helio Brambilla

Helio Brambilla

38 artigos

Diretor de Paz no Campo e colaborador do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. É autor de diversos artigos sobre a questão agrária, quilombola e propriedade privada no Brasil.

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